Hoje eu precisava ligar para D. Helô para conversar um pouquinho que fosse, dizer a ela apenas que não ando lá muito bem e ela, certamente, me diria qualquer coisa para me fazer rir. Depois, diria que anda tb com saudades e que não vê a hora de estarmos juntos. Não vejo a hora de estarmos juntos outra vez.
ossǝʌɐ op: É UM ESPAÇO PARA EU ESCREVER SOBRE O QUE GOSTO E NÃO-GOSTO: FILMES, DISCOS, LIVROS, FOTOGRAFIAS, TV, OUTROS BLOGUES, PESSOAS, ASSUNTOS VARIADOS. NENHUM COMPROMISSO QUE NÃO SEJA O PRAZER. FIQUEM À VONTADE PARA CONCORDAR OU DISCORDAR (SEMPRE COM RESPEITO E COM ASSINATURA), SUGERIR OU OPINAR. A CASA É MINHA, MAS O ESPAÇO É PARA TODOS.
terça-feira, 15 de julho de 2014
Da Série Contos Mínimos
Desde cedo ele soube que chega o instante em que a emoção vai tomando conta de tudo: é como o leite que ferve. E a gente transborda.
Onde a gente menos espera...
Quase sempre é assim, a gente encontra onde não procura e onde procura quase nunca acha. Eu ando ansioso com a volta, com um tanto de coisas que preciso fazer aqui e no retorno ao Brasil: além das coisas pessoais, os relatório do Programa de Licenciaturas Internacionais, prestação de contas deste projeto, relatório para a Capes, além de dar conta dos alunos que precisam terminar a dissertação tão logo eu chegue em Cascavel, etc. e etc. e etc.
Aí, inda agora, enquanto eu almoçava, a Ana, uma amiga que fiz aqui e que trabalha no tal restaurante, "percebeu" que eu não andava muito alegre e começou a me dizer coisas que, em geral, ela não diria, nunca disse, pelo menos. Não me aguentei. Tentei me controlar mas fiquei muito emocionado.
A vida é desse jeito, a gente quando está indo embora de algum lugar vai deixando um rastro de carinho, de amizade, de portas abertas, de vontade de carregar todo mundo junto na mala (e carrega, de algum modo). Foi assim quando saí do Brasil e pelo jeito vai ser assim quando eu voltar para casa.
Eu sei que tudo tem prazo de validade: mesmo a gente não é pra sempre, mas eu sei que existe algum lugar em que tudo isso fica guardado: a gratidão, esse carinho que se recebe, o abraço dos amigos, o olhar, uma mão que desliza no nosso braço nos dizendo "não fique assim não... isso tb vai passar..."
Esse reservatório anda cheio, muito cheio porque já fui embora tantas vezes e tantas vezes recomecei. Não é medo de recomeçar: não tenho medo dessa vida, já encarei tanta coisa sozinho. É só a sensação de que tudo é um círculo.
Sou feito de água e ela transborda sempre.
Vange Leonel (São Paulo, 4 de maio de 1963 — 14 de julho de 2014)
“Não gosto de despedidas. Ainda que me alivie pensar que os ciclos se fecham, e realmente desejo e espero que seja assim, despedidas formais me deixam constrangida. Adoraria escrever um texto de encerramento como se fosse uma simples coluna de meio de temporada. Mas é impossível: tenho que fechar o ciclo”. (Vange Leonel)
segunda-feira, 14 de julho de 2014
A Tarde (Francis Hime)
Quando estou sozinha no meu canto,
Penso muito nas pessoas,
Penso muito nos seus cantos,
Penso quanto foi difícil para cada um falar,
E sinto o coração se confortar,
E fico por um tempo meio assim,
E penso em sentimentos meus,
E penso em sentimentos
Quantos edifícios,
Tantas casas,
Tanta gente dentro,
Como será?
Que sonhos terão?
Será tudo em vão?
Eu juro que não...
E os morros vão ficando azuis
Sobre essa cidade
Sobre essa cidade,
Eu já estou pronta
Pra viver a minha idade,
Pra entender a liberdade,
Pra contar pros nossos filhos
Uma história de amor...
E até quem sabe pra fazer amor,
E é bem capaz de gente ser assim...
E a tarde vai caindo em mim,
Sobre essa cidade,
E eu fico pensando assim
E a tarde vai caindo em mim,
Sobre essa cidade,
E eu fico pensando assim
Ludo real (Chico Buarque e Vinícius Cantuária)
Que nobreza você tem
Que seus lábios são reais
Que seus olhos vão além
Que uma noite faz o bem
E nunca mais
Que salta de sonho em sonho
E não quebra telha
Que passa através do amor
E não se atrapalha
Que cruza o rio
E não se molha
Ê, ê, ê andaia
A lua ê, a lua ê
andaia
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