segunda-feira, 20 de julho de 2009

Não há poesia no Estruturalismo! (texto)

Sou professor de linguística na graduação do curso de Letras: Estudos linguísticos I. Segunda-feira às 8h, em ponto, começo a aula. Não atraso. Quer dizer, até hoje, não atrasei, mas na próxima segunda, quem sabe? O conteúdo não é dos mais agradáveis, mas eu gosto: dos neogramáticos à sociolinguística, passando aí pelo estruturalismo europeu e americano, além do gerativismo. Penso sempre, quando dessas aulas, o que os alunos vão aproveitar da teoria para entender como o pensamento linguístico se transformou; penso tb o que vão poder usar quando de suas aulas de língua portuguesa ou estrangeira; penso ainda como poderão explicar para um leigo qualquer o que é a linguagem, quando penso as minhas aulas.
Se isso produz algum sentido (?), só o tempo...daqui uns anos quando eu os encontrar (se encontrar) e num bate-papo menos tenso (agora de professor para professor ou de ex-professor para professor) para saber o que aconteceu.
Percebo muitas vezes que falo sozinho, em sala de aula (que fique claro!). Fora da sala, não percebo ou se percebo não conto. Vejo tb caretas quando, por uma distração, me viro sem avisar e encaro alguns deles. É engraçado...
Uns dormem, outros bocejam e uns até prestam atenção e fazem perguntas...i-na-cre-di-tá-vel, diriam outros. A turma é boa, uma das melhores...mas falta poesia...talvez falte humor...

O Homem; As Viagens

O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

SOM & FÚRIA (texto)

A Trama: Dante (Felipe Camargo), Oliveira (Pedro Paulo Rangel) e Elen (Andréa Beltrão) são amigos que formam uma trupe de teatro e que têm suas vidas impactadas quando, durante uma apresentação de “Hamlet”, em que Dante (Felipe Camargo) fazia o protagonista da obra, ele tem um colapso e foge, desaparecendo. Sete anos depois, Dante (Felipe Camargo) torna-se o diretor de uma companhia de teatro falida e Oliveira (Pedro Paulo Rangel) é o diretor de outro grupo bem sucedido, que dirige Elen (Andréa Beltrão). Mas eles estão frustrados e desmotivados com o trabalho. Fora isso tudo, ainda existe uma paixão mal resolvida entre Dante (Felipe Camargo) e Elen (Andréa Beltrão).
Estou encantado com a minissérie. O roteiro, o ritmo, o tom de comédia. Andréia Beltrão é, para mim, uma grande atriz. Capaz de nos emocionar de maneiras diversas. Não vi todos os capítulos, até porque a minha memória é tão confusa que me lembro quando o horário já passou, mas o que vi foi suficiente para gostar demais!

Peixes Pássaros Pessoas (CD)

Quem não gosta de samba ... é ruim da cabeça ou doente do pé, escreveu Dorival Caymmi em 1940. De lá pra cá a frase virou lugar comum e não deixou muita saída para quem não gosta samba, considerado umas das principais manifestações da cultura popular brasileira, símbolo de identidade nacional.
Peixes Pássaros Pessoas (não é somente uma aliteração) é o mais recente CD da sambista-pop Mariana Aydar cuja trajetória musical teve início em 2000. Em setembro de 2006 lançou seu primeiro trabalho Kavita 1, emplacando o pop-bossa-nova "Deixa o verão" nas rádios, em trilha sonora, nos nossos ouvidos.
Nesse novo trabalho o samba aparece quase que em todas as faixas. O repertório é inédito, as letras interessantes e o ritmo muito conhecido. Gostei na primeira audição, mas tenho que assumir que algumas músicas vão colando nos ouvidos a cada vez que o CD toca.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Homossexualidade tem cura?! (texto)

Psicóloga evangélica anda afirmando por aí, matéria publicada dia 14, na Folha de São Paulo (reportagem completa abaixo), que homossexualidade é uma doença e que, portanto, pode curar os homossexuais. Além disso, na entrevista concedida pela profissional, ela faz uma relação direta entre pedofilia e homossexualidade, de forma que a sociedade se sinta ameaçada em relação aos homossexuais e seu estilo de vida.
Segundo a própria psicóloga existe uma espécie de acordo social para que a homossexualidade se estabeleça impositivamente em nosso meio. Ela afirma ter "curado" por volta de 200 homossexuais através de sua terapia. Além disso, afirma que a maioria dos homossexuais foi abusado sexualmente na infância e que isso teria levado à prática homossexual.
Por essa prática ela corre o risco de ser cassada no próximo dia 31 pelo Conselho Federal de Psicologia que entende que a homossexualidade não pode ser curada já que não se trata de doença.
Abaixo na íntegra o texto publicado pela Folha de São Paulo. Acho que vale à pena ler, apesar de longo, para compreender os argumentos da psicóloga em relação à homossexualidade.

"Homossexualidade é uma doença", afirma psicóloca à Folha de São Paulo

Psicóloga que realiza 'tratamento' para homossexualidade pode ter registro profissional cassado, informa Folha de S.Paulo -14/07/2009 - 09h45-

O Conselho Federal de Psicologia vai decidir se cassa o registro profissional de Rozângela Alves Justino, que encara a homossexualidade como doença e oferece terapia para que gays e lésbicas ‘sejam curados’.

Diversas resoluções na área da saúde proíbem essa abordagem.

Veja mais informações na matéria da Folha de S.Paulo. ’

Psicóloga que diz "curar" gay vai a julgamento em conselho’

Conselho Federal de Psicologia decide no dia 31 se cassa licença de Rozângela Alves Justino.

Resolução veta tratar questão como doença e recrimina indicação de tratamento; se o registro for perdido, será a 1ª condenação do tipo no país .

O Conselho Federal de Psicologia julga, no fim deste mês, a cassação do registro profissional de Rozângela Alves Justino por oferecer terapia para que gays e lésbicas deixem a homossexualidade. Se perder a licença, será a primeira condenação desse tipo no Brasil. Resolução do próprio conselho proíbe há dez anos os psicólogos de lidarem a homossexualidade como doença e recrimina a indicação de qualquer tipo de "tratamento" ou "cura".

Rozângela, que afirma ter "atendido e curado centenas" de pacientes gays em 21 anos, diz ver a homossexualidade como "doença" e que algumas pessoas têm atração pelo mesmo sexo "porque foram abusadas na infância e na adolescência e sentiram prazer nisso".

Numa consulta em que a reportagem, incógnita, se passava por paciente, Rozângela, que se diz evangélica, recomenda orientação religiosa na igreja.

"Tenho minha experiência religiosa que eu não nego. Tudo que faço fora do consultório é permeado pelo religioso. Sinto-me direcionada por Deus para ajudar as pessoas que estão homossexuais", afirma.

A cassação de Rozângela, que atende no centro do Rio, foi pedida por associações gays e endossado por 71 psicólogos de diferentes conselhos regionais. Segundo Rozângela, que já foi condenada a censura pública no conselho regional do Rio no final de 2007, "o movimento pró-homossexualismo tem feito alianças com conselhos de psicologia e quer implantar a ditadura gay no país". "É por isso que o conselho de psicologia, numa aliança, porque tem muito ativista gay dentro do conselho de psicologia, criou uma resolução para perseguir profissionais", afirma.

No Rio, Rozângela participa do Movimento Pela Sexualidade Sadia, conhecido como Moses, ligado a igrejas evangélicas. A almoxarife Cláudia Machado, 34, diz que recebeu de Rozângela a apostila "Saindo da homossexualidade para a heterossexualidade", que prega meios para a mudança de orientação sexual. "Hoje vivo a minha homossexualidade tranquila, essa história de cura não existe, o que houve foi um condicionamento. Reprimi meus desejos. Não sentia prazer", diz.

Já a pedagoga Fernanda, que pede para não ter o sobrenome divulgado, diz ter sido lésbica por dez anos e que, depois da terapia que faz com Rozângela há quatro anos, passou a ter relações heterossexuais. "Realmente há possibilidade de sair da homossexualidade. É um processo longo. De lá para cá busco a feminilidade."

"A ciência já mostrou que não existe tratamento para fazer com que alguém deixe de ter desejo homossexual nem heterossexual. Quando se promete algo assim, é enganoso", diz o terapeuta sexual Ronaldo Pamplona, da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. Segundo ele, a Sociedade Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade do diagnóstico de doenças em 1974, seguida, uma década depois, pela Organização Mundial da Saúde.

"Se absolvê-la, o Conselho Federal de Psicologia vai referendar a tese de que é possível "curar" gays", diz Toni Reis, presidente da ABGLT, a associação brasileira de homossexuais. "Isso traz prejuízo aos gays e contribui para fortalecer o estigma", afirma Cláudio Nascimento, superintendente da Secretaria de Direitos Humanos do Rio e do grupo Arco-Íris.

"Vejo [o pedido de cassação] como uma injustiça", diz Rozângela, que, se cassada, pensa em recorrer à Justiça comum. De um lado, cem entidades gays de todo o país vão levar um manifesto e manifestantes no dia do julgamento de cassação de registro de Rozângela, no próximo dia 31, em Brasília. Do outro, ela diz que vai reunir alguns ex-gays e psicólogos amordaçados para protestar contra a censura que diz sofrer. "É a Inquisição para héteros", diz terapeuta.

A psicóloga Rozângela Alves Justino diz que homossexualidade é uma "doença" e que "a maioria dos gays foi abusado sexualmente na infância e sentiu prazer nisso".

FOLHA - Como a sra. vê o homossexualismo?

ROZÂNGELA ALVES JUSTINO - É uma doença. E uma doença que estão querendo implantar em toda sociedade. Há um grupo com finalidades políticas e econômicas que quer estabelecer a liberação sexual, inclusive o abuso sexual contra criança. Esse é o movimento que me persegue e que tem feito alianças com conselhos de psicologia para implantar a ditadura gay.

FOLHA - O que é ditadura gay?

JUSTINO - Há vários projetos no Congresso para cercear o direito de expressão, de pensamento e científico. Eles foram queimados na Santa Inquisição e agora querem criar a Santa Inquisição para heterossexuais.

FOLHA - A que a sra. atribui o comportamento gay?

JUSTINO - À expectativa dos pais, que querem que o filho nasça menino ou menina. Projetam na criança todos os anseios. E daí começam a conduzir a sua criação como se você fosse uma menina. Outra causa mais grave é o abuso sexual na infância e na adolescência. Normalmente o autor do abuso o comete com carinho. Então a criança pode experimentar prazer e acabar se fixando.

FOLHA - Mas nem todos os homossexuais foram abusados na infância.

JUSTINO - A maioria foi.

FOLHA - Como é o seu tratamento?

JUSTINO - É um tratamento normal, psicoterápico. Todas as linhas psicológicas consagradas e vários teóricos declaram que a homossexualidade é um transtorno. A psicanálise a considera como uma perversão a ser tratada. À medida em que a pessoa vai se submetendo às técnicas psicoterápicas, vai compreendendo porque ficou presa àquele tipo de comportamento e vai conseguindo sair. Não há nada de tão misterioso e original na minha prática. Sou uma profissional comum.

Como paciente, repórter paga R$ 100 a sessão Numa sala onde mal cabem dois sofás cobertos com capas meio encardidas e uma cadeira de palha, a psicóloga Rozângela Alves Justino promete "curar" gays em terapia que pode durar de dois a cinco anos. A mulher de fala mansa e fleumática diz já ter "revertido" uns 200 pacientes da homossexualidade -que vê como doença- em 21 anos de profissão.
Sem se identificar como jornalista, a reportagem se passou por paciente e pagou por uma consulta - R$ 200, regateados sem resistência para R$ 100. Para uma primeira sessão, ela mais fala do que ouve. Tampouco anota dados ou declarações do consulente. Explica que faz "militância política para defender o direito daquelas pessoas que querem voluntariamente deixar a homossexualidade". "É um transtorno porque traz sofrimento", diz a psicóloga, formada nos anos 1980 no Centro Universitário Celso Lisboa, no Rio. Rozângela diz adotar a "linha existencialista" e que 50% de chance do sucesso da "cura" vem da vontade do homossexual de sair "dessa vida" e outros 50% decorrem do trabalho psicoterápico.

"É preciso entender o que está por trás da homossexualidade. E a mudança vai acontecendo naturalmente. Vamos tentar entender o que aconteceu para que você tenha desenvolvido a homossexualidade. Na medida em que você for entendendo a sua história, vai ficar mais fácil sair", diz.

Rozângela mostra plena convicção no que defende. "Com certeza há possibilidade de saída. Nesses 20 anos já vi várias pessoas que deixaram a homossexualidade. Existe um grupo que deixou o comportamento HOMOSSEXUAL. Existem pessoas que, além do comportamento, deixaram a atração homossexual. E outras até desenvolveram a heterossexualidade e têm filhos."

No final da consulta, a recomendação: "A igreja pode ser um espaço terapêutico também" -embora não faça pregação.

Vinícius Queiroz Galvão Enviado Especial ao Rio

terça-feira, 14 de julho de 2009

Atos secretos (texto)

Dizem que, na prática, a medida de anulação dos atos secretos pelo Senador José Sarney não tem efeito, porque os funcionários contratados têm direitos trabalhistas e salariais garantidos. E, segundo o setor jurídico do Senado (O Globo), a devolução de recursos, pagos indevidamente, tb é de difícil execução. Ou seja, o ato do presidente, se não for respaldado juridicamente, não tem valor.
A pergunta da vez: Pra quê mesmo uma medida sem nenhuma medida?
Possíveis respostas: a) Narciso acha feio tudo o que não é espelho. b) O Anima Mundi está bombando no Rio de Janeiro. c) Parreira cai após 4 meses no Fluminense.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...