Este é o penúltimo texto deste ano. Escrevi no meu blogue em 2025 do mesmo modo como vivi o ano: por aproximações sucessivas, sem um plano definido e sem a intenção de construir um sentido geral. Cada texto nasceu de um impulso pontual, de algo que me atravessou naquele dia, naquela situação, naquele estado de espírito. O blogue acompanhou esse movimento como um espaço onde coube escrever quando escrever se impunha, sem a obrigação de dar unidade ao conjunto.
O que publiquei ao longo do ano forma um acúmulo de registros do cotidiano, de dispersões, de pensamentos breves que pediam passagem. Há textos mais leves, outros mais opacos, alguns atravessados por cansaço, outros por curiosidade, irritação e decepção. Nenhum deles pretende fechar algo. Cada um permanece ali como fragmento de um dia vivido e deixado para trás.
Escrevi sobre o que vi, sobre o que me incomodou, sobre o que me fez parar um pouco. Às vezes uma cidade, às vezes uma cena banal, às vezes uma sensação difícil de nomear. O blogue acolheu essas variações sem exigir coerência temática. Ele foi menos um projeto e mais um lugar onde eu pude deixar marcas do que passou por mim.
A política apareceu como aparece na vida comum: misturada ao cotidiano, às falas alheias, às imagens que circulam, ao desgaste que tudo isso produz. Os textos não buscaram explicação nem aprofundamento. Eles ficaram no registro do impacto, da fadiga, da observação seca de um tempo que pesa.
Quando olho para o que escrevi em 2025, reconheço ali um conjunto de textos que acompanha um ano vivido sem grandes viradas, mas cheio de pequenos movimentos. O blogue guardou esses restos, essas notas, esses instantes. Escrever foi, ao longo do ano, apenas isso: um modo de seguir adiante, deixando palavras pelo caminho.
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