Dia desses ao convidar um amigo em potencial para tomar uma cerveja e me oferecer para pagá-la, já que ele havia me sinalizado estar sem grana, ouvi como resposta a seguinte frase: "Você não está me dando uma cantada não, né?" Depois do primeiro impacto dessa resposta, devolvi afirmando/perguntando se aquele comportamento não traduzia um certo, para ser educado, narcisismo da parte dele. E aí ouvi, prontamente, um outra afirmação que dizia "não acreditar numa amizade sem interesse". Não tive mais o que dizer diante desse retorno, mas fiquei, como sempre, pensando a respeito dessa conversa.
Não sei mais se a primeira frase traduz um narcismo extremo ou se ela aponta para uma inferioridade imensurável. E acho que esta primeira resposta se cola à segunda, porque, apesar de achar que a amizade também é interesse, não consigo compreender que passe primeiramente pela cabeça de alguém que ele, o interesse, tenha, necessariamente, que ser sexual. O que produz como efeito de sentido (emprestando da análise de discurso francesa) um querer dizer que "para oferecer ao outro só se tenha o próprio sexo".
Venho de uma cidade, Rio de Janeiro, onde homens podem pagar cerveja, jantar, almoço, cinema, café para uma outra pessoa (homem/mulher) sem que isso queira dizer interesse sexual apenas (ou necessariamente), mas um outro tipo de aproximação, o da companhia para um papo, uma conversa descontraída, uma noite divertida e agradável. E aí fiquei achando que em cidades menores, como em Cascavel, por exemplo, a amizade não pode se iniciar dessa maneira. Os rituais são outros, e tenho, portanto, que me aculturar.
Venho de uma cidade, Rio de Janeiro, onde homens podem pagar cerveja, jantar, almoço, cinema, café para uma outra pessoa (homem/mulher) sem que isso queira dizer interesse sexual apenas (ou necessariamente), mas um outro tipo de aproximação, o da companhia para um papo, uma conversa descontraída, uma noite divertida e agradável. E aí fiquei achando que em cidades menores, como em Cascavel, por exemplo, a amizade não pode se iniciar dessa maneira. Os rituais são outros, e tenho, portanto, que me aculturar.
Adorei seu texto Ale... E concordo com você a cultura e os padrões que regem a vida da grande maioria das pessoas que vivem nas pequenas cidades é algo risivel, embora eu acredite que aos poucos esse comportamento mudará, na medida que as pessoas elevem seu nivel educacional e cultural. Um abraço e parabéns pelo Blog
ResponderExcluirbobagem. eu e alguns amigos temos um lema: quem convida pra tomar a cerveja paga a conta. claro, no final a gente acaba rachando, sou do pr e acho q o problema é com o teu amigo e nao com a cultura.
ResponderExcluirPode até ser, mas é como eu disse esse estigma está se acabando, no entanto, muitos ainda, principalmente se for do sexo oposto ou não ainda tendem a levar pro outro lado. As vezes acabam dando uma desculpa esfarrapada ou algo semelhante. Vai me dizer que isso nunca lhe aconteceu?. Talvez até havia um interesse ...
ResponderExcluirO maior problema, (incluindo aqui as cidades ainda menores que Cascavel) é quando se aceita um convite desses, acreditando numa possível amizade, e o outro acha que, por aceitar, tenha demonstrado interesse (sexual) e confunde tudo... Mas, concordo que o problema possa ser apenas com algumas pessoas...
ResponderExcluirAndréia, como tudo na vida tem dois lados...concordo que a possibilidade dessa compreensão esteja na ordem do dia dos convites: convida-se sem "nenhum interesse", mas o aceito "significa" um "sim" para todos os outros não feitos. Por isso, acredito que dizer tudo (se é que isso poderia acontecer) ou deixar o mais claro possível as intenções seja o mais correto.
ResponderExcluirObrigado por postar um comentário.
Lendo seu post me lembrei da letra de 'A luz de Tieta'. Não sei se recorrente mas...
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