ossǝʌɐ op: É UM ESPAÇO PARA EU ESCREVER SOBRE O QUE GOSTO E NÃO-GOSTO: FILMES, DISCOS, LIVROS, FOTOGRAFIAS, TV, OUTROS BLOGUES, PESSOAS, ASSUNTOS VARIADOS. NENHUM COMPROMISSO QUE NÃO SEJA O PRAZER. FIQUEM À VONTADE PARA CONCORDAR OU DISCORDAR (SEMPRE COM RESPEITO E COM ASSINATURA), SUGERIR OU OPINAR. A CASA É MINHA, MAS O ESPAÇO É PARA TODOS.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Sobre a infelicidade (frase)
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
VIver não doi (Carlos Drummond de Andrade)
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.
Histórias de Heloísa II (textos)
Depois de uma viagem de 4 horas, chegamos na rodoviária da cidade. Minha bisavó aflita porque o enterro do seu irmão seria no outro dia e ela queria a todo custo ver o corpo antes que ele fosse enterrado. Como fazer para encontrar alguém que (ela supunha ser conhecidíssimo) sequer se sabia o endereço? Ela então a cada pessoa que cruzava o nosso caminho perguntava se se conhecia o fulano de tal (esse detalhe do nome, não lembro). Ninguém conhecia o irmão dela. Ninguém. Então as pessoas querendo ajudar perguntavam pelo endereço: bairro? Rua? Cemitério? Ela apenas com o número da casa. E mais nada!
Ela ficava indignada quando a resposta era negativa. Ela achava que as pessoas tinham a obrigação de conhecer o seu irmão porque 'ele era uma pessoa muito importante', afinal era o seu irmão. A cada negativa, um confusão.
Caiu a noite e nada. Nem sombra do irmão morto. Até que uma senhora, cabeleireira, com pena da nossa situação, nos ofereceu a sua casa para que passássemos a noite. Provavelmente não tínhamos dinheiro algum para hotel, comida, essas coisas. Pelo menos é o que me pareceu.
Dormimos, os três, num sofá, daqueles que abriam e virava uma espécie de cama de casal. Durante a madrugada, segunda a minha mãe, nos levantamos para eu ir ao banheiro, porque eu, é claro, mijava na cama ou em qualquer lugar se me desse vontade.
Quando retornamos, a minha bisavó tinha sumido. O sofá não suportava que alguém ficasse deitado em um lado sem nenhum peso do outro. Minha avó caiu e ficou por lá mesmo. Depois de uma pequena procura, Carolina foi encontrada deitada no chão. Ela disse que passaria à noite por ali mesmo, além, é claro, de reclamar da hospitalidade: "É isso que dá a gente aceitar o convite desse tipo de pessoa. Nos colocam em qualquer lugar sem o mínimo conforto." (Nem aí para o fato da tal senhora ter feito um grande favor).
No outro dia, depois de muita andança, finalmente o cemitério foi encontrado, mas o enterro já tinha sido feito. Segunda minha mãe, mais um escândalo. Minha bisavó queria a todo custo que o corpo fosse desenterrado para que ela se despedisse do irmão.
Não houve jeito.
Histórias de Heloísa (textos)
Ríamos muito porque sabíamos que aquilo era uma espécie de código entre nós: se faltava assunto, tínhamos o braço do sofá.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Claude Lévi-Strauss (1908-2009)
Passou breves períodos entre os índios bororós, nambikwaras e tupis-kawahib, experiências que o orientaram definitivamente como profissional de antropologia.
Após retornar à França, em 1942, mudou-se para os Estados Unidos como professor visitante na New School for Social Research, de Nova York, antes de uma breve passagem pela embaixada francesa em Washington como adido cultural.
Jamais aceitou a visão histórica da civilização ocidental como única. Enfatizava que a mente selvagem é igual à civilizada.
As contribuições mais decisivas do trabalho de Lévi-Strauss podem ser resumidas em três grandes temas: a teoria das estruturas elementares do parentesco, os processos mentais do conhecimento humano e a estrutura dos mitos.
Bibliografia publicada no Brasil
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As Estruturas Elementares do Parentesco (Vozes, 2003)
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Antropologia Estrutural (Vol. 1) (Cosac Naify, 2008)
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Antropologia Estrutural (Vol. 2) (Tempo Brasileiro, 1993)
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O Pensamento Selvagem (Papirus, 2005)
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Sociologia e Antropologia, de Marcel Mauss (introdução de Claude Lévi-Strauss, Cosac Naify, 2003)
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O Cru e o Cozido - Mitológicas (Cosac Naify, 2004)
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Do Mel às Cinzas - Mitológicas (Cosac Naify, 2005)
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A Origem dos Modos à Mesa - Mitológicas (Cosac Naify, 2006)
O Homem Nu - Mitológicas (Cosac Naify, 2009)
Bastardos Inglórios (filme)
A história começa na França ocupada pelos nazistas, onde Shosanna Dreyfus (Laurent) testemunha a execução de sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz merecia uma crítica à parte). Enquanto isso, também na Europa, o tenente Aldo Raine (Pitt) inferniza ao lado de seu grupo de soldados-judeus os nazistas. Conhecido por seus inimigos como Os Bastardos, o esquadrão de Raine se junta à atriz alemã e agente infiltrada Bridget Von Hammersmark (Diane Kruger. Excelente, por falar nisso.) em uma missão para derrubar os líderes do Terceiro Reich.
Inteligente, ainda que mantida rigorosamente simples, a trama investe nos atores - e a direção de elenco é a melhor da carreira já celebrada por essa característica de Tarantino.
Christoph Waltz, ator austríaco, não dá chance a quem quer que divida a cena com ele. Seu vilão é tão sensacional que Bastardos Inglórios torna-se, sem querer, quase como um filme do Batman, em que são os antagonistas que valem o ingresso. Brad Pitt? Bom e caricato, como o filme exige. Mas Waltz está simplesmente em outra esfera de talento. Caricaturas, aliás, são o pão-com-manteiga do filme.
É divertida a maneira como Tarantino conscientemente reduz personagens aos seus estereótipos conhecidos (o americano caipira e bruto, a francesa blasé, o inglês supereducado, os nazistas engomadinhos...) para economizar tempo em explicações e construção de personagens.
O cinema de Tarantino tem uma violência anestésica. Ele consegue transformar o "gore" em "cool" dentro de determinados públicos. Mas fica o aviso - há quem tenha criticado duramente a produção por conta disso, gente que considera Tarantino um eterno adolescente fascinado com seus brinquedos. Sem pena, mata a mocinha, o mocinho, mata quem quiser.
Tarantino é mesmo inconsequente - mas enquanto tiver seu público cativo, formado por gente como ele, seguirá em seu mundinho. Eu, pelo menos, agradeço.
Solidão na velhice...
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