Essa sensação me remete a tempos passados, a momentos em que me sentia exposto, observado, vulnerável. Na escola, por exemplo, havia situações em que o simples ato de responder uma pergunta diante da turma se transformava em um campo minado de possíveis falhas. O que antes era apenas uma fantasia da incompetência, hoje retorna como uma força real, materializando-se em dificuldades que poderiam ser vencidas, mas que se tornam gigantescas dentro da minha cabeça. Carrego essa dor antiga como uma cicatriz invisível, uma marca que se reabre sempre que me coloco à prova.
Sei que não encarar um problema é ceder ao lobo, permitir que ele se fortaleça às minhas custas. Ele se alimenta do medo que construo, cresce quando me retraio e se torna mais robusto toda vez que evito um desafio. A pressão que coloco sobre mim mesmo é absurda, mas é também um mecanismo que me faz perceber que a única forma de enfraquecer esse lobo é enfrentá-lo. Olhar nos olhos do medo, reconhecê-lo e, ainda assim, dar o primeiro passo. Afinal, ignorá-lo não o faz desaparecer—pelo contrário, o transforma em algo cada vez mais voraz.
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