Talvez o grande problema do meu trabalho seja o meu trabalho, isto é, a forma como ele funciona. E a forma como ele funciona, não é senão, o meu trabalho. Posso parecer redundante, mas o que estou querendo dizer é que, se não estou satisfeito (e faz é tempo) como o que anda acontecendo eu tenha que ou mudar de trabalho ou me mudar.
Esta, para variar, não foi das melhores semanas. No entanto, ela tem produzindo em mim uma certeza de que não nasci para conviver com certas práticas que julgo pequenas, mesquinhas, burras, até. E mais, tem produzido tb a certeza de que o copo já transbordou e eu aqui tentando conter essa água que não para, essa água que não vai parar nunca de escapar desse copo.
A Emília, de Monteiro Lobato, tentou certa vez reformar a natureza: ela criou o passarinho-ninho; o livro comestível; o porco magro; o sei-lá-que-animal-é-esse; o bule que apita; colocaram as abóboras na jabuticabeira e as jaboticabas no pé de abóbora; o pernilongo cantor; a gaiola de cabelo; as pulgas moles e paradas no meio do ar; moscas sem asas; a reforma na vaca mocha; reforma na personalidade das borboletas azuis ... mas percebeu que, ainda que as coisas possam parecer estar em lugar errado, não se muda a netureza das coisas.
Não estou certo, é lógico, ainda que a minha natureza diga que sim. Sou eu quem está no lugar errado. Aqui, as pessoas já se acostumaram com esse funcionamento e ele não vai mudar, nunca.