domingo, 4 de abril de 2010

As minhas implicâncias (texto)

Sou implicante mesmo. Implico com as celebridades que são produzidas aos montes e sobrevivem, quiçá, a uma temporada. Implico tb com os agroboys que passam a toda velocidade na rua, na cidade onde eu moro ouvindo música sertaneja no último volume (nada contra a música, mas ao volume), com gente que acaba de comer e enfia palito de dente na boca ou fica chupando os dentes. Implico tb com gente que joga lixo no chão, gente que não diz "bom dia", gente que não sabe a diferença entre público e privado, gente que vai ao cinema para conversar. Gente que não respeita fila. Gente que acha normal chegar atrasado etc etc etc etc e tal.
Como se pode perceber estou a cada dia mais implicante. Agora, não tenho suportado aquela mãozinha em forma de coração que se faz quando se é fotografado. Meu deus, o que é isso? Que coisinha mais brega! O que será que passa pela cabeça de alguém que  diante do fotógrafo faz esse gesto?

sábado, 3 de abril de 2010

Um passado (texto)

O passado não existe, quero dizer, não empiricamente. Ele é reiventando à medida que se esbarra nele, é reconstruído pelas histórias que se contam, mas de fato ele não está em lugar algum. Ando, faz alguns meses, querendo reencontrar um passado, às vezes distante demais, às vezes logo ali, mas não consigo, porque é um jogo que se inicia já perdido.
Nenhuma história fica congelada. O tempo é dinâmico e toca os atores de maneira distinta. Não escrevo aqui me baseando em nada, apenas sinto. Não tenho nenhuma pretensão em teorizar a memória, o passado, a história pessoal, mas, como vivo, tenho sensações que me permitem escrever.
Não é um desinteresse pelo presente ou uma resistência ao futuro. Mesmo. Até porque o tempo que será, já foi, se já foi é passado, se é não é mais e assim por diante.
Eu não quero repeti-lo (refiro-me ao passado), não quero acordá-lo, não o quero de volta. Mas me sinto, certas vezes, sem história. Parece que falta referência. Há um grande vazio que queria poder explicar, e não consigo, não posso.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Feriado (texto)

Estamos em recesso desde quinta-feira. Muito bom não precisar ir à universidade. Não tem nada a ver com não trabalhar, hoje mesmo tenho coisas do trabalho para fazer. Ontem, não fiz absolutamente nada. Aproveitei o dia para dar uma volta no centro porque nunca dá tempo já que estamos trabalhando o dia inteiro e aos sábados o movimento é outro.
A semana foi boa: conversa com antigos amigos, papo com o Paolo, ligação rápida para Nanci (que preparava a páscoa para os meninos). Não sei bem o que vou fazer já que os amigos viajaram. Não quis viajar e por isso vou ter que inventar algum programa. A vida no interior não é muito fácil quando o assunto é inventar coisas para fazer. Acostuma-se.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Piada: dia internacional do homem (texto)

Não faz sentindo algum um dia Internacional do Homem, dias comemorativos remetem quase sempre a lutas por espaço, a reconhecimento, a direitos civis, a direitos políticos etc. Numa sociedade machista como a nossa um dia para se comemorar o dia do homem seria tão importante quando um dia Internacional do Tênis número 43. Bobagem pura. Sentido nenhum. O homem não precisa de um dia para lutar contra a repressão, humilhação, diferença no tratamento. 
Só poderíamos mesmo comemorar isso num dia Internacional da Mentira!

O serviço público (texto)

E como tudo tem sempre um outro lado, há tb no Serviço Público (SP), e todos sabemos disso, ilhas de excelências em prestação de serviço em todos os níveis, diga-se de passagem. Mesmo porque  se consegue driblar a estrutura, quase sempre precária, e oferecer um atendimento de primeira. Tenho vários exemplos de SP que funciona: a Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, é um bom exemplo para se pensar nesse SP que produz com qualidade. Lá existe a cultura da equipe, ou seja,  na senhora da limpeza  que compreende como essa cultura deve funcionar até o pesquisador empenhado na novas descobertas.
Quando se trabalha por uma causa: educação, saúde pública, talvez o SP, finalmente, tenha encontrado a sua função e nessas áreas, sobretudo, ele (ainda que precariamente estruturado) produz. Concentra-se nas universidades públicas a maioria das pesquisas  brasileiras, nestas tb há o ensino de qualidade (não se buscar entrar numa instituição pública apenas porque não se paga) porque se investe na formação do professor e isso se reflete em sala de aula: a pesquisa a serviço do ensino.
Além disso, o foco do SP é sempre o coletivo, não devendo funcionar por conta de interesses individuas.

quarta-feira, 31 de março de 2010

O (de)serviço público (texto)

O setor público é cheio de vícios: desde o telefone que toca e ninguém atende, passando pelo paletó pendurado numa cadeira vazia  até aquele que discursa pelo trabalho (mas tudo não passa de encenação). 
O pior de todos os vícios está entranhado numa grande parte dos funcionários que é o protecionismo, ou seja, tenta-se a todo custo varre para baixo do tapete tudo aquilo que está errado (o velho jeitinho que todo mundo diz, em tese, abominar), às vezes porque há um rabo preso, noutras porque não se quer aborrecimento com aquilo que nunca dá em nada.
Não sei o que é pior, se é aquele que enxerga e não vê ou se aquele que vê mas não quer enxergar. Sei apenas que dar murro em ponta de faca ou tentar entender como o serviço público (não) funciona é mais ou menos a mesma sensação: uma tristeza grande descobrir que vc foi vencido pelo casaço, que tanto desgaste apenas desbota as relações pessoais e, que no final, tudo estará igualzinho sem um avanço sequer, porque não existe a vontade de mudar, porque já se apreendeu viver daquele e naquele jeito, porque qualquer mudança requer esforço. E tudo isso cansa muito.

"Nossas vidas começam a morrer no dia em que calamos coisas que são verdadeiramente importantes". (texto)

O título deste post é uma frase de Martin Luther King, ele lutou pelos direitos dos negros nos E.U.A. Essa luta pelos direitos dos negros norte-americanos extrapolou as fronteiras do país. O ativista é reconhecido e citado quase sempre quando as lutas por direitos estão na pauta do dia.
Essa frase foi citada por Ricky Martin, 38 anos, porto-riquenho, esta semana quando em seu blog assumiu a sua homossexualidade: "Tenho orgulho de dizer que sou um felizardo homem homossexual. Sou muito abençoado em ser o que sou", escreveu ele.
Li alguns comentários em blogs sobre o fato do cantor "sair do armário", alguns deles diziam respeito à questão de que a sexualidade do cantor não era um segredo (ou seja, já era de conhecimento público que  o ex-menudo era gay), outros diziam que não era relevante, em 2010, ainda haver preocupação com a sexualidade de alguém, alguns ainda diziam que assumir-se publicamente era perigoso já que existe muito preconceito em torno da homossexualidade.
O que mais achei interessante, nisso tudo, é que, como falamos de um lugar bastante específico, ou seja, falamos aquilo que nos cabe e não aquilo que queremos dizer, existem muitas versões disputando espaço sobre a homossexualidade: resistência, preconceito, perigo, banalização, sexualidade, entre outros, e isso tb significa dizer que, ainda que haja muita resistência (no sentido negativo) sobre o tema, há tb uma forma de encará-la com mais tranquilidade.
Como tudo o que é "novo" briga por espaço, não seria diferente em relação à homossexualidade, sobretudo em relação à sexualidade (todas elas) que é um tema silenciado ainda hoje.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...