domingo, 1 de janeiro de 2012

1º de Janeiro

Seriam 70 se não fossem três. Mas não vou mais lamentar, pelo menos não aqui, a morte da minha mãe. Hoje seria o dia de seu aniversário. Ah, como ela reclamava de completar anos no primeiro de janeiro, dizia todo ano que quando era criança os adultos se esqueciam porque estavam mais preocupados com a comemoração do ano novo, além, é claro, do presente que era sempre, por conta da proximidade com o natal, apenas um. 
Dá uma saudade imensa sempre. A vontade de falar é constante. Sabe aquelas ligações despretenciosas que a gente dá para a mãe para não falar nada, apenas para dizer que tá com saudades, que lembrou de alguma coisa? Pois é, sinto muito não poder fazer isso.
Mas inda bem que existem os sonhos e podemos, nele, reexperimentar, abraços, cheiros, carinhos, beijos. Hoje sonhei com ela. 

sábado, 31 de dezembro de 2011

E vc, o que faria?

Como sonhar não custa quase nada, fiquei pensando o que eu faria caso ganhasse os 170 milhões na Mega-Sena da Virada, Primeiro, eu iria me inteirar sobre o que realmente significa ganhar 170 milhões. Depois, saber quantos campos de futebol eu poderia comprar com essa quantia: aqui é o país do futebol e todas as medidas são a partir da metragem de onde se joga bola (foram mais de 30 campos de futebol desmatados, área corresponde a 60 campos de futebol etc., só para se ter uma ideia do quanto somos bombardeados com essas proporções.). Em seguida, eu ia enlouquecer por uns 3 dias só de pensar que não teria mais nenhuma preocupação (pelo menos pelos próximos 5 anos) com grana, na verdade com falta de grana.
Aí, casava e me mudava. Comprava uma peruca (cabelo natural). Nunca mais seria careca, pelo menos não em público. Ah, comprava tb uns dois carros (não aguento mais tanta chuva e frio quando de moto). Não me perguntem o porquê de dois carros, nem eu sei o sentido disso, mas com tanto dinheiro, tudo que fosse 3 ainda seria pouco.
Comprava, comprava, comprava até cansar e quando estivesse bem cansado de comprar, comprava mais um pouco. Acho que com dinheiro para tantos campos de futebol, dava para comprar ainda mais. Muito dinheiro deve servir para isso, né não: viajar, comprar, comprar enquanto se viaja, comprar viagens, viajar comprando.
Pronto, já decidi o que faria no primeiro mês depois de ficar rico. E vc, o que faria?

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Retrospectiva Do Avesso/2011


Definitivamente, 2011 não foi um ano fácil, mas não estou aqui para falar da minha vida particular, ainda que eu não tenha como separá-la completamente do que escrevo aqui no blog. Mas a proposta é falar, exclusivamente, dele. Vou tentar.
Escrevi muito e não me dei conta do tanto de linhas que imprimi aqui nesta tela, foram mais de 3750 linhas, dava, quase para uma tese de doutorado, meio chinfrim, não posso negar, mas uma tese, de qualquer maneira.
Algumas vezes faltaram ideias para escrever, bem verdade, mas no geral, elas apareceram inspiradas, sobretudo, pelo site da Globo (G1), pelas revistas Época, Junior, Trip, Superinteressante, pelos jornais Folha de São Paulo, O Globo, Estadão, pela TVs aberta ou fechada, pelas viagens que fiz, pelos assuntos que ouvi na rua, pelas conversas com amigos ou pelas experiências no trabalho (em relação a este, dava um blog inteirinho apenas sobre esses dias e eu ainda por cima me desentupiria), por textos a mim enviados sem, necessariamente, ter alguma relação com o blog, mas que acabaram ilustrando alguma reflexão.
Procurei escrever sobre tudo, gosto desse exercício de pensar nos assuntos que me encontram, sejam eles quais forem: futebol, cidades, violência, livros, comida, amizade, sexualidade, enfim. Se música, então, aí é um prato cheio.
Foram mais ou menos 250 pequenos textos e imagens. Foram mais de 10 viagens que me ajudaram com inspirações diversas. Fiquei fora do ar, por conta de Pequim, mas fui salvo pelo Alexandre que recebia meus textos e os publicava (dá para perceber pela disposição das fotos publicadas por ele que não eram as mesmas usadas por mim, mas elas ficam assim até para evidenciar aquele momento censura).
Foi muito bom, em muitos momentos, ter, este ano, o blog para poder escrever. Escrever é uma maneira que encontrei de, além de me expressar e estar em contato com o mundo (muitas vezes inalcançável geograficamente), extravasar as minhas angústias, frustrações, irritações, alegrias, felicidades, surpresas, encontros, despedidas. Pude, através dos textos, compartilhar lugares que vi, pessoas que conheci, sons que ouvi, amizades que reafirmei. Através do blog viajei por muitos lugares, ri, chorei. Quase uma análise.
Nunca parei por aqui sem a vontade de escrever. Bem ao contrário, sempre parti do prazer do texto. Quando não havia vontade, simplesmente não escrevia. Obrigação não combina com a escrita, digo, com essa escrita que aqui produzo.
Obrigado a todos que por aqui passaram e deixaram (ou não) algum comentário. Eu também escrevo para ser lido, mas não para que concordem comigo, ao contrário, gosto (também) quando há discordância porque assim posso pensar o por outro lado. Obrigado a todos. Um 2012 cheinho de vida, seja lá o que isso possa significar pra cada um de nós.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Nunca é o que parece ser (imagem)


Mais cedo ou mais tarde (texto)


 O caso do jogador Adriano tem sido o tema de muitos programas das tardes aqui no Rio (de Janeiro). E sobre ele, tenho ouvido diversas declarações. A que mais tem repercutido é o fato do jogador ter sido pobre, ganhar (muito) dinheiro jogando bola e consequentemente não saber administrar o que ganha (e a sua popularidade), como se isso fosse uma equação, uma causalidade.
Ouvi do ex-jogador Gerson que ganhar muito dinheiro assim tão rápido faz com que esses “meninos” percam a noção de quem devem ser (o do que são). Lembram desse mesmo comentário em relação ao Neymar quando num acesso “único” de raiva disse alguns palavrões para o seu técnico? Pois é, pobre Neymar. Quem mandou nascer assim? Pobre não serve nem para ganhar dinheiro. Acho que a solução seria não pagar nada a esses meninos até que completassem 30 anos, aí, já quase aposentados poderiam, quem sabe, ter juízo.
Não tenho ouvido a mesma equação quando se tratam de “meninos” da classe média. Aí a história passa ser outra: são os pais que não souberam dar limites. Tinham tudo com facilidade e, por isso, não conseguiam dar conta de suas responsabilidades (de quem poderiam ser/de quem eram).
Assim fica complicado entender o que acontece: se não sabem o que fazem porque foram pobres e deixaram de ser ou se nunca foram pobres e mesmo assim não sabem o que fazem.
Por que será que temos que explicar todos os casos de maneira padronizada? Por que é que cada caso não é um caso? Tem tanto jogador, inclusive é a maioria, que foi pobre e de repente ganha rios de dinheiro e não se envolve em escândalos de quaisquer naturezas.
Acho que a relação feita entre a pobreza e a falta de discernimento ou a incapacidade e a irresponsabilidade etc. é tão preconceituosa que esbarra no senso comum, no mais comum dos sensos.
Ou seja, a relação sempre é a de classe. Não se tem pra onde ir. Mobilidade alguma. Se é pobre e ganha dinheiro não vai saber lidar com isso e vai, necessariamente, meter, mais cedo ou mais tarde, as mãos pelos pés.

É como invadir uma caverna (texto)


Eu escrevo para me sentir vivo. É impressionante a sensação de prazer que me toma ao escrever, seja o que for. Gosto de ver as palavras se juntando num sentido, numa direção própria e traduzindo, dentro do seu possível, uma emoção qualquer. Às vezes fico atônito diante de suas combinações, diante dos lapsos que produzo, do silêncio que existe ali, do tanto que não disse, do dito, do que nem foi pensado mas que se faz presente. Escrever é invadir uma caverna sem luz, há riscos e impressões táteis que nos vão tomando, tocando. Esbarramos nas rochas, afundamos os pés: duro, mole, macio, frio, quente. Escrever é se descobrir.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Meio Europa meio América Latina (texto)

Um momento para se comemorar (quem, cara-pálida? perguntariam uns.), o país elevado à sexta economia mundial. Segundo o Mantega, é possível que em 20 anos o "nosso" padrão de vida seja europeu. 
Estou, como disse, de férias no Rio de Janeiro. E tenho percebido que ora estou bem próximo desse tal padrão europeu, ora estou mesmo no velho padrão brasileiro.
De certo, percebo que o "meu" salário e os serviços prestados, de uma forma geral, por aqui, ainda não podem ser comparados aos europeus. Hoje, por exemplo, almocei por R$30,00 reais, preço europeu (ah, em um restaurante que serve por quilo). No entanto, no mercado onde faço compras, aqui perto de casa, o atendimento é ainda padrão américa latina.As filas tb confirmam o mesmo padrão. E a educação, melhor nem tocar nelas.
Já as entradas de cinema já estão no padrão europeu. Mas vejam só, o orçamento que fiz para um painel japonês branco para cobrir cada uma das 4 partes que compõem a janela do quarto (metragem aproximadamente de 2,80m) era europeu, ou seja, R$1580,00 por parte. Como tenho 4 partes, o painel sai pelo pequeno valor europeu de mais ou menos R$6000,00. Apenas um pouco mais. É claro que esse orçamento aumentaria muito se eu estivesse no Leblon ou em Ipanema.
E se não quiser, tem quem queira. Né não? Podem acreditar.
Não é muito fácil estar e não estar ao mesmo tempo na Europa. Ou estar e não estar ao mesmo tempo na América Latina. A gente fica meio esquizofrênico, sem saber direito quem se é e onde se encontra. 
Eu preferiria mesmo, além dos serviços europeus, do salário europeu, uma distribuição de renda mais justa ainda que estivéssemos nesse padrão latino do Ministro. Agora, uns vivendo em um padrão Brasil (crescendo a olhos vistos com possibilidades de estar num europeu em 20 anos) e outra grande parcela vivendo como nas piores economias africanas é para-lamentar.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...