Conheci a Rainha do Chorinho através da minha mãe. Não conheci, conhecendo assim de falar, ver, conversar, mas de ouvir as músicas em casa.
Minha mãe cantava, principalmente, os chorinhos Brasileirinho e Galo Garnizé para fazer graça. Quem não sabe, esses Chorinhos se cantam de forma bem acelerada. E, é claro, enquanto se acelara mais a cantoria mais difícil é para conseguir cantar a letra da música sem se atrapalhar. Ademilde Fonseca fazia isso como ninguém: ela tinha como marca registrada a destreza com que cantava versos enormes em velocidade inacreditável.
Não há como não transferir para a cantora o carinho que minha mãe tinha por ela. Eu acompanhei a sua carreira de alguma forma, meio de longe porque não tenho nenhum disco (vinil) ou CD gravado por ela.
Aos 91 anos ela ainda fazia shows pelo Brasil. Em tempos de celebridades relâmpagos, famas de 15 minutos, Ademilde Fonseca se manteve firme e forte na música e nos palcos por mais de 70 anos. Mais do que a expectativa de vida da maior parte dos brasileiros.
Deixa saudades.
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