Eu não vivo me perguntando qual é a melhor capital da Europa para ser gay. Mas toda informação nova me é benvinda.
Na quinta-feira, dia 17, quando se comemorou o Dia Internacional
contra a Homofobia e a Transfobia, um estudo - o primeiro no gênero -
fez um levantamento da situação no Continente e chegou-se à conclusão de
que o Reino Unido é o melhor país europeu para aqueles que se dedicam
ao amor gaio, bissexual, transgênero e pessoas ditas intersexuais.
No Reino Unido, revela a obra que esteve um bom tempo em gestação, é
onde os gays, para usar de um rótulo geral, porém não desabonador, têm
mais oportunidade de exercitar seus direitos legais e até mesmo
paralegais.
O reconhecimento da chamada 'parceria civil' e as leis
antidiscriminatórias elevaram a nação, com Família Real, Câmara dos
Lordes, Parlamento e toda sua pompa e circunstância, ao topo da
Associação Européia Internacional Lésbica e Gay (a ILGA-Europa) cujo
index dá notas a 49 países em mais de 40 categorias.
O casamento, propriamente dito, parece ser agora apenas uma questão
de tempo. O povo está deixando bem claro sua posição nessa história:
pouco importa sua sexualidade, casamento, com véu e grinalda, se
quiserem os nubentes, é uma reunião de dois entes que se querem e
desejam, diante dos olhos de Deus e dos homens, passarem o resto de suas
vidas juntas.
Quem previsse este estado de coisas há uns 10 anos seria chamado de
louco ou, em cidades e vilarejos mais obscurantistas (e como os há),
talvez até caçado a pedradas ou, mais extremameente, queimado na
fogueira.
O país, que vive dias de inquietude, graças à recessão e a agora
notória desiguladade social, diante, ou melhor, sob um governo
vacilante, contraditório e, segundo os mais extremados, à deriva das
grandes questões do momento, ainda não abriu de todo seu jogo nessa
questão que, em partes mais atrasadas do mundo, ainda é, com sorte,
apenas tabu.
A Grã-Bretanha é o país onde gays, lésbicas, transexuais e
transgêneros sentem-se mais seguros e mais a salvo dos chamados 'crimes
de ódio' ou meras galhofas e maldades.
A Grã-Bretanha, segundo sua ministra da Justiça, Theresa May, por uma
vez na vida (vive em apuros essa notável política), se disse
'satisfeitíssima' em constatar que seu país liderava e mostrava às
outras nações continentais qual o destino a obedecer.
Não poupou elogios também ao ministério do Exterior, que foi dos
primeiros a abrir o caminho para, em meio a tantas vicissitudes outras, o
país mostrar o caminho a seguir numa questão humana de rara
sensibilidade, tendo inclusive colocado no papel o primeiro plano de
ação transgênero. E acrescentou a ministra Theresa May: 'Precisamos
evitar a complacência e continuar fazendo do Reino Unido um grande país
para todos viverem e trabalharem juntos'.
O que foi o equivalente a uma bofetada na Rússia e na Moldávia,
países que, juntamente com Ucrânia, Armênia, Belarus, Azerbaijão e
Turquia, e talvez até mais surpreendentemente, Macedônia, Lichtenstein,
Mônaco e San Marino ficaram lá por baixo no ranking gay.
Reino Unido ou Grã-Bretanha, chamem de que quiserem, mas ainda
continua líder em muita coisa importante neste continente cada vez mais
velhão e patusco.
G1 em 18/05/2012