sábado, 18 de setembro de 2010

Um posta de carne com dois olhos (texto)

Minha avó dizia que as pessoas eram "uma posta de carne com dois olhos" quando queria destacar o lado inútil de alguém. O alvo predileto dela era o meu avô. Eu me lembro muito bem, durante toda a minha infância e adolescência, dela repetindo diversas vezes que ele era essa tal posta de carne com dois olhos.
Eu não entendia muito bem o que isso significava, sabia, pelo tom da conversa, que só podia ser um xingamento. Além do climão que ficava sempre.
Lembro-me, ou lembro da minha mãe contar, que certa vez meu avô chegou em casa com uma galinha morta para o almoço e a minha avó não comia  galinha de jeito nenhum. Aquilo foi um deus nos acuda. Quando ela descobriu o que ele trazia para o almoço, imediatamente jogou a carne nele e repetiu diversas vezes a sua frase favorita: Este homem é uma posta de carne com dois olhos! Oh homem inútil.
Em casa vivíamos, minha mãe e eu, relembrando e rindo dessas situações.

Revista Veja Indispensável Para o Neoliberalismo (texto)

O título tomo emprestado do livro de uma amiga (Carla Luciana Silva), mas as observações me veem a partir das últimas e novas notícias publicadas pela revista às vésperas das eleições de 2010.
É impressionante como a Revista Veja nesses últimos dias, mês, tem descoberto problemas relacionados ao governo federal. Tantas denúncias envolvendo ministros, parlamentares, políticos próximos ou filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Parece mesmo que a revista anda empenhada em relação às denúncias e à limpeza desse cenário (sujo) político brasileiro. Um empenho que me emociona até. Fiquei aqui pensando que Veja é mesmo indispensável para esse país que queremos. Democrática, verdadeira e neutra. E, sobretudo, independente no que tange às análises efetivadas em suas páginas.
Pra mim, suas páginas não sevem nem para rabiola. Não estou, no entanto, blindando o governo federal, mas a minha surpresa é essa enxurrada de denúncias às vésperas das eleições mais importantes para o país.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Poema Divertido Para o Dia da Avó

Chega de tanta injustiça
de castigo e confusão!
Vou pra casa da vovó,
não tem outra solução!

Estou mesmo decidido
e pra sempre eu me mudo.
Aqui eu não posso nada
e por lá eu posso tudo!

Posso comer chocolate,
posso até me empanturrar.
Posso comer sobremesa
té antes do jantar.

Mesmo que eu faça bagunça,
vovó não briga comigo.
Se eu beliscar o irmãozinho,
vovó não me põe de castigo!

Vou fazer a minha mala,
meu carrinho eu vou levar.
Vou levar o meu cachorro
e o meu jogo de armar.

Vou levar meu travesseiro,
levo também meu pião,
pego os meus livros de história
e o meu time de botão.

Levo as coisas que eu gosto,
pra ter tudo sempre a mão:
levo também o papai,
a mamãe e o meu irmão!

(Ana Canéo)

Só um poema para a minha avó.

FORPRÓ (texto)

Acabei de chegar de Foz do Iguaçu. Participei do Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa (FORPRO) das Universidades Públicas do Sul do Brasil. Os três estados estavam bem representados, além dos pró-reitores de pesquisa das universidades estaduais, federais dos três Estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), os representantes dos órgãos de fomentos estaduais e dos órgãos de avaliação dos cursos de pós-graduação (CAPES).
Muito se discutiu sobre as assimetrias entre os estados brasileiros em termos de curso de pós-graduação strito senso, distribuição de bolsas, qualidade dos cursos oferecidos, formação dos professores, contribuição dos cursos de pós-graduação para com a sociedade etc. etc. etc.
Acho que a maior contribuição desse Fórum foi a percepção de que é necessário investir no ensino fundamental e médio se quisermos bons alunos nos próximos anos.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Casado ou solterio, mas convicto (texto)

Tenho 45 anos e carrego comigo a pecha de ser solteiro. Claro que para homens e mulheres  a solterice tem peso diferenciado (porque vivemos numa sociedade que produz valores distintos aos homens e as mulheres), mas ser solteiro, de qualquer forma, me parece que produz, socialmente, certa solidão, melancolia, insatisfação, equívoco, engano, estranheza, quando não, desajuste, mau alinhamento, bizarrice etc.
Já fui casado, ou melhor, já morei junto, mas a medida em que o tempo foi passando penso que ficou mais complicado dividir o mesmo espaço.
Além disso, o que não é pouco, não acredito mesmo nessa forma de relacionar-se. Não acredito em casamentos, acho que me faltam referências. Acho mais, que não é a melhor maneira de estar com o outro porque acaba-se dividindo demais (sobretudo, problemas).
Sem falar que liberdade e casamento (na maneira como entendo liberdade, é claro) não podem conviver harmoniosamente no mesmo espaço (a Fátima vai se arrepiar!). Odeio dar satisfação da minha vida e, pior, me sentir vigiado. Odeio ter que dizer a que horas vou voltar ou que vou fazer, por diversos motivos, o maior deles é que nunca sei o que vou fazer quando vou fazer alguma coisa. Ou dar explicações sem que elas sejam realmente necessárias.
Não estou, portanto, falando mal do namoro, adoro namorar (ando meio esquecido dessa prática, é bem verdade), estou, por outro lado, apostando aqui algumas fichas no não-casamento ou no namoro que vira casamento ou se comporta como tal (no sentido de aprisionamento).
Gosto do meu espaço e preciso dele para me sentir bem. Isso quer dizer que tenho a necessidade de estar sozinho, dormir sozinho, ouvir música sozinho, trabalhar sozinho, ler sozinho e é muito complicado fazer com que isso seja entendido, compreendido. Normalmente dizem por aí que respeitar o espaço do outro é fundamental, mas NUNCA tive uma experiência parecida.
Acho mesmo que morar em casas separadas e se encontrar vezinquando (ou mesmo com certa frequência) é a melhor opção. Viva o namoro! Viva o casamento pra quem acha que ele satisfaz!

domingo, 12 de setembro de 2010

Nosso lar (filme)

Não sou um cara espiritualizado, não tenho religião, minha fé não move sequer um montinho de poeira. Tenho muitas preocupações, mas nenhuma delas tangencia o crescimento espiritual.
Rezo pela minha mãe. Rezo por alguns amigos (e para os nem tão amigos tb). Peço sempre para ser uma pessoa melhor, para aprender mais, ouvir mais, mas esses pedidos não são a materialização de uma crença, são, eu acho, maneiras de refletir um pouco sobre a minha vida (e a falta de compreensão em relação a ela).
Ainda que eu peça (sem saber direito a quem), sei que a resposabilidade de quaisquer mudanças é minha. E sei tb que é muito difícil entender, mudar, se desprender de sentimentos pequenos.
Hoje ao assistir ao filme Nosso Lar, baseado na obra psicografada por Chico Xavier (por certa influência do post da Cris), confesso que me senti muito vazio (muito pequeno). Senti a minha vida vazia de conhecimentos espirituais. Senti-me demasiadamente humano, no sentido primitivo.
É claro, não óbvio, que não ser espiritualizado ou não ter conhecimentos espirituais não me faz ser indiferente às pessoas, aos seus sofrimentos, dores, pesares.
O filme é reconfortante quando nos mostra que essa vida terrena é mesmo para aprendermos: a ser mais humanos (agora, no sentido de sermos compreensivos, bondosos e humanitários), a acreditar que a vida por aqui é passageira, a esperar tempos melhores em termos de sabedoria espiritual.
Vale à pena assisti-lo.
Saí melhor do que entrei no cinema, pelo menos acredito que sim.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...