O passado não existe, quero dizer, não empiricamente. Ele é reiventando à medida que se esbarra nele, é reconstruído pelas histórias que se contam, mas de fato ele não está em lugar algum. Ando, faz alguns meses, querendo reencontrar um passado, às vezes distante demais, às vezes logo ali, mas não consigo, porque é um jogo que se inicia já perdido.
Nenhuma história fica congelada. O tempo é dinâmico e toca os atores de maneira distinta. Não escrevo aqui me baseando em nada, apenas sinto. Não tenho nenhuma pretensão em teorizar a memória, o passado, a história pessoal, mas, como vivo, tenho sensações que me permitem escrever.
Não é um desinteresse pelo presente ou uma resistência ao futuro. Mesmo. Até porque o tempo que será, já foi, se já foi é passado, se é não é mais e assim por diante.
Eu não quero repeti-lo (refiro-me ao passado), não quero acordá-lo, não o quero de volta. Mas me sinto, certas vezes, sem história. Parece que falta referência. Há um grande vazio que queria poder explicar, e não consigo, não posso.