segunda-feira, 26 de julho de 2010

Esperando ainda (texto)

Parece que chego em casa ainda hoje. Estou, faz alguns minutos, em Curitiba (faz frio) e a aeronave que fará o voo para Cascavel chega por aqui às 21h22. A previsão é chegar no interior às 22h45 (será?).
Já tentei seguir o conselho da Cris, olhei pro lado, tentei um sorriso, mas o cara (um único amigo em potencial) não foi muito receptivo, melhor continuar aqui escrevendo um pouco mais.
De qualquer forma, saber que posso chegar em casa, ainda hoje, me animou.

Espera (texto)

Continuo no aeroporto esperando para embarcar. Meu voo, cancelado ontem, sem menos nem mais, continua uma incognita. Já devia estar trabalhando, já devia estar organizando uma prova, um curso para quarta-feira, mas continuo sentado aqui numa sala de embarque lotada sem notícias.
Não sei de chuvas, não sei de ventos, não sei de nenhuma catástrofe que justifique tanta demora. Já tomei café da manhã, almocei, café da tarde no aeroporto. Espero apenas não jantar.
Já briguei tb em virtude da demora. Pelo jeito não adiantou. Já ri tb porque me sinto perseguido pelas empresas aéreas. Sempre, sem exageros, tenho problemas para chegar e voltar.

domingo, 25 de julho de 2010

Peixe - (Luís Capucho)

Eu vivo só mergulhado
O céu cai como um mar entre os edifícios
E eu ando na rua embaixo feito um peixe
Ouço sem pensar os ônibus passando
Os carros passando
Resolvo entrar num bar
Você olhou pra mim
Meu coração parou
Peço uma coca
Será o que você viu
Será o que você quer
Eu preciso de alguém
Eu preciso de alguém
Eu preciso de alguém assim como você
Alguém que olhe desse jeito
Desses que ficam junto no dia frio.

sábado, 24 de julho de 2010

A alma do artista (texto)

Acabo de chegar em casa de mais uma sessão (segunda) do documentário sobre os Dzi Croquettes (trupe intrépida da década de 70/80 que revolucionou o espetácula de dança no Brasil). Mas não é sobre o documentário que vou escrever.
É claro que se assisti duas vezes ele, no mínimo, me bateu de alguma forma inesperada. Saí dessa segunda sessão com vontade de voltar no tempo e viajar com a trupe.
O que quero escrever é sobre a alma do artista. Não sei se consigo traduzir esse sentimento em palavras. Sei perceber isso, mas talvez não consiga expressar-me como gostaria/deveria.
A alma do artista não pertence a tempo nenhum. Ela não pode ser explicada. Não tem rótulos. Essa alma está aberta a todas as novidades, sem exceção. Não existe limite nem censura: tudo é possível.
Ela nunca diz não, ou melhor, ela sempre está pronta pro novo. Seja ele o que for. A arte é um estado de espírito. E são poucos os que conseguem se despreender a ponto de permitir.
Conheço (e olha que conheço gente!) apenas duas pessoas com esse talento, com essa abertura pro novo, com a disposição para ver aquilo que ainda não se estabeleceu: a Valdeci e o Êmerson. Fiquei matutando durante algum tempo até chegar a esses nomes.
Impressionante (acabo de me dar conta): os dois são professores de literatura, mas não é isso que os define, nem isso suficiente para que as suas almas estejam abertas, escancaradas. Eles têm uma sensibilidade fora do comum para entender o desejo do outro. Corre sangue em suas veias e o mais interessante é o fascínio em relação as possibilidades que, às vezes, não estão claras nem mesmo para os envolvidos na situação. Eles se encantam com o novo. E são capazes de, nesse encantamento, entender o avant garde. Não há espaço, nessa alma, para o medo da concorrência, isso não existe porque o mais importante é a superação.
Eu precisarei reescrever isso algumas vezes, porque não consegui dar conta do que eu havia pensado.
Eu não tenho alma de artista, sou um censor. A alma do artista é livre e por sê-lo liberta.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

QUADRILHA DA DIVERSIDADE (paráfrase)

Márcio amava Sandro que amava Cacá que amava Marcelo que amava Juscelino que amava Jack que não amava ninguém.
Márcio foi para o cinema, Sandro para Jacarepaguá, Cacá resolveu estudar moda, Marcelo fotografia, Juscelino enlouqueceu, Jack casou-se com Fábio de Alencar que não estava na história.

QUADRILHA (Poesia - Drummond)

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.  João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.

O mínimo para ser o máximo (texto)

Qual seria o mínimo necessário para se viver em harmonia? Fiquei pensando nisso hoje em virtude dos depoimentos dos amigos/familiares em torno na morte de Rafael Mascarenhas.
O respeito pelos outros passa por muitos lugares. Acredito que educação (nada a ver com escolarização) é a base pra tudo. Por exemplo, ao dirigir não se deve falar no celular (básico). A luz do pisca não é um acessório, mas o que indica entrar à direita ou à esquerda (evita acidentes).
Será que o mundo fica mais chato se as regras de educação forem respeitadas?
Furar fila é falta de educação (não importa se a fila termina a dois lugares depois); chegar atrasado tb é falta de educação.
Parar em lugar não permitido tb é falta de educação. Correr além do permitido tb é infração (legal e social). Respeitar o sinal verde/vermelho/amarelo tb é sinal de educação.
Falar ao mesmo tempo tb é sinal de ausência de educação (mas e se os humores estiverem alterados?). Não se controla tudo, é bem verdade.
Beber e dirigir é uma tremenda falta de educação. Automóvel é uma arma na mão de quem não é treinado.
Mas não é só isso. A forma como a gente é educado reflete a forma como os nossos filhos são educados (quase sempre isso é uma verdade).
Tem menino que queima índio e se explica dizendo que "achou que fosse um mendigo"; tem menino que bate em mulher e se justifica falando que "pensou que fosse uma prostituta"; tem menino que saí puxando criança pelas ruas e se justifica: "pensei que fosse um boneco de Judas". Tem gente que mata e afirma que foi por amor e por aí vai. O caminho é longo e a cada passo mais estranho, bizarro.
Andar de skate num túnel interditado é perigoso, mas não é crime como fazer pega. É errado, certo? Mas não é crime. Se policiais estivessem vigiando de alguma forma o túnel, duvido muito que os meninos estivessem lá, ou continuassem lá.
Acho que (nem sei se estou falando de um passado que existiu. É possível que não) olhar o outro como humano deixou de fazer parte da educação. Se é que algum dia isso já tenha sido feito.
A cidade não tem lei. A polícia não faz o serviço que devia fazer (sempre sem generalizar). Quem fiscaliza, não faz tb a sua parte. Quase tudo é medido pelo dinheiro que se ganha ou que se perde.
Mas é possível que exista um mínimo necessário para poder viver entre os outros. A questão é saber que mínimo é esse.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...