sábado, 24 de julho de 2010

A alma do artista (texto)

Acabo de chegar em casa de mais uma sessão (segunda) do documentário sobre os Dzi Croquettes (trupe intrépida da década de 70/80 que revolucionou o espetácula de dança no Brasil). Mas não é sobre o documentário que vou escrever.
É claro que se assisti duas vezes ele, no mínimo, me bateu de alguma forma inesperada. Saí dessa segunda sessão com vontade de voltar no tempo e viajar com a trupe.
O que quero escrever é sobre a alma do artista. Não sei se consigo traduzir esse sentimento em palavras. Sei perceber isso, mas talvez não consiga expressar-me como gostaria/deveria.
A alma do artista não pertence a tempo nenhum. Ela não pode ser explicada. Não tem rótulos. Essa alma está aberta a todas as novidades, sem exceção. Não existe limite nem censura: tudo é possível.
Ela nunca diz não, ou melhor, ela sempre está pronta pro novo. Seja ele o que for. A arte é um estado de espírito. E são poucos os que conseguem se despreender a ponto de permitir.
Conheço (e olha que conheço gente!) apenas duas pessoas com esse talento, com essa abertura pro novo, com a disposição para ver aquilo que ainda não se estabeleceu: a Valdeci e o Êmerson. Fiquei matutando durante algum tempo até chegar a esses nomes.
Impressionante (acabo de me dar conta): os dois são professores de literatura, mas não é isso que os define, nem isso suficiente para que as suas almas estejam abertas, escancaradas. Eles têm uma sensibilidade fora do comum para entender o desejo do outro. Corre sangue em suas veias e o mais interessante é o fascínio em relação as possibilidades que, às vezes, não estão claras nem mesmo para os envolvidos na situação. Eles se encantam com o novo. E são capazes de, nesse encantamento, entender o avant garde. Não há espaço, nessa alma, para o medo da concorrência, isso não existe porque o mais importante é a superação.
Eu precisarei reescrever isso algumas vezes, porque não consegui dar conta do que eu havia pensado.
Eu não tenho alma de artista, sou um censor. A alma do artista é livre e por sê-lo liberta.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

QUADRILHA DA DIVERSIDADE (paráfrase)

Márcio amava Sandro que amava Cacá que amava Marcelo que amava Juscelino que amava Jack que não amava ninguém.
Márcio foi para o cinema, Sandro para Jacarepaguá, Cacá resolveu estudar moda, Marcelo fotografia, Juscelino enlouqueceu, Jack casou-se com Fábio de Alencar que não estava na história.

QUADRILHA (Poesia - Drummond)

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.  João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.

O mínimo para ser o máximo (texto)

Qual seria o mínimo necessário para se viver em harmonia? Fiquei pensando nisso hoje em virtude dos depoimentos dos amigos/familiares em torno na morte de Rafael Mascarenhas.
O respeito pelos outros passa por muitos lugares. Acredito que educação (nada a ver com escolarização) é a base pra tudo. Por exemplo, ao dirigir não se deve falar no celular (básico). A luz do pisca não é um acessório, mas o que indica entrar à direita ou à esquerda (evita acidentes).
Será que o mundo fica mais chato se as regras de educação forem respeitadas?
Furar fila é falta de educação (não importa se a fila termina a dois lugares depois); chegar atrasado tb é falta de educação.
Parar em lugar não permitido tb é falta de educação. Correr além do permitido tb é infração (legal e social). Respeitar o sinal verde/vermelho/amarelo tb é sinal de educação.
Falar ao mesmo tempo tb é sinal de ausência de educação (mas e se os humores estiverem alterados?). Não se controla tudo, é bem verdade.
Beber e dirigir é uma tremenda falta de educação. Automóvel é uma arma na mão de quem não é treinado.
Mas não é só isso. A forma como a gente é educado reflete a forma como os nossos filhos são educados (quase sempre isso é uma verdade).
Tem menino que queima índio e se explica dizendo que "achou que fosse um mendigo"; tem menino que bate em mulher e se justifica falando que "pensou que fosse uma prostituta"; tem menino que saí puxando criança pelas ruas e se justifica: "pensei que fosse um boneco de Judas". Tem gente que mata e afirma que foi por amor e por aí vai. O caminho é longo e a cada passo mais estranho, bizarro.
Andar de skate num túnel interditado é perigoso, mas não é crime como fazer pega. É errado, certo? Mas não é crime. Se policiais estivessem vigiando de alguma forma o túnel, duvido muito que os meninos estivessem lá, ou continuassem lá.
Acho que (nem sei se estou falando de um passado que existiu. É possível que não) olhar o outro como humano deixou de fazer parte da educação. Se é que algum dia isso já tenha sido feito.
A cidade não tem lei. A polícia não faz o serviço que devia fazer (sempre sem generalizar). Quem fiscaliza, não faz tb a sua parte. Quase tudo é medido pelo dinheiro que se ganha ou que se perde.
Mas é possível que exista um mínimo necessário para poder viver entre os outros. A questão é saber que mínimo é esse.

A copa de 2014, o Rio de Janeiro e um tanto de coisa pra fazer (texto)

Eu nunca estive num país que tivesse sediado uma Copa do mundo de futebol, durante o evento. Mas penso que o mínimo de organização em algumas áreas é fundamental caso a gente queira receber (muitos) visitantes.
A Copa de 2014 é no Brasil e reparando o Rio de Janeiro nesses últimos dias (quase duas semanas) tenho a impressão de que muito (muito mesmo) precisa ser feito.
A Lapa está uma confusão! Tem cinco mil bares, restaurantes, casas de samba, mas não tem calçada. Mesas e cadeiras tomam conta do espaço reservado ao pedestre (obs.: sexta e sábado, desde a semana passada, um trecho da Mén de Sá - dos Arcos até a Rua do Rezende - foi destinado ao pedestre das 22h às 5h). O movimento é intenso de segunda a sábado.
Um posto da prefeitura (choque de ordem) foi instalado na Mén de Sá (rua que liga o centro a zona norte) e pelo visto alguma coisa mudou (não vejo mais aquele bando de criança agindo nas redondezas: numa postagem de janeiro eu me indignei com os assaltos etc; os antigos flanelinhas tb sumiram). Por outro lado, a sujeira toma conta das ruas (precisamos de uma campanha de conscientização da população para não jogar NADA no chão): alguns bueiros (por aqui eles não explodem) lançam excrementos 24h por dia. Um nojo!!! Precisamos nos equilibrar ou correr risco de atropelamento para desviar de tanta sujeira (sem falar do mal cheiro).
Táxi no Rio é um perigo (sem querer generalizar)! Há uma tabela para corrigir o valor de alguns táxis que ainda não aferiram o taxímetro e um selo vermelho que indica os táxis que já o fizeram, no entanto, peguei um táxi com o selo de aferição, mas com uma tabela extra. Um confusão!
Existe, por aqui, preços diferenciados para os gringos: basta ir à praia, por exemplo, e confirmar. Tudo, ou quase tudo, é o dobro do preço se o cliente falar uma língua estrangeira ou se o seu "r" for "caipira" (é um termo técnico, antes que alguém me chame de preconceituoso).
Nos aeroportos não têm placas informativas, por exemplo, sobre ônibus. E aí os taxistas fazem a festa (mesmo os táxis de cooperativas)! O preço chega, do Galeão até o Centro, a R$70,00 reais (um táxi oficial). Um absurdo! E alguns no Santos Dumont (o aeroporto no Centro) escolhem os passageiros.
Sobre a infraestrutura, não é preciso escrever. Tudo estar por fazer. E acredito que esse quesito seja resolvido, mas o que diz respeito à educação e ao trato entre as pessoas ... esse sim já deveria iniciar.

Mistério da blogosfera (texto)

Abri meu e-mail pessoal e encontrei uma mensagem do site TOPBLOG: seu blog foi indicado para a edição 2010. Além disso, um selo para baixar e colar na página. Fiz. Tá aí ao lado (dos dois lados, diga-se).
Entrei no site e pouco descobri sobre essa indicação. Não sei a que categoria, já que não tenho uma específica (em se tratando de blog tb). E não me encontrei por lá.
Mistérios da blogosfera!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O luto (texto)

Não me atrevo a escrever sobre as dores de ninguém, sobre as dores do mundo, como disse Caetano, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. No entanto, ao falar da nossa dor, podemos, de certa forma, tangenciar a dor do outro e quem sabe, essa seria mesmo a intenção, ajudar um pouco.
Perder alguém não é fácil, seja lá como essa perda tenha acontecido: seja causa natural ou não. Seja um ente jovem ou mais velho, sadio ou doente, pouco importa. Perder sempre é, por mais que a gente compreenda que o sofrimento do amado(a) não seja pouco, dolorido demais.
Não temos respotas, ou, se temos algumas para essas nossas perdas, elas, às vezes, são insuficientes ou incapazes de aliviar essa dor. Podemos buscar respostas nas religiões, e acho que são lugares para se encontrar algum conforto.
Além disso, o tempo é sábio. Ele não mata a saudade, não diminui as distâncias, mas nos faz reorganizar sozinhos, quase sempre, aquele momento que nos parecia sem fim.
Queremos entender o porquê. Gostaríamos de ter explicações que nos aliviassem. Precisamos compreender o que aconteceu. Mas, de imediato, nada faz sentido. Temos muitas perguntas e quase nenhuma resposta.
Um dia, outro dia, a primeira semana, o primeiro mês, as noites mal dormidas, os pesadelos, os sonhos, o silêncio, a dor que se sente na alma, aquela vontade de um sinal. Tudo isso é passagem para aquele que perde alguém que ama.
Procurar ajuda profissional tb é importante, sobretudo para que a gente possa, aos poucos, nos ouvir e pensar sobre o que estamos fazendo aqui, nessa vida.
Os amigos tb são importantes. Os amigos sempre são importantes. O silêncio desses amigos, o abraço, a companhia, um olhar apenas faz muita diferença nesse momento.
O que acho importante, por mais que a gente tenha a sensação de precisar fazer, é não se isolar. Não me refiro a ficar sozinho, isso tb faz parte do luto. Mas o isolamento não é bom (é claro que estou legislando sobre mim).
Pode falar sobre a perda faz diferença. Acho que já escrevi aqui (neste e em outros posts) diversas vezes sobre essa necessidade. E ter fé (porque vivemos dela, mesmo que não sejamos religiosos) no outro dia, acreditar que se vai conseguir forças para refazer (no sentindo da tranquilidade) essa nossa história.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...