quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Apenas uma casa no campo e nada mais (texto)

 Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número
e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.

Para você, desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente para
Repassar o que realmente desejo a você.

Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, ao rumo da sua FELICIDADE!!!
(Drummond - Cortar o tempo)

Tava por aqui pensando, pensando em como, mesmo que não sejamos religiosos, mesmo que não  tenhamos sido educados nas confraternizações natalinas, mesmo que não se tenha acreditado em papai noel, mesmo que, mesmo que, é praticamente impossível (pelo menos pra mim que me incluo naqueles detalhes) não pensar no natal como um momento, no mínimo, de reflexão.
Ainda que eu saiba que um ano não termina  quando ele acaba, ou que encerra no dia 31 de dezembro tudo o que foi feito ou não foi feito no decorrer do ano que se (es)vai.
Ainda que as promessas para o próximo ano sejam feitas e que comecem a valer apenas no e para o 1• de janeiro, aquele regime, aquela ida à academia, aquela vida nova, aquela alegria de viver, aquele cigarro que me faz mal, aquela depressão que me atrapalha ou promessas mais pontuais, tais como, preencher o diário para não acumular tarefas no fim de ano, consumir menos, me estressar menos no trabalho, ouvir mais do que falar, ter mais atenção no que faço etc. Nada disso é suficiente para pensar num ano independente do outro, mas, talvez, o bastante para querer pensar numa mudança (im)possível.
Estou aqui pensando no que quero para o próximo ano. Não quero muito. Quero uma casa no campo (como eu já moro no campo, fica mais fácil) onde eu possa compor muitos rocks rurais e tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais .... (e por aí vou). É bom pelo menos em pensamento acreditar numas boas mudanças.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Site divulga possível avanço na pesquisa contra o HIV (texto)

'Paciente de Berlim' recebeu tratamento com células-tronco em 2007. Médicos consideram que ele pode ter se livrado do vírus que causa a Aids.

O site "The Huffington Post" divulgou nesta terça-feira (14) que Timothy Ray Brown, conhecido como o "Paciente de Berlim", pode ser a primeira pessoa a ter se livrado do vírus HIV, causador da Aids, após tratamento com células-tronco. O caso de Brown, no entanto, é algo isolado, segundo os cientistas.
Médicos que monitoram o paciente afirmam que ele não possui mais o vírus, como resultado da aplicação de células-tronco em 2007, em meio a um tratamento contra leucemia.
O caso foi apresentado pela primeira vez em 2008, em uma conferência médica. Depois, foi publicado em 2009 em uma das principais revistas médicas do mundo, a "New England Journal of Medicine" (leia reportagem do G1 na época). Até então, no entanto, os médicos falavam apenas em um "desaparecimento" do HIV.

Agora, na revista científica Blood, da Sociedade Americana de Hematologia, eles afirmam que Brown foi "curado". "Nossos resultados sugerem fortemente que a cura do HIV foi alcançada neste paciente", diz o estudo, publicado em dezembro deste ano. 
Entenda o caso
Timothy Ray Brown era HIV positivo, mas nunca chegou a desenvolver a Aids. Para evitar o surgimento da doença, ele tomava diariamente medicamentos antirretrovirais. Quando descobriu que tinha leucemia e precisaria passar por um transplante de médula óssea, Brown teve que parar com a medicação contra o HIV. Em todos os outros pacientes, a interrupção faz a doença aparecer em questão de semanas. Em Brown, isso não aconteceu.
Os cientistas acreditam que a doença não se desenvolveu porque, para o tratamento contra a leucemia, Brown recebeu um transplante de células-tronco com uma mutação -- elas não possuíam um receptor chamado CCR5, que é vital à multiplicação do vírus da Aids. Como consequência, o organismo dele conseguiu recompor as células de defesa que tinham sido atingidas pelo vírus.
O caso de Brown é um avanço na busca pela cura do HIV, com base na aplicação de células-tronco geneticamente alteradas. O vírus da Aids infecta 33 milhões de pessoas em todo o mundo.

Leitores denunciam homofobia em festa da Vivo na Liqüe em Curitiba (texto)


Na última sexta-feira, leitores e um fotógrafo freelancer da Lado A, Gregori, foram expulsos da festa Vivo Conectado na casa noturna Liqüe, em Curitiba, depois que dois rapazes trocaram beijo no local. Por volta das 3h da manhã, quando se encontravam no fumódromo, dois rapazes se beijaram e foram advertidos pelos seguranças da casa de que não era permitido dois homens se beijarem, segundo relato das vítimas. Um amigo dos rapazes sacou o celular para filmar a confusão e teve deu aparelho derrubado ao chão e foi expulso pelos seguranças.
 Já do lado de fora, a confusão recomeçou quando os outros rapazes foram conduzidos para fora da festa. Este momento rendeu um vídeo em que aparece um funcionário da casa ou da festa tentando tomar o celular da mão da pessoa que fazia as imagens. Os rapazes acabaram a noite com hematomas das chaves de braço e sossega leão que receberam. Convidados em redes sociais para o evento da operadora telefônica Vivo, os leitores agredidos querem processar a empresa que promoveu o evento e a casa noturna. 
Segundo relato, uma pessoa que se identificou como Rafael Mueller e “dono da festa” teria dito que a instrução seria sua e que gays teriam outros lugares para fazerem essas coisas, se referindo a beijos. O grupo ficou indignado pois afirmam que não estavam protagonizando cenas picantes e apenas trocaram um beijo. Outros leitores afirmaram que mesmo após a expulsão do grupo, outros casais gays foram impedidos de se beijar na festa. Algumas pessoas saíram junto com o grupo em solidariedade.
 Nesta segunda-feira, no Twitter, a Lique (@liqueclub) se defendeu acusando os rapazes de estar praticando indecências (chegaram a afirmar que um deles colocou a mão dentro das calças do outro) e afirmou que as imagens são da confusão que se deu por um dos rapazes fumar em local proibido. 
Na página no Twitter do evento (@ vivo_conectado), a organização atesta a declaração da casa e afirma que eles tiveram “um comportamento inadequado e contra a lei para um ambiente público”, que não houve violência, que foram convidados a se retirarem e que o uso de força aconteceu quando tentavam voltar para a festa.
Para a Lado A, Diogo, publicitário de 23 anos, que aparece no vídeo, afirma que os seguranças da casa usaram força exagerada e que não o arrastaram na pista da casa, sendo que saiu por sua vontade para não passar pelo vexame de ser arrastado pela pista. Ele afirma que quando aguardava a viatura da polícia do lado de fora acendeu um cigarro em local errado e ao ser informado seguiu para a rua, sem qualquer estresse. Quando seus amigos saíram que o vídeo foi feito, momento em que a confusão reacendeu. Na ocasião, os seguranças da casa agrediram Léo, que filmava a cena e correram atrás dele. Ele relata ainda que o policial que foi até o local inicialmente se negou a registrar a ocorrência, afirmou que gays tem local próprio para irem e que ele poderia depois procurar uma ong que defende os gays, em tom de ironia.
Nesta terça-feira, os rapazes estarão em companhia de uma das maiores advogadas do Brasil de direitos dos homossexuais para registrar queixa e farão a denúncia ao Ministério Público do Paraná. Até o momento, a Lado A ouviu 18 pessoas que presenciaram em diversos momentos os seguranças da Liqüe pedindo para gays não beijarem dentro da festa. 
Em 2008, um casal gay foi expulso da casa por acompanharem dois homens que se beijaram dentro da Liqüe. Na ocasião, a casa afirmou que não tem preconceito, discurso reproduzido novamente. Um grupo promete para esta quinta-feira um beijaço na frente do clube em protesto aos eventos acontecidos no evento da Vivo.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

Na reta final (texto)

Um pouco mais de uma semana para eu entrar de férias. Esperei muuuuuito pelo dia 12 de dezembro. Hoje aconteceu o nosso vestibular, tudo bem tranquilo, ou melhor, nenhuma ocorrência fora da normalidade.
Na quarta, acontece a prova final para alguns alunos do primeiro ano. Aí é corrigi-las, multiplicar, somar e dividir as notas, preencher o diário (odeio preencher diário!), publicar as notas, entregá-las na secretaria acadêmica e pronto.
Viajo para Curitiba no dia 22 à noite e para o Rio no outro dia e aí é encontrar os amigos, ver meu padrasto, ir à praia, dormir muito, sair sem pensar que tenho compromissos pela manhã, ir ao cinema, boate. Não vejo a hora.
O balanço de 2010 faço mais para frente. Posso adiantar apenas que o ano foi de muito trabalho, outras tantas viagens, congressos, seminários, muita saudade da minha mãe, amigos novos, noites em claro, muito riso, abraços.
Em dezembro, dia 24, são dois anos de blog, em janeiro mais um ano de vida e a esperança de que o próximo ano seja sempre melhor do que o ano que acaba.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Violência contra homossexuais (Drauzio Varella)


Negar direitos a casais do mesmo sexo é imposição que vai contra princípios elementares de justiça



A HOMOSSEXUALIDADE é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.
Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais. Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.
Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).
Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.
Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.
Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.
A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no "Journal of Animal Behaviour" um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.
Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.
Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.
Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho. Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.
A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.
Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.
Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.
Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

SIM E NÃO (texto)

Aprendi a dizer Não não faz muito tempo. E sou bastante honesto ao afirmar que ao dizê-lo, mais do que uns podem crer, é libertador. Digo Não para respeitar os meus limites e, sobretudo, a minha vontade. E, sinceramente, pouco tenho me importando com as expectativas dos outros.
"Dizer não é dizer sim", cantou o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens nos anos 80 e percebi com o passar dos anos o quanto podemos nos tornar reféns do sim. Dizer Sim sem vontade é uma das grandes agressões a que nos submetemos, porque queremos agradar ao outro, principalmente. Esquecendo-nos.
Tenho percebido que, em geral, as pessoas convivem muito bem com a falsidade, com a dissimulação,  com tudo aquilo que não é mais do que aparentar ser, mas nada bem com as pequenas verdades.
Sei tb que às vezes ela, a verdade, doi (muito), mas ainda assim, prefiro ouvi-la ou dizê-la a ter que conviver com a dissimulação ou com comentários feitos às costas ou à ausência.
No entanto sei tb que tudo isso tem um preço e pagá-lo não é nada fácil, mas diante de liquidar essa dívida ou de fazer alguma concessão, ainda acho mais tranquilo sacar o talão de cheques.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...