O bolsonarista, enquanto figura construída discursivamente, carrega uma marca que se apresenta como um tipo social. Ele é frequentemente descrito como um homem de meia idade, branco, com o rosto marcado pelo tempo. Mas essas características não são apenas biológicas: elas se tornam símbolos de uma posição ideológica. Seu semblante carrega a agressividade de um discurso que clama por ordem, autoridade e controle (seja lá o que isso signifique em sua cabeça). Ele é o retrato de uma parcela da sociedade que sente que perdeu privilégios ou que está em luta constante para mantê-los.
Esse rosto, entretanto, é uma expressão coletiva, uma máscara moldada por um discurso golpista, armamentista e autoritário. Ele é atravessado por narrativas que glorificam a violência como solução e demonizam a diferença como ameaça. O bolsonarista é o sujeito que se interpela pela promessa de um retorno a uma suposta “grandeza nacional”, onde hierarquias rígidas e valores conservadores (até a meia noite) seriam restaurados. Sua agressividade não é apenas um traço, mas uma performance ideológica: ele atua como defensor de um mundo que julga estar desmoronando.
Mas é importante lembrar que, como toda construção discursiva, essa figura não é imutável. Ela é sustentada por um contexto histórico, por condições sociais e por uma constante retroalimentação de discursos ideológicos. O “bolsonarista” como tipo social é uma metáfora poderosa, mas também perigosa, pois reduz a complexidade do sujeito a uma formação imaginária. Compreendê-lo em sua multiplicidade é um desafio necessário para desarmar as armadilhas do discurso que sustenta essa identidade.
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