A angústia, em Freud, é um dos afetos mais complexos do humano. Ela não é simplesmente um medo ou um susto, porque o medo está ligado a um objeto definido — ter medo de um animal, de uma situação, de uma perda concreta. A angústia, ao contrário, é vivida como um mal-estar difuso, sem objeto preciso. Por isso, Freud a aproxima da experiência de desamparo: é a sensação de estar diante de uma ameaça, mas sem saber exatamente de onde ela vem ou como enfrentá-la.
Para Freud, a angústia está ligada à condição mesma de ser sujeito. Desde cedo, a criança experimenta momentos de separação, ausência e perda que ficam registrados na vida psíquica. Esses momentos reaparecem na angústia, que se apresenta como a marca de que o sujeito é atravessado por faltas e limites. Assim, a angústia não é um acidente ou algo que poderia ser totalmente evitado, mas uma experiência estrutural da existência.
Ela também se diferencia do simples sofrimento. O sofrimento pode vir de uma dor física ou de uma perda concreta, mas a angústia mostra que há algo para além disso: um vazio, uma falta que não se resolve apenas eliminando a causa imediata da dor. Nesse sentido, Freud vê na angústia um afeto que aponta para o que é mais radical no humano — a impossibilidade de ter garantias absolutas, o confronto com aquilo que escapa ao controle e à razão.
Dizer o que é a angústia em Freud, portanto, é dizer que ela é o afeto da falta e do desamparo. Ela nos lembra de que não temos respostas prontas para tudo, nem controle sobre a vida e suas perdas. Incômoda, inquietante, às vezes paralisante, a angústia é também um sinal de que estamos vivos, atravessados por desejos, incertezas e pela própria fragilidade que nos constitui.
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