sábado, 20 de agosto de 2011

Sou eu (Ivan Lins e Chico Buarque)


Na minha mão o coração balança
Quando ela se lança no salão
Pra esse ela bamboleia
Pra aquele ela roda a saia
Com outro ela se desfaz da sandália
Porém depois que essa mulher espalha
Seu fogo de palha no salão
Pra quem ela arrasta a asa
Quem vai lhe apagar a brasa
Quem é que carrega a moça pra casa
Sou eu
Só quem sabe dela sou eu
Quem dá o baralho sou eu
Quem manda no samba sou eu

Na minha mão o coração suspira
Quando ela se atira no salão
Pra esse ela pisca o olho
Pra aquele ela quebra o galho
Com outro ela quase cai na gandaia
Porém depois que essa mulher espalha
Seu fogo de palha no salão
Pra quem ela arrasta a asa
Quem vai lhe apagar a brasa
Quem é que carrega a moça pra casa
Sou eu
Só quem sabe dela sou eu
Quem dá o baralho sou eu
Quem dança com ela sou eu
Quem leva esse samba sou eu
Na área o robário sou eu
Desculpe a modéstia
sou eu
Adiós pampa mía
Sou eu
Sou eu
Sou eu

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Digno de pena (texto)

A cada dia sou convencido de que, na maior parte das vezes, a pergunta que se faz na universidade quando se é solicitado é: se eu posso te atrabalhar por que eu iria ajudar?

Digno de nota (texto)

RIO - A partir de hoje, quinta-feira, dia 18 de agosto de 2011, os fãs da cantora Marisa Monte poderão acompanhar em seu site oficial http://www.marisamonte.com.br/ as novidades sobre o seu novo disco, o oitavo da carreira, previsto para ser lançado ainda no segundo semestre deste ano. Seus fãs ainda poderão escolher a rede social de preferência para receber as novidades.
Marisa Monte é a mais nova artista a usar a internet como ferramenta de divulgação de seu novo trabalho. Chico Buarque, em junho, criou um site para publicar vídeos exclusivos, fazer pré-venda seu novo disco e apresentar um show com música inédita.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

As entranhas da homofobia (por Bia Cardoso)

A homofobia é a aversão, ódio ou discriminação contra homossexuais e, consequentemente, contra a homossexualidade. Para ser homofóbico não é preciso agredir um gay ou uma lésbica. A homofobia e qualquer tipo de preconceito tem suas sombras e suas sutilezas. O fulano que não dança “música de viado”, a ciclana que diz para o irmão: “um desperdício você ser gay”, o beltrano que não acredita que lésbicas sejam felizes, a pessoa que se refere a travesti sempre como cidadãos de segunda categoria.
A misoginia é a aversão, ódio ou discriminação contra mulheres. Quando é que essas duas formas de preconceito se encontram? No preconceito contra gays efeminados, lésbicas, travestis e transexuais.
Interessante é que a caricatura mais aceita dos personagens gays nos meios de comunicação é a da “bichinha super animada, cheia de gírias”. Geralmente é um personagem que gera simpatia, mas que não tem o respeito dos telespectadores, é apenas o bobo da corte. Não é o personagem principal, é apenas o alívio cômico. O mesmo acontece com travestis e transexuais. Já com as lésbicas a coisa muda de figura, elas raramente são personagens de programas populares como novelas e, quando existem, não têm seu romance e nem enredo plenamente desenvolvido. Flutuam como se só existissem para criar manchetes nas revistas de fofoca sensacionalistas.
Masculinidade e feminilidade existem e se definem em sua relação e por meio dela. São as relações sociais de sexo marcadas pela dominação masculina, que determinam o que é considerado “normal” — e, no geral, interpretado como “natural” — para mulheres e homens.
A crueldade que enxergamos atualmente com a utilização e disseminação de termos como “heterofobia”, “ditadura gay” e “propaganda de opção sexual” mostram o quanto a artilharia vem pesada. A criação de um Dia do Orgulho Heterossexual acaba sendo o resultado do funil. Toda vez que uma determinada minoria social começa a se organizar, ganhar voz, exigir direitos e combater preconceitos, há a reação conservadora, de quem quer ver gays apenas em seus guetos, confinados em mundos subterrâneos e notívagos paralelos. De quem afirma que o cara pode até ser gay, mas não pode ser efeminado.
A homofobia e o machismo caminham lado a lado. Quem em nossa sociedade repassa de geração a geração a ideia de que homens não podem ser frágeis, devem ser másculos e viris? É imperativo se desassociar do mundo das mulheres e das crianças para se tornar um homem. Queremos respeito aos homossexuais por serem quem são. Queremos que ofensas e violências sejam punidas. E as pessoas vêm dizer que queremos privilégios sociais. Veja bem, querer respeito significa querer ser privilegiado? Numa sociedade em que qualquer criança ouve desde pequena que menino não pode ser bicha, que menina não pode fazer coisas de menino, querer o fim do preconceito significa privilégio?

– O backlash homofóbico –
A intolerância vem em forma de avalanche, covardemente mascarada por uma defesa da moral, dos costumes e da família. Temos atualmente um representante declaradamente homossexual na Câmara dos Deputados, a maior Parada do Orgulho LGBT do mundo, as músicas da subcultura LGBT estão nas paradas de sucesso, avançamos em alguns direitos básicos como a união estável. Mas, por outro lado, vemos os canhões sendo apontados. Gays, lésbicas e travestis sendo atacados e mortos em locais públicos dos grandes centros urbanos. Leis estapafúrdias sendo propostas. Muito espaço nos meios do comunicação para figuras caricatas e perigosas com Jair Bolsonaro e Silas Malafaia. Gritos de vitimização, pobres coitados oprimidos pela ditadura gay. Esse é o backlash homofóbico, a reação contrária e conservadora que visa barrar as mudanças sociais em relação aos direitos de homossexuais, bissexuais, transexuais e transgêneros. O backlash é como uma chicotada nas costas, para aprendermos onde é nosso lugar. E tem como principal instrumento de disseminação a mídia conservadora, com seus códigos, ângulos e criações de mitos.
Todos sabemos que a sexualidade humana não é uma caixa fechada, como tantos religiosos e conservadores querem nos fazer acreditar. A sexualidade também faz parte da construção social. Porém, como tudo, sofre com conjuntos de regras e normas que visam a manutenção e permanência da sociedade heterocentrada. Não há espaço, dentro da normalidade, para nada que não seja a heterossexualidade. Qualquer outra manifestação é considerada diferente, nunca “normal”. A instituição da heterossexualidade e a obrigatoriedade da reprodução são elementos essenciais que organizam a sexualidade.
Então, como é possível existir heterofobia se todas as referências que temos na sociedade são heterossexuais? A invisibilidade da homossexualidade é explícita na publicidade, nos meios de comunicação, nos materiais escolares. Os movimentos feminista e LGBT são o estopim para uma crítica radical às normas sexuais. E é na representatividade política que o backlash mais age. Perceba que cada vez mais a mídia busca minimizar e desmoralizar as lutas dessas bandeiras. Não há mulheres declaradamente feministas em programas de TV, é difícil achá-las até mesmo entre as entrevistadas. E não há gays ou lésbicas assumidos em programas de destaque. A sexualidade contemporânea avançou na questão do sexo por prazer e no seu exercício fora da instituição do casamento, mas não permite o reconhecimento social e jurídico de outras formas que não o modelo heterossexual.
Em relação às qualidades físicas, sociais e culturais, os papéis sociais que cada sociedade atribui aos sexos são confundidos com as diferenças ligadas à fisiologia da reprodução; quando se fala dos homens e do masculino, designa-se o conjunto geral da humanidade, o universal, o “normal”, e dá-se um lugar específico às mulheres e ao feminino. É aí que a homofobia encontra sua forma. Um dos crimes mais cruéis que existem é o estupro corretivo de lésbicas, porque é inconcebível existir prazer sexual sem a figura do pênis. Ao mesmo tempo, uma das maiores fantasias eróticas heterossexuais é o sexo entre duas mulheres, que só é aceito porque elas estarão ali para o deleite do olhar do macho. Lésbicas não podem escapar ao controle masculino. Aos “verdadeiros” homens, aqueles que mostram em tudo e sobretudo uma imagem e comportamentos considerados viris, são dados os privilégios da honra, do poder, da colocação das mulheres ou de homossexuais efeminados à disposição doméstica e sexual. Além do direito a realizar agressões e violências.
É preciso deixar claro que a homofobia é uma forma de controle social que se exerce principalmente sobre os homens, mas também sobre as mulheres, desde os primeiros passos da educação. Desde o momento em que é vetado aos meninos certas brincadeiras e às meninas certos comportamentos. Além disso, a homofobia assegura a produção e reprodução das fronteiras de gênero que reificam a dominação da heterossexualidade e a visão bicategorizada de gênero. Isso reduz a identidade sexual ao comportamento imposto pelo gênero, excluindo o desejo e a subjetividade humana.
O discurso homofóbico é conservador e ao mesmo tempo reclama das mudanças proporcionadas por ações ditas “politicamente corretas”. Não há espaço para se pensar fora da caixa. E, principalmente, não há espaço social para que pessoas homossexuais, bissexuais, transexuais e transgêneros vivam suas vidas plenamente. A homofobia pode impedir pessoas de estudarem e trabalharem. Também pode cercear seus direitos à saúde, segurança e aos direitos humanos, apenas porque uma pessoa gosta de outra pessoa do mesmo sexo. O backlash é, ao mesmo tempo, requintado e banal, muito decepcionado com as mudanças “progressistas” e orgulhosamente retrógrado. Ostenta novas descobertas científicas para reafirmar como éramos felizes no passado, com o moralismo bolorento impregnando todos os espaços.
Nesse momento vemos que as conquistas do movimento LGBT são chamadas de “privilégios” e vistas como a praga contemporanêa que ameaça deliberadamente a virilidade da sociedade machista. Tenha certeza, ninguém nos dará espaço na sociedade de livre e espontânea vontade. É preciso brigar e mostrar que sexualidade humana é muito mais do que macho e fêmea, como afirma Silas Malafaia, é diversidade e liberdade.

Disponível em: http://www.amalgama.blog.br/08/2011/as-entranhas-da-homofobia/ 

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Esquentando os tamborins (texto)

No Rio, dizemos esquentando os tamborins quando estamos próximos do Carnaval e, sobretudo, se frequentando ensaios de escolas de samba, experimentando fantasias, no ritmo da maior festa da cidade, enfim.
A expressão siginifica muito mais do que estar envolvido com o carnaval, dizer esquentando os tamborins é querer dizer que estamos nos aprontando para algum evento, seja ele qual for.
Estou esquentando os tamborins, mas só revelo o motivo em uns dias. Para isso me indicaram a leitura do livro da Sônia Bridi, Laowai, que em chinês quer dizer estrangeiro.
A Sônia, perdoe-me a intimidade, foi com o Paulo (seu marido e tb repórter) morar na China em 2005. Depois de 32 horas de voo, contando as escalas, chegaram no Oriente para montar a primeira base da TV Globo do outro lado do mundo (do outro lado, porque parto sempre da minha referência).
O livro é muito interessante, não só porque nos revela uma cultura tão distinta da nossa, mas porque a jornalista escreve bem e com humor, ainda que tenha passado por poucas e boas (e quando escrevemos por poucas e boas queremos dizer, muitas e más).
São 335 páginas, mais um anexo com as fotografias do Paulo Zero. Estou passando pelo primeiro 1/3 do livro. Comprei-o na quinta-feira e, sempre que me sobra um tempinho, fico grudado nele. Pena que amanhã é segunda-feira e já sei que, por conta do trabalho, não terei muito tempo para ler.
Termino a leitura até sexta-feira, dessa semana. Porque aí sim, começo com uma pequena série que vai durar 15 dias aproximadamente.
Quem se interessa por outras culturas e pelas impressões de uma jornalista que mudou com a família para a China, não pode deixar de ler o livro. A editora é a Letras Brasiliense e já está na sexta edição: Laowai - História de uma repórter brasileira na China.

sábado, 13 de agosto de 2011

"Foi um motim de consumidores excluídos", diz sociólogo Zygmunt Bauman

Um dos mais influentes acadêmicos europeus, já descrito por alguns comentaristas mais entusiasmados como o mais importante sociólogo vivo da atualidade, o polonês Zygmunt Bauman viu nos distúrbios de Londres uma aplicação prática de suas teorias sobre o papel do consumismo na sociedade pós-moderna. Um assunto que o acadêmico, radicado em Londres desde 1968, quando deixou a Polônia após virar persona non grata para o regime comunista e por conta de uma onda de anti-semitismo no país, explorou bastante em conjunção com as discussões sobre desigualdade social e ansiedade de quem vive nas grandes cidades.
Aos 85 anos, autor de dezenas de livros, como "Amor líquido" e "O mal-estar da pós-modernidade", Bauman não dá sinais de diminuir o ritmo. Há cinco anos, no lançamento de "Vida para Consumo", uma de suas obras mais populares, fez uma turnê por vários países. Em entrevista ao Globo, por e-mail, ele afirma que as imagens de caos na capital britânica nada mais representaram que uma revolta motivada pelo desejo de consumir, não por qualquer preocupação maior com mudanças na ordem social.
- Londres viu os distúrbios do consumidor excluído e insatisfeito.
O GLOBO: O quão irônico foi para o senhor ver os distúrbios se concentrando na pilhagem de roupas e artigos eletrônicos?
ZYGMUNT BAUMAN: Esses distúrbios eram uma explosão pronta para acontecer a qualquer momento. É como um campo minado: sabemos que alguns dos explosivos cumprirão sua natureza, só não se sabe como e quando. Num campo minado social, porém, a explosão se propaga, ainda mais com os avanços nas tecnologias de comunicação. Tais explosões são uma combinação de desigualdade social e consumismo. Não estamos falando de uma revolta de gente miserável ou faminta ou de minorias étnicas e religiosas reprimidas. Foi um motim de consumidores excluídos e frustrados.
O GLOBO:Mas qual a mensagem que poderia ser comunicada?
BAUMAN: Estamos falando de pessoas humilhadas por aquilo que, na opinião delas, é um desfile de riquezas às quais não têm acesso. Todos nós fomos coagidos e seduzidos para ver o consumo como uma receita para uma boa vida e a principal solução para os problemas. O problema é que a receita está além do alcance de boa parte da população.
O GLOBO:Trata-se de um desafio a mais para as autoridades na tarefa de acalmar os ânimos, não?
BAUMAN: O governo britânico está mais uma vez equivocado. Assim como foi errado injetar dinheiro nos bancos na época do abalo global para que tudo voltasse ao normal - isso é, as mesmas atividades financeiras que causaram a crise inicial - as autoridades agora querem conter o motim dos humilhados sem realmente atacar suas causas. A resposta robusta em termos de segurança vai controlar o incêndio agora, mas o campo minado persistirá, pronto para novos incêndios. Problemas sociais jamais serão controlados pelo toque de recolher. A única solução é uma mudança cultural e uma série de reformas sociais. Senão, a mistura fica volátil quando a polícia se desmobilizar do estado de emergência atual.
O GLOBO:Jovens de classe baixa reclamam demais da falta de oportunidades de trabalho e educação. O senhor estranhou não ter visto escolas pegando fogo, por exemplo?
BAUMAN: Qualquer que seja a explicação dada por esses meninos e meninas para a mídia, o fato é que queimar e saquear lojas não é uma tentativa de mudar a realidade social. Eles não se rebelaram contra o consumismo, e sim fizeram uma tentativa atabalhoada de se juntar ao processo. Esses distúrbios não foram planejados ou integrados, como se especulou no início. Tratou-se de uma explosão de frustração acumulada. Muito mais um porquê que um para quê.
O GLOBO:Mesmo o argumento de protesto contra os cortes de gastos do governo não deve ser levado em conta?
BAUMAN: Até agora, não percebi qualquer desejo mais forte. O que me parece é que as classes mais baixas querem é imitar a elite. Em vez de alterar seu modo de vida para algo com mais temperança e moderação, sonham com a pujança dos mais favorecidos.
O GLOBO:Mais problemas são inevitáveis, então?
BAUMAN: Enquanto não repensarmos a maneira como medimos o bem-estar, sim. A busca da felicidade não deve ser atrelada a indicadores de riqueza, pois isso apenas resulta numa erosão do espírito comunitário em prol de competição e egoísmo. A prosperidade hoje em dia está sendo medida em termos de produção material e isso só tende a criar mais problemas em sociedades em que a desigualdade está em crescimento, como no Reino Unido.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A gente se supera (texto)

Vc é  um cagonildo, diria um grande amigo sobre mim. Eu teria que, em parte, concordar com ele. Sou mesmo um cara medroso. Inseguro até o pescoço. Mas eu disse que a concodância é apenas em parte, porque ainda que eu seja um cara com os meus medos (e quem não os tem?), ele não me paralisa. Não me impede de acreditar que pode ser diferente.
Já achei que ia morrer, já morreram grandes amigos, já perdi minha mãe (grande perda), já perdi muitos amores, outros amigos foram morar longe, já fui morar longe, fui reprovado algumas vezes, ouço "não" quase todos os dias, já passei altas vergonhas, mas não deixo que o medo me impeça de resistir. Passei por todos esses momentos e quando se está atravessando um deles não dá, quase sempre, para achar que há superação.
Eu posso dizer que há. Até a morte a gente supera. A gente supera a dor. A gente se supera. E por mais que nos pareça impossível, insuportável, dolorido, angustiante, intransponível, sufocante, por mais forte que seja a pressão, vai acalmar. Bem, não estou falando de solução, não escrevo sobre isso, mas sobre a tranquilidade que, mais cedo ou mais tarde, chega.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...