segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando o amor acontece (texto)

Fazia muito tempo que eu não me interessava por ninguém. Interesse pessoal, quero dizer, porque interesse profissional sempre acontece. É claro que os interesses profissionais tb têm a ver com o pessoal,  mas não é sobre isso que estou escrevendo. Entendeu ou quer que eu desenhe?!
Continuando,  meu coração andava mesmo vazio, sem se animar por nada e nem por ninguém. Na verdade, interesse houve sim, mas não reciprocidade. E aí os dias iam passando e eu ia preenchendo esse vazio com os amigos, o trabalho, os livros, o blog, com a linguística (não necessariamente nesta ordem), enfim, com coisas que nem de longe substituem (de verdade) uma boa companhia.
Ah, não sou do tipo que acha que é impossível ser feliz sozinho (é sim!). Mas estou falando de companhia, pessoas.
E aí, quando menos a gente espera, surge um luzinha que faz os olhos brilharem e o coração bater mais forte, num ritmo quase esquecido. Não estou dizendo que há reciprocidade, que finalmente me encontro enamorado ou coisa parecida. Não, ainda não é isso, mas quem sabe?

sábado, 14 de agosto de 2010

AS ETAPAS DO (DES) AMOR

Dizem por aí que após terminar um relacionamento é preciso passar um tempo sozinho, consigo mesmo. Reza a lenda que emendar um namoro atrás do outro pode ser prejudicial à busca do próprio eu e que, pessoas que não seguem esta cartilha, estão fadadas a frustrações de ordem amorosa, por transferir os problemas não resolvidos do caso anterior para o atual.
Segundo especialistas, a melhor coisa a fazer após um chute na bunda, é passar por 3 importantes etapas: Auto-Destruição, Balada Frenética e Reencontro.
 
Auto-Destruição

Aqui você precisa ir até o fundo do poço. Vale tomar um porre, ligar bêbado, chorar em público, invadir o e-mail da pessoa amada, deletá-la do seu orkut, lista de spam, msn. Tudo isso na consciente (ou não) tentativa de extinguir qualquer possibilidade de retorno. Depois da fúria, você vai passar dias e noites chorando na cama, sem trabalhar, sem trocar o pijama, sem tomar banho. Vai se olhar no espelho com desgosto, recusar qualquer convite para sair e mudar de canal sempre que uma cena de sexo invadir sua televisão. Na rua, vai cuspir nos casais felizes.
 
Balada Frenética
Passada a fúria e a depressão, você aceita convites para sair. Melhor, você enche o saco de deus e o mundo para sair com você durante toda a semana, de segunda a segunda. Aqui nesse estágio você vai se ver numa mesa de bar com aquele conhecido distante que você nem ia muito com a cara, mas foi a única pessoa que topou tomar todas em plena segunda-feira chuvosa. Vai se ver dançando com estranhos e vai acordar ao lado de alguém que mal lembra o nome. Na rua, continua amaldiçoando os patéticos e inconvenientes casais felizes. Nesta fase existe um esforço sobre-humano para ser feliz. E se na auto-destruição você se afundava no chocolate, aqui você se matricula na academia. Está chegando a hora de voltar para o mercado de trabalho... mas não antes de passar pelo Reencontro.

Reencontro

Uma onda de calmaria invade o seu quarto junto com incensos e livros sobre espiritualidade. Aqui você tenta buscar o equilíbrio: pode ser que se matricule numa aula de yoga ou pare de fumar. Talvez você opte por cortar carne vermelha e comece a estudar sexo tântrico. O reencontro, portanto, é consigo mesmo. Chegou a hora de avaliar tudo o que viveu e se abrir para o novo. Na rua, na fila do cinema e no trânsito, continua xingando os casais felizes, porque casais felizes são sempre chatos, né?

Passadas as etapas, uma a uma, você procura e não encontra nenhum especialista. Por que o filho sem mãe que inventou estas regras casou e foi passar a lua de mel em Bora Bora. Ele também não te avisou que só as mulheres passam por tais etapas. E você nem de longe desconfiou, porque enquanto passava noites e mais noites desabafando com as amigas na mesa do bar, remoendo e remoendo o que passou vestida de luto, o seu ex já estava na cama com outra. É bem capaz dele já ter partido para a segunda aventura enquanto você mal entrava na terceira etapa. E foi aí que você precisou aprender a ser CAFA.


CAFA.

Abreviação de Cafajeste = substantivo masculino, homem de ínfima condição, pessoa sem préstimo.
Este é o momento de dar o troco. Vale transar com o melhor amigo dele(a), contar para todo mundo que ele(a) é ruim de cama, vale ficar com alguém legal e que não te interessa só para não ligar no dia seguinte ou se fazer de tonta(o) ao telefone. Vale atender o celular quando estiver com outro(a) e dar esperança para os dois (duas) em vão. Aqui você marca de sair com o cara, desliga o celular e vai fazer depilação. E depois, muito mais tarde, já no quinto chopp, pode apostar que com apenas uma mensagem de texto, em menos de 5 minutos ele(a) aparece na sua frente. Aqui você pensa: se eu conseguisse agir assim com os caras que me interessam...

Pois se nada disso deu certo e você continua solteira, o melhor a fazer é sair com o primeiro(a) que aparecer na sua frente e fazer todo o esforço possível para se apaixonar. Vale fingir que ele(a) é bonito, inteligente e bom de cama. Vale até fingir orgasmo! Pense bem, na época da sua avó os casamentos eram arranjados e duravam tanto! Não é isso que você quer? Desencalhar a qualquer custo? Pois então! Vai fundo e minta para você mesma(o) que está apaixonada(o). Acredite: em apenas um mês pode atingir ótimos resultados!

E no momento em que você estiver distraída(o), divertindo-se com o errado, movimentando suas ações no mercado e já com toda auto-propaganda feita... a pessoa certa vai aparecer. Até que de certa ela(e) vira errada, vocês terminam e as etapas começam novamente. Será que um dia acaba?

Enquanto não acaba, lembre-se que para tudo na vida existe um lado bom, menos o disco do Oswaldo Montenegro.
Lembrem-se de que não estou nenhum pouco preocupado com verdades, mas como o texto é, pelo menos, divertido, resolvi postá-lo. 

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Blogagem coletiva: inveja (texto)

Não sou muito fã de blogagens coletivas, porque escrever sobre determinados assuntos não é muito simples, mesmo quando a proposta do blog (no meu caso) seja a de texto curto.
No entanto, ao abrir o Blog da Cris (O canto de contar contos) e ler o seu texto sobre "a inveja", pensei na possibilidade, não de escrever sobre o tema (nao tenho o que dizer sobre ele), mas de uma rápida observada nas imagens que nos são oferecidas no site de busca Google quando digitamos INVEJA. 
Impressionante como o senso comum brota nessas imagens. Quase 95% deles são de mulheres. Elas têm uma relação histórica construída em torno da inveja, como se fosse próprio do gênero feminino esse sentimento.
Das imagens masculinas encontradas (quando o foco é o homem) quase sempre a inveja tem relação com a mulher que um outro homem tem. Mas encontrei tb uma que me chamou atenção, a  inveja do pênis grande. Bastante comum em se tratando do senso comum sobre o gênero masculino.
O interessante disso é perceber o quanto somos por todos os lados "induzidos" a pensar o mesmo e não refletir muito sobre o que nos é naturalizado.
Selecionei a imagem de um homem obeso, aparentemente infeliz (no ocidente,  não se pode ser feliz sendo gordo por mil motivos: desde a questão estética até a questão de saúde) por não está na mesma situação do seu companheiro de fotografia. Vale à pena pensar sobre isso.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Escrevo porque me é necessário (texto)

 Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
 
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
(Cecília Meireles)

Eu escrevo para me esvaziar, as linhas se vão preenchendo, aos poucos, enquanto meu peito, meu pulso, minha cabeça adormecem. Escrevo porque é necessário, através da escrita penso, me penso, me refaço. 
Não sou poeta, não sou alegre, nem sou triste, como descreve a poesia, estou no mundo aprendendo. Carrego comigo este sentimento.
Ando com medo dos dias que chegam, mas entendo que não há controle nenhum sobre eles. Sei apenas o que sei. Hoje é quinta e tenho hoje, apenas. Mais nada. Trago comigo a esperança de dias melhores, mas sei que esses dias já me chegaram.
O passado não é meu, não me pertence. Eu o reconto, mas sem a certeza de que assim ele foi. Me orgulho dos meus amigos e carrego comigo muita saudade (não é melancolia). É daqui pra frente. Às vezes não compreendo muito bem o que faço por aqui, descubro mil motivos, mas nenhum me convence.
Trago comigo uma insatisfação do mundo. Sabe-se lá aonde a encontrei. Uma angústia, uma inquietação, uma insônia. Gostaria de me compreender melhor. E quem não gostaria? Mas tenho limites.
Hoje, não sei bem porquê, estou tranquilo. E essa música que não para de tocar...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Resposta ao tempo (Aldir Blanc/Cristovão Bastos)

É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Prá ter argumento

Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei

Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há fôlhas no meu coração
É o tempo

Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei

E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, e ele não vai poder
Me esquecer

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Se eu pudesse atravessa essa tarde. Sem pena de perder o dia. Tô perdido e nada me faria sorrir.
Tem horas que apenas o colo da mãe, ou, nessa impossibilidade, uma ligação para reclamar um pouco dessa busca sem sentido. Mas nem isso dá pra fazer e preciso, sozinho, me virar.
Me viro para os lados possíveis e não vejo nenhuma porta para entrar, me esconder e ficar ali bem quietinho sem nada e nem ninguém.
Como consolo, escuto Stacey Kent, só mesmo música para aliviar um velho coração.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...