sábado, 5 de julho de 2025

Cada tarefa que concluo parece dar cria a três outras. Estou vivendo em modo gremlins.


Há quem diga que o trabalho dignifica o homem. Eu, particularmente, desconfio que ele só está tentando me enterrar vivo. Não é exagero: finalizei um relatório e surgiram dois pareceres. Concluí uma aula e já me convocaram para três reuniões. Corrigi uma pilha de provas e ganhei, como prêmio, outra pilha — só que com anotações indecifráveis das/dos discentes que, talvez, tenham escrito em hebraico.

A sensação é de viver num buraco negro de tarefas, uma espécie de Bermuda acadêmica: tudo entra, nada sai. Tentativas de planejamento já não fazem mais sentido — minha agenda parece brincar comigo. Se coloco tempo livre no calendário, ela ri, desloca os compromissos por conta própria e me faz receber três e-mails urgentes com prazos para ontem. Um curso começa, uma disciplina termina, um artigo precisa ser escrito, outro revisado, enquanto a louça da pia observa tudo em silêncio cúmplice.

É um ciclo vicioso, quase místico: quando penso que vai aliviar, o universo responde com um segura essa pauta extra, professor. E eu seguro. Seguro o academus, o TCC, a dúvida existencial do aluno, o formulário da CAPES, os textos da disciplina da pós-graduação e a promessa (não cumprida) de dormir seis horas. Às vezes, olho para o nada e penso: era só isso mesmo que eu queria fazer da vida? E a resposta vem em forma de alerta: Seu prazo expira em 4 horas. Enviar agora?

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Cada tarefa que concluo parece dar cria a três outras. Estou vivendo em modo gremlins.

Há quem diga que o trabalho dignifica o homem. Eu, particularmente, desconfio que ele só está tentando me enterrar vivo. Não é exagero: fin...