quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O menino da sua mãe

Tão jovem! que jovem era! 
(Agora que idade tem?) 
Filho único, a mãe lhe dera 
Um nome e o mantivera: 
«O menino da sua mãe». 
(Fernando Pessoa - O menino da sua mãe)

Há exatos sete anos, eu me despedia da minha mãe. Todos os dias, sem exceção, sem uma falha, sem falta, bate essa ausência: seja em forma de tristeza seja relembrando, de maneira alegre, os nossos dias juntos. 
Ontem, por exemplo, foi difícil segurar o choro, ao me lembrar da ligação tensa do meu padrasto pedindo que eu fosse pro Rio o mais rápido possível porque a minha mãe não estava bem.
A gente sabe, porque a gente sabe, porque a gente espera, porque tudo indica o que seja uma ligação como essa.
Nunca voar para o Rio foi tão distante. Nunca foi tão triste chegar e, mesmo que lá no fundo eu soubesse da notícia, ouvir que ela havia morrido. Fiquei num vácuo-silencioso pensando como seria agora estar sozinho sem qualquer ligação.
O tempo cura, de alguma forma, tudo. Sei lá. A gente aprende a viver sem. A gente aprende a se virar de outro jeito quando o jeito só pode ser esse. Sem alternativa, a gente encontra a alternativa que resta.
A saudade não passa nunca, mas vai suavizando porque não é mais novidade.

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