segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Receita de Ano Novo (poesia - Drummond)

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 26 de dezembro de 2010

2 anos no ar (texto)

No dia 24, véspera de Natal, o Do Avesso completou dois anos no ar. Fico bastante feliz por ter esse espaço para poder escrever, trocar informações com outros blogues, conhecer possoas, aprender sobre o mundo, me expressar.
Através dele conheci pessoas incríveis. Posso dizer que fiz amigos.
Aproveito para agradecer a presença, porque sem leitor não vale muito estar por aqui. Obrigado pelos comentários, pelas discordâncias, pelos acréscimos, por tanta contribuição.
Ah, como estou de férias (merecidas), não vou bater ponto, não pelo menos com a mesma frequência.
O bolo é simples, mas o pedaço é de coração.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Superar-se (texto)

Histórias de superação sempre são emocionantes (pelo menos, pra mim), ontem, por exemplo, na academia, encontrei uma jovem senhora que após uma cirurgia na coluna  (essas quase nunca são simples) e depois em sua recuperação constatar que continuava com os movimentos nas pernas, resolveu investir numa vida mais saudável do que a que levava antes (quando nem pensava na cirurgia).
Aprendeu a correr. Mas não essas corridinhas que a gente dá até o supermercado, à farmácia, ao shopping para um presente de última hora. Aprendeu a correr grandes distâncias (meias e maratonas inteiras).
Numa conversa rápida com ela, já que cada um de nós não estava ali para conversar (ainda que eu fale sempre mais do que devia), percebi na sua fala o quanto essa valorização do natural  foi importante (ter as duas pernas, poder ouvir, enxergar etc. etc. etc.) nessa sua nova fase da vida.
Ela me contou que começou a viver intensamente depois de achar que poderia passar o resto da vida numa cama ou sabe-se lá aonde.
Sempre ouvi dizer que aprendemos pelo amor  e sobretudo pela dor e que não há outra forma de aprendizado. Não sei se é verdade para todos nós, em geral as generalizações são burras. Sei apenas que para muitos essas experiências extremas podem nos mudar bastante.
Tb não sei se a mudança sempre é positiva. Acredito que sim.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

MEC prepara kit anti-homofobia e provoca reação (Ana Cláudia Barros)

Ele nasceu a partir da constatação de que as escolas brasileiras são, em geral, ambientes hostis para adolescentes homossexuais. Foi desenvolvido com a proposta de ajudar a contornar o problema, e recebeu o sugestivo nome de Kit contra a homofobia. A previsão é que sua distribuição ocorra inicialmente em 6 mil escolas públicas a partir do ano que vem. Mesmo sem ter sido lançado pelo Ministério da Educação (MEC), o material didático, contendo cartilha, cartazes, folders e cinco vídeos educativos, já provoca discussões inflamadas.
Terreno democrático por excelência, a internet se transformou em púlpito para os que apoiam e para os que repudiam o kit, que ganhou a pecha de "Kit Gay". O debate está mobilizando redes sociais, blogosfera e até virou tema de abaixo-assinados virtuais - contrários e favoráveis ao material. Catalisou a polêmica a declaração do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) - o mesmo que sugeriu "couro" para corrigir filho "meio gayzinho" -, que, em sessão realizada no Plenário da Câmara, atacou a iniciativa. O parlamentar também fez um apelo aos colegas de Casa para que impedissem a circulação do kit.
O pronunciamento dele se espalhou pela rede e tem embasado o discurso dos que consideram o material "perigoso" por incentivar a homossexualidade entre os estudantes. O que fez Bolsonaro vociferar foram justamente os vídeos educativos, exibidos preliminarmente em seminário na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Um deles conta a história do personagem José Ricardo, um adolescente que gostaria de ser reconhecido como Bianca. "O vídeo fala de um travesti, um homem com identidade feminina, mostrando, inclusive, o sofrimento dele em viver em um lugar onde meninos jogam futebol e, quem não joga, é chamado de mulherzinha", explica Rosilea Wille, coordenadora Geral de Direitos Humanos do MEC, vinculada à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), responsável pelo projeto.
Na opinião dela, a forma negativa como o Kit contra a homofobia está sendo recebido é resultado do desconhecimento em relação ao conteúdo do material e dos rumores, amplamente propagados na web.
- Foi colocado que vamos passar informação sobre diversidade sexual e identidade de gênero para crianças de sete anos. Isso nunca foi a decisão do Ministério. O projeto está sendo pensado para o Ensino Médio. Não é um projeto que vai cair de paraquedas nas escolas. Vai ser vinculado à formação dos professores. Há todo um anteparo, uma sustentação pedagógica.
Presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT) e um dos idealizadores do kit, Toni Reis, também rechaça as acusações de que os vídeos seriam um estímulo à homossexualidade.
- O que está sendo dito é totalmente distorcido. Não queremos incentivar a homossexualidade. Ela não precisa de incentivo algum. Queremos incentivar o respeito à cidadania, à não violência, à dignidade humana. Quem está falando isso são pessoas homofóbicas, fundamentalistas religiosos. Estes são os grandes incentivadores da violência e do desrespeito - afirma.
Ela ainda explica o caráter do projeto:
- Os vídeos são extremamente didáticos. Explicam a questão do travesti, do bissexual, da lésbica. São muito bacanas porque vão ajudar o adolescente a entender a situação. Muitas vezes, o preconceito vem da desinformação. Estamos super tranquilos com esse trabalho. Ele não vai ser censurado por pessoas homofóbicas.
A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Clara Goldman, que teve acesso ao material, também desconstrói a alegação de que o kit exerceria influência na orientação sexual dos adolescentes.
- O argumento esconde um princípio de que essa sexualidade é ruim e tem que ser combatida, evitada. Essa é a base do pensamento homofóbico. O kit não orienta, não estimula, mas problematiza. Coloca no seu devido lugar a discussão que deve ser feita. O objetivo é que as pessoas LGBT possam ser respeitadas e que caibam na nossa sociedade, nos nossos espaços coletivos, o respeito a essa diversidade.
De acordo com ela, o CFP apoia a iniciativa encampada pelo MEC.
- Acho que a ideia de se produzir um material específico, que possa orientar essa discussão, é muito bem-vinda. Nós apoiamos o kit, mas nosso apoio não se restringe a ele. É em relação à luta pela promoção dos direitos dessa população em todas as políticas públicas, não só na educação. Apoiamos como uma possibilidade a mais de que, na formação, essa questão possa ser discutida com mais qualidade, assentada em princípios que sejam realmente de direitos humanos.
Terra Magazine procurou a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas foi informada pela assessoria de comunicação que a entidade ainda não se posicionou sobre a questão.
Bullying
A Coordenadora Geral de Direitos Humanos do MEC conta que o ponto de partida para se pensar na elaboração de um material de combate à homofobia nas escolas foi uma pesquisa realizada em 2008 e publicada no ano seguinte, sobre preconceito, discriminação e bullying.
- Ela foi feita em 501 escolas de diferentes regiões, com quase 20 mil atores. Foi comprovado que o grau de homofobia é altíssimo. Pesquisamos vários aspectos: pessoas com deficiência, a questão de gênero, orientação sexual. Os homossexuais estão entre os mais discriminados. Em cima disso, a Secad entendeu que era preciso desenvolver ações para assegurar o direito à educação de todas as pessoas.
E acrescenta:
- Todo o material trabalha com a ideia de respeito à diversidade sexual, ajuda a entender que a a escola precisa respeitar os direitos humanos dos LGBT. O Ministério da Educação está preocupado exatamente com essa sociedade que vem cada vez mais batendo em homossexuais na rua, dando tiro, como aconteceu no Rio de Janeiro e em São Paulo. Uma sociedade que precisa ser educada para respeitar os direitos humanos.
Toni Reis recorre a um levantamento feito pela Unesco para enfatizar a necessidade de se aplicar o material didático contra homofobia nas instituições de ensino. "A pesquisa mostra que 40% dos adolescentes masculinos não gostariam de ter um gay ou uma lésbica na sala de aula. A evasão escolar entre homossexuais é grande", justifica.
Rosilea frisa que a capacitação dos docentes, para que possam trabalhar com o material, será prioridade. Segundo ela, o kit ainda não foi finalizado e terá que ser submetido ao Comitê de Publicações do MEC, para ser depois impresso e enviado às escolas.

10, 9, 8, 7, 6...

Estou em contagem regressiva para entrar de férias. É claro que nem tudo são flores: meu telefone não para de tocar. Nada mais irritante do que aos 45 min. do segundo tempo pessoas procurando para reunião. Meu deus do céu!
Tento não dar muita bola. Ainda tenho trabalhos para corrigir e notas para entregar. E o telefone NÃO PARA!
Fora isso (o que não é pouco), nada mais.
Hoje já é dia 20 e eu tenho ainda que passar por duas cidades antes de chegar ao Rio (de Janeiro). A ansiedade é tanta que o sono demora a chegar e fico com aquela impressão de que estou me esquecendo de algumas coisas importantíssimas e que serão lembradas assim que eu embarcar para as férias. Acabei de me lembrar que ainda preciso encontrar um aluna amanhã...tudo bem, esse encontro é prazeroso.
Minha cabeça está no bacalhau, no tender, na salada de frutas, nos presentes, no almoço com os amigos, no reencontro depois de alguns meses com a cidade. Minha vontade está nas areias da praia, na cerveja gelada, no cinema à noite, no almoço e nas compras com a Lulu, na risada com a Vanise, no chope com o Robson e Vera, enfim, no encontro com os amigos.
No  réveillon em Copa com os amigos aqui do Paraná, na queima de fogos, nos abraços e desejos de um ano novo cheinho de amores, beijos, corações a mil, dinheiro no bolso, de dias melhores, de noites agradáveis, de descanso, de sombra e muita água de coco. Pra todos nós.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Apenas uma casa no campo e nada mais (texto)

 Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número
e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.

Para você, desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente para
Repassar o que realmente desejo a você.

Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, ao rumo da sua FELICIDADE!!!
(Drummond - Cortar o tempo)

Tava por aqui pensando, pensando em como, mesmo que não sejamos religiosos, mesmo que não  tenhamos sido educados nas confraternizações natalinas, mesmo que não se tenha acreditado em papai noel, mesmo que, mesmo que, é praticamente impossível (pelo menos pra mim que me incluo naqueles detalhes) não pensar no natal como um momento, no mínimo, de reflexão.
Ainda que eu saiba que um ano não termina  quando ele acaba, ou que encerra no dia 31 de dezembro tudo o que foi feito ou não foi feito no decorrer do ano que se (es)vai.
Ainda que as promessas para o próximo ano sejam feitas e que comecem a valer apenas no e para o 1• de janeiro, aquele regime, aquela ida à academia, aquela vida nova, aquela alegria de viver, aquele cigarro que me faz mal, aquela depressão que me atrapalha ou promessas mais pontuais, tais como, preencher o diário para não acumular tarefas no fim de ano, consumir menos, me estressar menos no trabalho, ouvir mais do que falar, ter mais atenção no que faço etc. Nada disso é suficiente para pensar num ano independente do outro, mas, talvez, o bastante para querer pensar numa mudança (im)possível.
Estou aqui pensando no que quero para o próximo ano. Não quero muito. Quero uma casa no campo (como eu já moro no campo, fica mais fácil) onde eu possa compor muitos rocks rurais e tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais .... (e por aí vou). É bom pelo menos em pensamento acreditar numas boas mudanças.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Site divulga possível avanço na pesquisa contra o HIV (texto)

'Paciente de Berlim' recebeu tratamento com células-tronco em 2007. Médicos consideram que ele pode ter se livrado do vírus que causa a Aids.

O site "The Huffington Post" divulgou nesta terça-feira (14) que Timothy Ray Brown, conhecido como o "Paciente de Berlim", pode ser a primeira pessoa a ter se livrado do vírus HIV, causador da Aids, após tratamento com células-tronco. O caso de Brown, no entanto, é algo isolado, segundo os cientistas.
Médicos que monitoram o paciente afirmam que ele não possui mais o vírus, como resultado da aplicação de células-tronco em 2007, em meio a um tratamento contra leucemia.
O caso foi apresentado pela primeira vez em 2008, em uma conferência médica. Depois, foi publicado em 2009 em uma das principais revistas médicas do mundo, a "New England Journal of Medicine" (leia reportagem do G1 na época). Até então, no entanto, os médicos falavam apenas em um "desaparecimento" do HIV.

Agora, na revista científica Blood, da Sociedade Americana de Hematologia, eles afirmam que Brown foi "curado". "Nossos resultados sugerem fortemente que a cura do HIV foi alcançada neste paciente", diz o estudo, publicado em dezembro deste ano. 
Entenda o caso
Timothy Ray Brown era HIV positivo, mas nunca chegou a desenvolver a Aids. Para evitar o surgimento da doença, ele tomava diariamente medicamentos antirretrovirais. Quando descobriu que tinha leucemia e precisaria passar por um transplante de médula óssea, Brown teve que parar com a medicação contra o HIV. Em todos os outros pacientes, a interrupção faz a doença aparecer em questão de semanas. Em Brown, isso não aconteceu.
Os cientistas acreditam que a doença não se desenvolveu porque, para o tratamento contra a leucemia, Brown recebeu um transplante de células-tronco com uma mutação -- elas não possuíam um receptor chamado CCR5, que é vital à multiplicação do vírus da Aids. Como consequência, o organismo dele conseguiu recompor as células de defesa que tinham sido atingidas pelo vírus.
O caso de Brown é um avanço na busca pela cura do HIV, com base na aplicação de células-tronco geneticamente alteradas. O vírus da Aids infecta 33 milhões de pessoas em todo o mundo.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...