quarta-feira, 28 de maio de 2025

O silêncio pode ser tanto um peso quanto um recurso




Hoje, a quarta-feira amanheceu nublada, cinzenta e fria. A luz que atravessa a janela não aquece, não anima, apenas reforça o peso da melancolia que parece se espalhar por aqui. Os minutos avançam devagar, e o tempo lá fora — fechado, opaco, indeciso — encontra eco no que sinto aqui dentro. É um daqueles dias em que a solidão de estar em casa tem um tom mais forte, mas, paradoxalmente, é justamente o que o trabalho precisa agora: silêncio e concentração.

Trabalhar em casa, nisto que agora me ocupa, é necessário. Esse é um tempo de estudo, de leitura, de escrita, e requer um recolhimento que, por mais que traga um certo cansaço, também é produtivo. A música que toca ajuda a preencher um pouco o espaço, a dar ritmo a esse tempo mais lento. E o café, com seu calor discreto, parece ser o único vínculo com alguma sensação de aconchego, uma pausa breve entre os parágrafos, uma presença que acompanha.

Nessas horas, percebo como o silêncio pode ser tanto um peso quanto um recurso. O isolamento que o trabalho impõe, hoje, é uma condição: é na ausência do barulho que o pensamento encontra um caminho, é no frio da manhã que a escrita se insinua, quase tímida, pedindo passagem. E, mesmo com a melancolia que essa quarta-feira traz, há algo que pulsa — um compromisso com o fazer, um desejo de seguir, de construir um sentido no meio da quietude.

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