Vivemos como se houvesse sempre depois: depois a gente se fala, depois a gente combina, depois a gente toma aquele café, ouvia de novo aquela canção. Mas o "depois" é um terreno que nunca se firma, é promessa que não se cumpre. O tempo não avisa, não pede licença: ele simplesmente escorre. E quando a gente se dá conta, o que era presença virou memória, o que era possibilidade virou silêncio.
Talvez a vida seja, justamente, esse convite para habitar o agora com mais atenção, com mais corpo. Tomar o café sentindo o calor da xícara, ouvir a música como se fosse a última vez, dizer o que precisa ser dito com a urgência de quem sabe que o instante não se repete. Porque ele não se repete. Tudo que temos é agora – e é tão pouco, mas é tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário