A organização britânica Stonewall, que luta contra a homofobia, criou, no ano passado, o primeiro guia online que classifica as universidades como preparadas ou não para receber estudantes LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais).
Financiado pelo Google, o Gay by Degree está em sua segunda edição e analisou 160 instituições a partir da informação disponível em seus sites. São dez critérios – entre eles, se há funcionários treinados para evitar incidentes homofóbicos no campus. Apenas quatro universidades conseguiram a pontuação máxima nesta edição: Universidade College (UCL) e Imperial College, ambas em Londres, e duas no interior – a de Wolverhampton e a de Portsmouth. Na primeira edição, ninguém chegou lá.
Leia a seguir a reportagem completa:
Quais são os critérios que levam os jovens a escolher uma ou outra universidade? Além da qualidade do ensino, eles e elas querem saber se vão ser bem recebidos.
Foi por isso que a Stonewall, organização britânica que luta contra a homofobia desde 1989, criou, no ano passado, o Gay by Degree - o primeiro guia on-line que classifica as universidades como preparadas ou não para receber estudantes LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais).
Uma pesquisa da organização, de 2007, indicou que 65% dos estudantes LGBT enfrentavam em suas escolas o bullying homofóbico. Um terço das agressões, no ensino fundamental, vinha dos próprios professores.
“Os universitários que consultam nosso guia ficam felizes em saber que sua próxima experiência pode ser diferente”, afirma Chris Dye, um dos responsáveis pela realização do Gay by Degree (http://www.gaybydegree.org.uk/).
Não há um ranking, mas 160 universidades do Reino Unido são avaliadas sob a luz de dez critérios.
Veja abaixo os dez critérios de classificação usados no Gay by Degree.
1. Há uma política interna que protege os alunos LGBT de bullying?
2. Os funcionários são treinados para lidar com alunos LGBT e/ou impedir incidentes homofóbicos?
3. Existe alguma agremiação de alunos LGBT?
4. Há informação disponível aos estudantes sobre temas relacionados a LGBT?
5. A instituição tem o selo Stonewall Diversity Champion, tipo de credenciamento para quem participa da rede em prol da diversidade nos ambientes de trabalho?
6. Há eventos especialmente realizados para alunos LGBT?
7. Há algum tipo de apoio financeiro exclusivamente oferecido aos estudantes LGBT?
8. Há uma ouvidoria específica para alunos LGBT?
9. Há aconselhamento profissional específico para alunos LGBT?
10. Há uma rede atuante de funcionários LGBT?
Segundo os realizadores do guia, “para que a informação pública e de fácil acesso seja um critério a priori”.
“Algumas escolas avançaram. Elas estão usando o guia para comparar-se umas às outras e melhorar a qualidade como recebem os novos alunos. Muitas fizeram mudanças nos sites para que as informações ficassem mais visíveis”, diz Dye.
DIVERSIDADE
A Universidade College de Londres, uma das que aparecem no topo do Gay by Degree, conta com um departamento de igualdade e diversidade desde os anos 1990. “É um ponto muito importante para uma universidade que abriga alunos de 140 países. É preciso sempre reforçar o respeito às diferenças”, diz Fiona McClement, conselheira do departamento.
Davina Moss, que começa em Cambridge em setembro, usou o guia no ano passado para poder “desempatar” escolhas. “Entre minhas dez eleitas, usei a informação para saber mais sobre a postura da universidade”, diz.
Cambridge, aliás, uma das universidades mais velhas e tradicionais do mundo, com mais de 800 anos de idade, é considerada pelo guia a mais “gay friendly” do Reino Unido - apesar de atingir apenas oito critérios da lista.
Anthony Woodman não vê nenhuma contradição nisso.
“Rigor intelectual e pensamento crítico sempre andaram juntos aqui, e a escola sempre esteve à frente nas questões de seu tempo”, diz o presidente da organização estudantil CUSU-LGBT, que afirma ter 700 membros em sua lista virtual de discussão.
LIVRE PENSAR
Para Alexander Bramham, estudante e coordenador de eventos da Sociedade LGBT da Universidade de Oxford - mais um grande nome entre as tradicionais e antigas universidades inglesas -, não há surpresa em ver essas duas instituições com boas avaliações no Gay by Degree (Oxford também atende a oito critérios).
“Oferecer um espaço de qualidade para a educação tem a ver com promover a igualdade e a tolerância no campus”, afirma Bramham.
A organização em que trabalha, liderada por um comitê de alunos eleitos anualmente, nasceu em 1969. Hoje, sua página oficial no Facebook, segundo o estudante, já tem mais de 200 membros.
“A universidade deve ser um lugar onde as pessoas possam aprender mais sobre si mesmas. Eu não teria escolhido Oxford se não visse essa abertura aqui”, completa.
“Não conheço outro guia parecido“, afirma Chris Dye, da Stonewall, que comemora os já ultrapassados 7.000 visitantes únicos desta edição.
Na era dos rankings no ensino superior, eles serão apenas o primeiro?
Pergunta do editor: Depois de ler o artigo acima, você tem alguma sugestão de universidade inclusiva, com boa receptividade as pessoas LGBT, ao menos que tenha um discurso próximo da Educação Sexual de forma Transversal? Universidades deveriam ter disciplina de Educação Sexual, também? Sim ou não, porque?