ossǝʌɐ op: É UM ESPAÇO PARA EU ESCREVER SOBRE O QUE GOSTO E NÃO-GOSTO: FILMES, DISCOS, LIVROS, FOTOGRAFIAS, TV, OUTROS BLOGUES, PESSOAS, ASSUNTOS VARIADOS. NENHUM COMPROMISSO QUE NÃO SEJA O PRAZER. FIQUEM À VONTADE PARA CONCORDAR OU DISCORDAR (SEMPRE COM RESPEITO E COM ASSINATURA), SUGERIR OU OPINAR. A CASA É MINHA, MAS O ESPAÇO É PARA TODOS.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Vestibular dos povos indígenas
Participei do XVI Vestibular dos povos indígenas, organizado, este ano, pela Unioeste. Fiz parte da banca de prova oral e, assim, tive a oportunidade de poder ouvir os indígenas falando sobre si, sobre o não-índio, sobre algumas das suas impressões sobre o mundo, sobre o seu futuro e sobre a sua cultura, língua e etnia.
Fiquei muitas vezes emocionado com a fala ou com o silêncio dos indígenas durante a prova oral. A maioria deles, depois de assistirem ao vídeo sobre os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas para que as questões pudessem ser feitas, falava sobre esse lugar de invisibilidade que o índio se encontra, falava tb do pouco incentivo dos governos para com a língua, a cultura, o futuro dos indígenas.
Quase todos disseram que estavam ali para sair de uma situação quase que caótica em que as novas gerações se encontravam: aquele sem perspectiva alguma.
Todos (por volta de 650 indígenas) estavam ali para tentar uma das 6 vagas oferecidas pelas Universidade públicas estaduais do Paraná e tinham consciência de que esse número é muito pouco em relação à demanda que ali se encontrava.
Alguns falaram com muita tristeza sobre a forma como os não-índios os viam: desprezo, principalmente.
Falaram tb das expectativas de entrar num curso superior e poder contribuir de alguma forma com a sua comunidade, aldeia, como um profissional ou da educação (quase a maioria) e da saúde ( alguns poucos).
Foi uma experiência muito grande poder ouvir os indígenas falando sobre si e não mais sendo falado pelo não-índio. Claro que havia em certos momentos um discurso pronto sobre o não-índio e sobre o seu lugar na sociedade: o da preservação da sua cultura.
Houve tb momentos de surpresa: uma mãe que estava ali prestando o vestibular para estimular os seus filhos. Ela nos disse que sentia muito pela falta de oportunidade que dispunham seus filhos: sem trabalho, sem educação, ou seja, muito pouco para eles sentirem orgulho de serem descendentes de "índios puros" (expressão repetida mil vezes, quase que uma vez a cada entrevista).
Alguns nos disseram que os não-índios duvidavam de sua ancestralidade porque eles não falavam mais a língua de seus avós, ou a língua de seus pais. Uma indígena me disse que toda vez que ouvia isso respondia que se fosse assim, os não-índios tb não eram mais aquilo que diziam ser uma vez que tb não falam mais a língua de seus avós.
Todos estavam ali porque acreditavam num futuro diferente. E nós tb.
sábado, 8 de outubro de 2016
Congelando-me
Se eu pudesse, mas não posso, voltava até recomeçar do zero. Voltava, voltando, ficava um pouco assim
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
sábado, 1 de outubro de 2016
Livro (novo) quase pronto
Em 2006, eu concluí o meu doutorado na Universidade Federal Fluminense, sob a supervisão da professora Bethania Mariani. Foi um acontecimento na minha vida (pessoal e acadêmica). Aprendi muito nos 4 anos de doutoramento. Não foi fácil. Nunca é, acho. Nem o processo de seleção, nem os anos de leitura e escrita e muito menos a defesa diante de uma banca de 5 professores. Mas, como tudo, as dificuldades tb passam.
Sempre quis publicar a tese, mas faltou oportunidade. Bem, dez anos e alguns livros depois a oportunidade surge em forma de e-book.
Fiz a apresentação do livro, reorganizei algumas questões e o livro está quase pronto. Falta apenas a ficha catalográfica com os dados para finalizar a publicação.
Apresentação:
Poderia parecer que este texto, produzido em 2006, pudesse estar
desatualizado em relação ao tema aqui proposto. É verdade que muitos
deslocamentos foram produzidos na mídia sobre os homossexuais e, sobretudo, nas
ciências em relação à AIDS e suas formas de contaminação, de circulação do
vírus HIV, das formas de tratamento e, portanto, daqueles sentidos que na
década de 1980/1990 (nas mídias, em geral) relacionavam o homossexual masculino
a um portador em potencial do vírus.
No entanto, é importante perceber que mesmo depois de diversos
deslocamentos, circulam, em pleno século XXI, discursos sobre “a promiscuidade
dos homossexuais”, sobre a sua “duvidosa capacidade de amar alguém do mesmo
sexo”, sobre a sua sexualidade ”anormal”, circulam também discursos que o
aproximam da pedofilia, do pecado e circulam ainda aqueles discursos sobre a
homossexualidade ser passível de cura.
E este texto, finalizado em 2006, sobre a década de 1980/1990, é muito
atual na medida em que nos possibilita compreender como e por que aqueles velhos/atuais
sentidos ainda produzem efeitos nos anos 10 do século XXI em se tratando da homossexualidade.
Os discursos sempre partem de um já-dito, de uma memória que, às vezes “esquecida”,
continua reproduzindo dizeres.
No século XXI, como eu sinalizei, os homossexuais, na mídia, ocupam
espaços nunca antes possíveis para estes sujeitos, mas aqueles velhos discursos
da doença, do pecado e da anormalidade não aparecem em um espaço menor nesses
mesmos meios de comunicação. Há, certamente, uma resistência imediata dos
grupos de defesa dos direitos LGBTTT[1]s
quando esses sentidos invadem a mídia, mas os homossexuais continuam sem o
direito de simplesmente não serem objetos das especulações alheias.
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