sábado, 3 de julho de 2010

Recado para Vera (texto)

Vera, saudades de vc! Saudades sempre de vc. Estou em BH, e por falar em Belo Horizonte, preciso dizer que a cidade é 1000. A cidade é linda, limpa e muito interessante.
Mas não é exatamente sobre BH que quero lhe escrever. Ontem fui a um lugar chamado A OBRA (www.aobra.com.br) e enquanto eu observava as pessoas, por sinal lindas, e ouvia as músicas que tocava, fiquei pensando o quanto seria divertido estar ali com vc. Primeiro porque vc iria adorar o que rolava naquele lugar (a música  é boa demais), depois, as pessoas dançavam com vontade de se divertir.
Além disso, BH é uma cidade com pessoas/personagens. Sabe o que quero dizer? É que por aqui (ainda estou aqui, vou embora amanhã), acho que por conta do clima, pela distância do mar, as pessoas têm um estilo muito particular de se vestir. Elas não vestem a roupa, mas vestem-se de uma roupa.
Conheci tb pessoas interessantes. Através da Vanise, conheci a Cinara, através dela, dois amigos com os quais fiz um tour pela noite na cidade. Vc tb ia gostar disso.
Fomos a 4 boates. Cheguei no hotel às 4h e precisava estar na universidade bem cedo. Quase fui direto. Mas não me cansei porque, ainda que a noite tivesse sido pesada, foi divertido demais estar ali.
Fiquei tb lembrando das nossas noites divertidas aí no Rio. Quando saíamos para dançar, fosse no KuKunK, fosse no Boêmio, fosse no Lomas, sempre era bom! Mesmo se ficávamos preso no trânsito, na estação, mesmo se não fizéssemos nada, era divertido. Tempo bom.
Bom mesmo é quando nos reencontramos. Te amo muito mesmo.

terça-feira, 29 de junho de 2010

No laço (texto)

Não gosto de nada feito às pressas. Sou muito esquecido para que as coisas saiam organizadas se faço dessa meneira. Por exemplo, se vou viajar, e isso é muito frequente na minha profissão, preciso calma para fazer mala, do contrário viajo, por exemplo, sem o carregador do celular e fico sem poder falar no segundo dia da viagem (é um problema!).
Já viajei sem o cartão do banco. Já viajei sem dinheiro e sem o cartão do banco.
Essa preciso contar.
Saí do Paraná em direção a SP. Na rodoviária (já em SP), descobri que estava sem um tostão no bolso e sem o cartão do banco (é claro que quando a M já é grande ainda não é suficiente, ela precisa mesmo ser enorMe), sem cartão de crédito, sem talão de cheque. Ou seja, sem a menor possibilidade de fazer qualquer coisa que precisasse de dinheiro (não me lembro muito bem, mas acho que eu tinha uma grana para um lanche, apenas).
Em SP sem um amigo (naquela época eu não tinha amigos na capital), num final de semana, sem lenço e apenas com documentos (porque aí já seria suicídio). E agora?! 
De cara, fiquei desesperado! Meu coração quase saiu pela boca. Tava ferrado! Pior, impossível!
Fiquei um tempão mesmo pensando no que eu poderia fazer para comprar a passagem. Mas não tinha o que fazer. Não dava nem para pedir ajuda a mãe porque ela não teria como me mandar o dinheiro. Pensei em pedir dinheiro as pessoas, mas eu não tinha/tenho cara para isso (na verdade, acho que a cara, como o frio,  vem conforme o cobertor). De tanto pensar, fiquei mais calmo.
Lembrei que eu tinha o número do telefone de uma pessoa (havia conversado com ele apenas uma vez no Rio e por acaso tinha o seu número de telefone na minha agenda. Detalhe, na época não existia celular).  
A 1ª questão: "Ligo ou não ligo? Como é que vou pedir dinheiro emprestado a alguém que só conversei  futilidades apenas uma vez  e não tenho a menor intimidade?"
A 2ª questão: Como inicio essa conversa?
A 3 ª questão: E se o cara não se lembrar de mim?
Na verdade eu não tinha muitas alternativas. Na verdade eu não tinha alternativa. Ou era isso ou eu iniciava uma caminhada de 429 quilômetros até o Rio de Janeiro.
Liguei. Passei todo o meu currículo. Pedi mil desculpas pelo incômodo. Me desculpei mais umas dezenas de vezes. O cara foi super-educado, super-compreensivo, super-atencioso.  Ele foi até o Terminal Rodoviário do Tietê, pagou a minha passagem, me emprestou algum dinheiro para a viagem até o Rio. Ainda teve tempo para conversar um pouco até o horário do ônibus. Nos tornamos amigos depois desse episódio.


segunda-feira, 28 de junho de 2010

Rio supera NY entre as cidades mais caras do mundo, aponta ranking (texto)

Tóquio, no Japão, foi considerada a cidade mais cara do mundo, segundo ranking da ECA - companhia global de recursos humanos - publicado pela revista “Businessweek”.
No levantamento da publicação, que indica as 30 cidades com maior custo de vida, Luanda, na Angola, por exemplo, aparece em terceiro lugar, na frente de grandes metrópoles como Copenhague (Dinamarca), em oitavo, e Nova York (Estados Unidos), na 29ª posição. Rio de Janeiro, única cidade brasileira citada no ranking, aparece em 28º lugar.
Entre as dez cidades mais caras, a maioria é japonesa. A pesquisa atribui o resultado à força da moeda local vista no ano passado. O fato de Luanda ter ficado na frente de cidades de países mais desenvolvidos se deve, conforme informa a revista, ao grande aumento de preços registrado em 2009. No caso do Rio de Janeiro, o estudo afirma que a cidade entrou no ranking devido à valorização do real frente ao dólar no ano anterior.
O ranking da ECA, feito desde 2005, é baseado numa cesta de 128 itens incluindo comida, roupa, eletrônicos e entretenimento. Os preços foram recolhidos em setembro do ano passado e março deste ano.
Posição Cidade
Tóquio, Japão
Oslo, Noruega
Luanda, Angola
Nagoya, Japão
Yokohama, Japão
Stavanger, Noruega
Kobe, Japão
Copenhague, Dinamarca
Genebra, Suíça
10º Zurique, Suíça
11º Bern, Suíça
12º Basel, Suíça
13º Libreville, Gabão
14º Helsinki, Finlândia
15º Moscou, Rússia
16º Paris, França
17º Abidjan, Costa do Marfim
18º Abuja, Nigéria
19º Tel Aviv, Israel
20º Seul, Coréia do Sul
21º Estocolmo, Suécia
22º Jerusalém, Israel
23º Kinshasa, República Democrática do Congo
24º Viena, Áustria
25º Bruxelas, Bélgica
26º Berlim, Alemanha
27º Camberra, Austrália
28º Rio de Janeiro, Brasil
29º Nova York, Estados Unidos
30º Sydney, Austrália

sábado, 26 de junho de 2010

Nota da ABGLT sobre o assassinato de Alexandre Ivo Rajão

Alexandre Ivo Rajão, 14 anos, foi assassinado na segunda-feira, 23/06, em São Gonçalo-RJ. Ele foi torturado com crueldade. O adolescente era ligado ao Grupo LGBT Atitude e voluntário da Parada LGBT de São Gonçalo. No laudo consta que ele foi morto por:
1- asfixia mecânica;
2- enforcado com sua própria camisa;
3- com graves lesões no crânio, provavelmente causadas por agressões com pedras, pedaços de madeira e ferro.
 
Alexandre voltava para casa às 2h30, quando foi brutalmente assassinado. Seu corpo foi deixado num terreno baldio.
O delegado Geraldo Assed, da 72ª DP (Mutuá), suspeita que o crime tenha sido praticado por skinheads e motivado por intolerância à orientação sexual. Três suspeitos foram detidos.
Este é um dos casos mais chocantes de violência homofóbica dos últimos tempos. A ABGLT conclama as autoridades competentes para que tomem todas as medidas cabíveis, que a justiça seja feita e os culpados punidos exemplarmente. Não podemos tolerar mais um caso de impunidade.
Segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), 198 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais foram assassinados no Brasil apenas no ano de 2009, seguindo uma tendência anual crescente, e representando uma média de 1 assassinato a cada 2 dias. Sem dúvida, estes dados são subnotificados, uma vez que dependem de informações obtidas através do monitoramento dos meios de comunicação, e não existe o registro oficial (governamental) de estatísticas sobre a violência homofóbica.
A ABGLT reitera seu pedido, já formalizado duas vezes, de que o Ministério da Justiça implemente as políticas públicas previstas no Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, em especial as que dizem respeito à repressão da violência homofóbica.
A ABGLT pede que sejam feitos pronunciamentos sobre o caso na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e que este seja um dos casos a serem expostos na Audiência Pública sobre Assassinatos de Homossexuais, a ser realizado no final deste ano pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, com requerimento já aprovado, proposto pela deputada Iriny Lopes e pelo deputado Iran Barbosa.
A ABGLT exige que seja aprovado o Projeto de Lei da Câmara nº 122/2006, que entre diversas formas de discriminação, proíbe e pune a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.
Até quando parte do Congresso Nacional vai ser conivente com a prática da homofobia? Quantas pessoas LGBT ainda vão ter que sofrer discriminação e até ser mortas para que o Congresso Nacional cumpra seu papel de legislar para o bem de todos os segmentos da população?
Corroborando a fala da dona Angélica, mãe de Alexandre Ivo, "... a gente tem que ser livre... , as pessoas têm que ter o direito de ir e vir, não interessa se você gosta de vermelho, eu gosto de laranja e ele gosta de branco", queremos uma sociedade que respeite a todos e todas, sem violência.

ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais


Veja a reportagem no RJTV.

Se o homem entendesse (texto)

E se juntássemos todas as nossas forças num movimento na direção do social? Se pensássemos todos juntos numa outra possibilidade para o Planeta? Se acordássemos com uma ideia fixa de ajuda? Se descobríssemos que o outro é parte da gente? Se fôssemos mais solidários? Se nos emocionássemos, mas se tb agíssemos? Se fôssemos mais honestos? Se não quiséssemos juntar riquezas, mas compartilhá-las? Se, se, se, se o homem entendesse um pouco mais.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A incompletudo que nos preenche (texto)

Um comentário recente me fez pensar muito a respeito das conquistas do coração: "Tudo que o Homem consegue dominar ele destrói" (Luciano Lopes* do Geração Coca-cola).
Fiquei tocado com esse comentário, justamente porque vesti a carapuça (coube certinho na minha cabeça). Não que eu nunca tivesse me dado conta disso. É claro que sim. Li muito, ainda na adolescência, O Homem e suas Viagens de Drummond e lá essa ideia está bem posta e clara. Mas o interessante foi a forma como esse comentário me bateu: sou um cara que gosta de ouvir (talvez mais do que falar. Sou um observador (nunca seria um ligador)) e ouço sempre as mesmas histórias sobre relacionamentos (tanto dos que têm um quanto dos que gostariam de ter).
O substantivo que melhor adjetivaria as relações é Insatisfação. Não conheço ninguém que esteve/está satisfeito com a sua situação (seja ela qual for). Sempre se tem pouco e se quer mais. Sempre! Sempre se quer aquele(a) que não se tem. E só se quer se não o tem. É uma questão de tempo: a ponte vai ruir.
O homem é um conquistador nato: caçador por natureza. Descobridor de todos os mares (os nunca antes navegados, inclusive). Um desbravador. Do tipo que torna a dor menos brava enquanto não atinge o alvo. O trocadilho ficou feio!
A paixão é mesmo fugaz. Não dura. É perecível. E, definitivamente, não estamos dispostos (seja lá o que isso signifique). Nem os opostos se atraem nem os iguais querem estar juntos. Incrível! Parece que estou determinista demais, né? Um exemplo apenas se alguém conhece outra história, por favor.
Há sempre um lado cedendo para que haja equilíbrio (eu escrevi equilíbrio?!). A balança pende para um lado, quase sempre. E dessa forma, apenas, existe a possibilidade de uma relação. Do tipo, Sou infeliz, mas tenho um marido.
E aí, continuo conjecturando, quem sabe não seja exatamente assim  uma relação: o desequilíbrio, a insatisfação, a (im)possibilidade da conquista, do domínio. Quem sabe não seja a incompletude que nos preencha?

* o blog é bem interessante, vale à pena dar uma olhada, postar um comentário, segui-lo. O autor é um menino (pela fotografia) mas a idade diz pouco, ou muito pouco, sobre sensibilidade.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um músculo involuntário (texto)

Como seria bom se a gente mandasse no nosso coração, não é? Se ele respeitasse tudo aquilo que a gente está careca (uns mais outros menos) de saber  sobre o amor. Mas não, ele é um músculo involuntário e bate assim sem o nosso consentimento, sem a menor cerimônia, sem vergonha nenhuma de um descompasso.
Um desrespeito total ao bom senso. Ao bom funcionamento dos nossos dias. Ao mínimo necessário para aquela tranquilidade,  sabor de fruta mordida.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...