sábado, 12 de maio de 2012

CD - Ivete, Gil e Caetano (música)

Ivete Sangalo, Gilberto Gil e Caetano não precisam de apresentações. Ela, desde a Banda Eva, ainda que cantasse músicas que não me agradavam, chamava a atenção pela força de sua voz, pelo timbre, humor, beleza. 
Gil e Caetano fizeram parte de toda a minha adolescência (e do resto): minha mãe gostava  muito (e ouvia em casa) e eu, por tabela, aprendi tb a gostar. Os três juntos, e não poderia ser diferente, são maravilhosos: poesia, interpretação, música brasileira de alta qualidade e baianidade. Alguém precisa de mais alguma coisa? Eu, não.
Já foi época que um CD ao vivo não tinha qualidade: som ruim etc. & tal. Este Especial é bom demais! Comprei ontem e assim que pus o pé em casa, ele tá tocando.
Eu destacaria: Tigresa, Atrás da porta, Super-Homem,  Se eu não te amasse tanto assim, Olhos nos olhos, Dom de iludir.

Designer novo, humor renovado (texto)

Acabo de mudar o designer do blog. Escolhi, dessa vez, uma cor mais, digamos, celestial, mais tranquila, menos impactante. Quem sabe assim ele não me contamine de forma que eu fique tb mais calmo e sereno.
Vamos ver o que os amigos acham. Se é que os amigos vão achar alguma coisa.
Aproveito para escrever que tenho passado pouco por aqui. Tem sempre um dia dia em que a casa cai, e, como sugestão do poetinha, fui curtir o meu deserto, mas deixei uma lâmpada acesa e uma bebida por perto, caso a vontade e o tempo para escrever venham fazer uma visita inesperada.
É isso.
Bom final de semana, seja lá o que isso queira dizer.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Camundongos podem ser Rinocerontes (Paulo Mendes Campos)

“ …. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde.
Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: “Devo estar diminuindo de novo”.
Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente. E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha.   Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece.
E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. É isso mesmo.
A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo.
E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom humor.
Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões.
Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: “Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas”.
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: é feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça. “

Obs.: Uma amiga postou parte desse texto no Facebook. Fazia tanto tempo ... que e não  lembrava dele. Aí, achei lindo outra vez. E resolvi compartilhar. Tomara que alguém goste tanto que possa, como eu fiz, compartilhá-lo. Ele vai para Lucília, Lauro e Cris, com saudades.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A ideologia não é transparente (texto)

Ontem um amigo das antigas, lá do Rio de Janeiro, respondeu a um post que publiquei no Facebook sobre ensinar as crianças a respeitar as diferenças. Segundo ele, a linguagem usada nesses posts, palavras dele, davam a entender que as crianças deviam ser obrigadas a aceitar uma certa situação que nem mesmo os adultos sabiam ao certo se a aceitavam ou não. Disse ainda que parecia que queriam (indeterminado) empurrar garganta abaixo um certo comportamento.
Além de respondê-lo, usando para isso a situação dos negros (nos EUA e aqui no Brasil), já que ele é negro e, talvez, a partir desse exemplo ele pudesse pensar melhor sobre o que havia escrito, fiquei pensando em como não percebemos a ideologia falando através de nós.
Por exemplo, a bem pouco tempo atrás, as mulheres não podiam votar, trabalhar fora, se separar de maridos violentos, reclamar de maus tratos, deviam manter casamentos infelizes porque era assim que devia ser (eu poderia elencar tantos outros exemplos). Era dessa maneira e pronto. 
Quanto sofrimento!! Quanto desrespeito em relação à mulher! O que fez com que essa situação mudasse não foram lutas por direitos iguais? Não foram mulheres (e homens) dando a cara a tapa para que elas e outras (que hoje sequer dão conta desse movimento porque hoje é natural que não seja mais daquele jeito) tivessem os mesmos direitos que os homens (e olha que ainda falta bastante para sermos tratados com igualdade e o mesmo respeito)? 
Pois bem, não tenho dúvida em relação a isso. O mundo muda a partir das vontades de mudança. Ou alguém ainda em sã consciência acredita que homens são superiores às mulheres? Que homens devem ganhar mais do que as mulheres? Que homens são mais capazes que as mulheres? Duvido!
Naturalizar comportamentos como se eles tivessem que ser como são ou não conseguir parar para pensar que os sentidos cristalizados (sobre sexualidade, posição políticas etc) poderiam ser outros, é, não perceber a ideologia produzindo os seus sentidos de naturalidade em nós.
Crianças devem sim saber respeitar os outros. A educação escolar é fundamental nesse sentido (ou deveria ser): o mundo não é o quintal da nossa casa, não é apenas, pelo menos. Tampouco, é só o que acreditamos que ele seja. 
Não devemos deixar que nos empurrem garganta abaixo nenhuma verdade, mas não podemos enfiar goela abaixo as nossas vontade e crenças.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cotas raciais (texto)

Sempre fui a favor das cotas raciais. Nunca neguei essa minha posição. Sempre desconfiei de quem era pela "meritocracia", porque ela nunca existiu. Tb nunca compartilhei do discurso de quem dizia que se devia pensar então no ensino fundamental e médio, antes de pensar nas cotas raciais para as universidades. 
Porque sempre considerei que não daria para esperar 30 anos até essa situação da qualidade do ensino público fundamental e médio prodizisse a tal promoção baseada em qualidades pessoais. Não descarto com isso a preocupação em relação ao ensino público de qualidade. 
Eu estudei em escolas públicas boas, com professores bem formados, mas não dou aulas para negros na universidade pública em que atuo como professor faz 20 anos (não, se eu pensar na quantidade de negros e afrodescendentes com os quais esbarro no dia a dia). Tenho em uma turma de primeiro ano do curso de letras, de mais ou menos 64 alunos, 4 alunos negros.
Nenhum aluno, na atual turma do mestrado ou do doutorado, afrodescendente. Cadê a democracia racial desse país? Não existem negros competentes, dedicados e que merecem por méritos pessoais ocupar os bancos da universidade pública e de qualidade? Tem alguma coisa muito errada aí e que não se explica quando se defende a meritocracia.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

1969-2012 (eu acrescentaria).

Tem coisa mais desagradável do que aluno mal educado? Provavelmente sim, para quem não é professor e não precisa ficar ali aguardando a criatura chegar atrasado, começar e terminar um papo com o colega, tirar o casaco, se sentar e finalmente, perceber que a aula já havia começado.
Tem coisa mais chata do que aluno que não entende o que vc diz e, ao ouvir o que ele pressupõe ter ouvido, quer saber por que não pode chegar atrasado mais do que dez minutos do início da aula? Provavelmente sim, mas acho melhor nem comentar.
Eu sempre parto do seguinte ponto: o meu tempo é tão importante quanto o tempo do aluno, por isso, eu não chego atrasado, não falto, não fico batendo papo furado enquanto as horas são devoradas.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...