Rapaz sofre fraturas no rosto ao ser espancado na Rua Augusta, em SP
Ele acredita que foi confundido com gay por agressores.
Irmão e um amigo dele, que é gay, também foram agredidos no sábado. (Foto: Marcelo Mora/G1)
Um jovem de 21 anos sofreu três fraturas em ossos da face e ficou com
um coágulo no cérebro ao ser agredido por um grupo de ao menos dez
pessoas na manhã de sábado (19), em frente a um bar localizado na
esquina das ruas Augusta e Fernando de Albuquerque, na Consolação,
região central de São Paulo. O irmão dele, de 24 anos, e um amigo de 24
anos que afirma ser gay, também foram agredidos pelo grupo, segundo
ocorrência registrada na polícia.
As vítimas conversaram com a equipe de reportagem do G1 sob
a condição de que não tivessem os nomes divulgados. A agressão ocorreu
quando o trio deixou uma casa noturna próxima à Praça Roosevelt e se
dirigia à residência do jornalista, que mora em um apartamento na
Avenida Nove de Julho.
Para o amigo de 24 anos, tratou-se de um ataque homofóbico, versão que
deverá sustentar quando prestar depoimento à polícia. Ele diz que em
momento algum o grupo recorreu a palavras homofóbicas ou a xingamentos
durante o ataque ao trio.
Mas afirma que estava com uma roupa justa e foi visto dando um abraço
em um dos amigos, fatos que, na sua visão, poderiam ser interpretados
como sinal de sua sexualidade. Também diz que os agressores repetiam a
frase "Vocês vão morrer"."Um deles chegou a pegar uma pedra enorme para
jogar na cabeça do meu amigo que já estava no chão desmaiado", disse.
A ocorrência da agressão foi registrada no 4º Distrito Policial, da
Consolação, como lesão corporal. Por enquanto, nenhum dos três agredidos
prestou depoimento, o que deverá acontecer nos próximos dias.
Segundo a polícia, após os depoimentos, será analisado se o caso tem conotação homofóbica.
A agressão
Segundo o amigo dos irmãos, ao entrar no
bar na Rua Augusta, ele estava abraçado ao jovem de 21 anos que
posteriormente foi agredido. "Estávamos abraçados como costumamos fazer
algumas vezes quando conversamos. Inclusive ele estava triste porque
havia reencontrado uma ex-namorada. Com certeza, eles acharam que nós
éramos gays. O meu amigo não é gay; eu sou. Namoro com o irmão deles há
quatro anos", contou.
Ele diz que, quando os três entraram no bar, um dos agressores ficou
encarando de forma sistemática o amigo dele, que permaneceu do lado de
fora, enquanto os outros dois foram ao banheiro. O jovem de 21 anos que
apanhou questionou por que o outro estava olhando para ele e, depois
disso, foi agredido com um soco no rosto e partiu para o revide.
Outros jovens que acompanhavam o primeiro agressor entraram na briga e
passaram a espancar o rapaz. O irmão dele levou uma garrafada no braço
esquerdo e também foi agredido com socos e pontapés.
Após cessar as agressões, o trio se dirigiu a outro bar, nas
proximidades. Eles entraram no banheiro para limpar o sangue dos
ferimentos. Ao saírem, mais uma vez foram atacados, desta vez por dois
agressores. "Quando estendi o braço para chamar um táxi, um cara me deu
um murro na cabeça e me agarrou pelo pescoço. Depois, ele meu deu uma
cadeirada. Sofri cortes dentro da boca e fiquei com o joelho machucado",
contou o amigo de 24 anos.
Irmão da vítima teve cortes no braço após garrafada (Foto: Marcelo Mora/G1)
O rapaz de 21 anos também foi agredido na cabeça logo após deixar o a
bar e desmaiou. Em seguida, passou a receber chutes no rosto dos
agressores. O irmão tentou proteger a vítima e também levou pontapés. O
jovem permaneceu desmaiado na rua e foi levado por policiais militares
para a Santa Casa de Misericórdia, em Santa Cecília, na região central.
Depois de receber os primeiros socorros, ele foi transferido na noite
de sábado para um hospital do Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo, onde
permanecia internado em observação na tarde de segunda-feira (21). Ele
deverá ser submetido a pelo menos três cirurgias na face devido às
fraturas em ossos da bochecha, nariz e maxilar. Ao G1, o
jovem disse que não se lembra de quase nada da agressão. “Depois que
tomei a pancada na cabeça não vi mais nada. Quando acordei, horas mais
tarde, já estava no hospital e a cabeça ainda rodando”, relatou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário