sábado, 19 de outubro de 2024

O desejo e a vontade

Às vezes, eu preciso estar no fundo do fundo do fundo do poço para pensar em como sair desse buraco. Ontem me senti nesse fundo de uma forma tão profunda. Fazia tempo que eu não me sentia assim. Chorei tanto a ponto de achar que não ia conseguir parar. Chorar é para mim, assim como escrever, uma maneira de exorcizar aquilo que estou sentindo.

Esses últimos meses não têm sido fáceis. Sei que vou sair dessa. Estou trabalhando para isso/nisso. Acontece que o tempo da vontade não é o tempo do desejo. Há uma tensão entre eles: este está ligado ao inconsciente e aquele ao consciente. O desejo, para Freud, é uma força mais primitiva, enquanto a vontade é o esforço de controlar ou orientar esses desejos em direção a um comportamento mais socialmente aceitável ou racional.

O desejo está relacionado ao princípio do prazer, ou seja, à busca da satisfação imediata dos impulsos, independentemente das consequências. No entanto, à medida que o sujeito cresce, ele é forçado a lidar com o princípio da realidade, que impõe restrições e limitações ao que pode ser feito ou desejado. A vontade, nesse contexto, surge como a tentativa consciente de controlar ou canalizar os desejos inconscientes de maneira que seja aceitável na vida social e racional.

A vontade pode ser vista como uma tentativa do ego de domar ou sublimar os desejos inconscientes, direcionando a energia psíquica (libido) para objetivos mais aceitáveis, como o trabalho, a arte ou relações sociais. Esse processo de sublimação é essencial para o desenvolvimento saudável da psique, pois ajuda a reconciliar os desejos inconscientes com a realidade social e cultural.




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