quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Uma parada para um pequeno texto

Estou por aqui, em casa, me organizando para me mudar de endereço. Me mudo na próxima semana para o apartamento novo. Novo apenas no sentido de "outro". Ele, ao contrário disso, é um apartamento bem antigo: prédio sem elevador, 3º andar, muitas escadas para subir e descer. Estou, é claro, cheio de expectativas para quando eu estiver por lá. Não vejo a hora da casa nova ficar do jeito que eu gostaria que ficasse. Mas não é bem sobre isso que queria escrever.
Como eu disse, estou me organizando para a mudança. Isso quer dizer que ando encaixotando os livros, os CDs, os DVDs, primeiramente. E aí, encontrei um livro de tarô que pertencia a minha mãe (o livro e as cartas do Tarô mitológico). Parei, é claro, o que eu estava fazendo para folhear o livro e encontro em diversas páginas anotações dela sobre as leituras propostas para as cartas, presentes no livro.
Minha mãe tinha uma letra linda. Letra de professora primária. Letra de quem alfabetiza. 
Em uma das páginas estava sobrescrito na página da CARTA DA SACERDOTISA: "sonhos - o elo que se chega ao inconsciente;" Na página seguinte: "O inconsciente: potenciais a serem desenvolvidos; diante de nós que conhece o segredo do mundo interior"; No pé da página: "intuições".
Sempre que eu pedia ela jogava tarô pra mim. É claro que tudo sempre era muito bom. Sempre eu ia ganhar algum dinheiro, encontrar algum amor, ter sorte no trabalho, ter uma vida longa, viajar (naquela época eu devia adorar viajar), ter saúde, muitos amigos por perto. Bem, algumas dessas previsões aconteceram sim. Vai ver que As cartas não mentem!
Bateu aquela saudade. Mas não saudade de tristeza. Apenas a saudade de estar perto. Saudades de ouvir a voz. Saudades de poder ligar para contar as novidades: foram tantas depois que ela morreu. Vai ver que ela, assim como as cartas, sabe de tudo. 

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