Hoje enquanto esperava um amigo para almoçarmos juntos, fiquei pensando nos nossos (na verdade um "nosso" mais dos outros do que meu) últimos anos de vida. A morte sempre é certa, mas como nos afastamos cada vez mais de tudo o que diz respeito a ela e vivemos como se fôssemos estar aqui pra sempre, não paramos muito para pensar sobre isso (agora o nós é includente).
O ano passado foi o último ano de muito momentos com a minha mãe sem que eu me desse conta de que aqueles dias, todos eles, eram os últimos da sua vida, das nossas vidas juntos.
Ela decidiu passar o seu aniversário comigo. Nunca tinha feito isso. Ficou do natal até a passagem do ano (dia do seu aniversário) em minha casa. Foram dias alegres, mas não aproveitei como devia (fico pensando nisso quase o tempo todo). Eu devia ter dito a ela muito mais do que eu disse, muito mais do que eu achava que devia dizer, porque não se tem mais nenhuma chance de voltar a atrás.
Tenho um amigo, o Erik, que sempre me dizia que essa história de que "nunca é tarde" é uma enganação total. Não há muitas vezes outra oportunidade. E mais, não se sabe se o Outro vai estar presente, disposto, perto, saudável para nos ouvir.
Tenho brigado muito no meu trabalho. Tenho cobrado de alguns colegas uma postura mais profissional. Mas não estou conseguindo fazer isso da forma como eu devia fazer: com calma, com respeito, com a tranquilidade necessária para não me arrepender. E aí se alguma coisa der errado nesse percurso, posso não conseguir refazer (me refazer tb). Preciso estar atento.