terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Como uma boa lembrança

Bem, hoje remexendo nas minhas coisas, aqui no Rio, encontro  6 cartas antigas. 3 delas da minha mãe. Todas de 1999. Não foi fácil lê-las. É um turbilhão de lembranças e sentimentos misturados que me levam pra muitos lugares, nem todos bons, nem todos fáceis de rememorar ou de estar.
De toda forma, foi muito bom poder reler essas cartas (mesmo me transbordando) e me lembrar de coisas que estavam acontecendo à época. 
Minha mãe estava sempre preocupada, querendo saber se eu tinha grana, se eu estava me alimentando bem, como estava o trabalho, quando eu voltava para o Rio etc. (assim como a maioria das mães o fazem). Em uma delas, ela sugere que eu largue as aulas na universidade e volte para as aulas de segundo graus, no Rio, para ficar mais próximo.
Em todas as cartas ela faz referência à conclusão do mestrado. As cartas eram de abril de 1999 e muito provavelmente eu devia tá numa tensão daquelas. Esse período não foi fácil! Eu defendi a dissertação apenas em julho desse ano.
Ela me escrevia muito. E eu tinha todas as cartas até me mudar para o Rio, para o doutorado. Nessa mudança, perdi todas elas (com exceção dessas 3). A esperança é a de que um dia eu as encontre. Sabe-se lá. 
São 3 cartas de abril, dia 09, 15 e 18. Ela me escrevia muito mesmo e era bom demais receber notícias também por escrito. Nos falávamos quase que diariamente por telefone.
Bem, restaram 3 cartas. Duas delas de um ex de Curitiba, que havia voltado para a casa dos seus pais, em Blumenau. Foi tão bacana poder reler essas cartas. Não namoramos por muito tempo, apenas ficamos algumas vezes.
Uma dessas cartas ele me escreveu no dia do meu aniversário: faz exatamente 16 anos. É tempo demais! Eram cartas ora de despedida, ora de amor, ora de saudade. Ela era muito confuso em relação a mim. Era um menino, ele devia ter uns 20 anos. Nunca mais nos vimos. Ele deixou de responder as minhas cartas, eu liguei certa vez para a casa de seus pais e eles me disseram que ele havia ido embora (mais uma vez) e nos perdemos. Tentei encontrá-lo numa rede social, mas ele à época já era tão alternativo que não me surpreende que não participe dessas redes. Bem, a vida tem dessas coisas, e se encontrar e se perder também fazem parte.
A última carta também de um namoradinho de final de semana. Nos conhecemos em Curitiba em algum lugar que agora já não me lembro. Foi um final de semana intenso. Ele estava sozinho e era um cara muito agradável e bonito. Trocamos cartas por um bom tempo. Não me lembro qual o motivo que nos afastou, acho que a minha volta para o Rio em 2004 ou ele ter se casado outra vez, sei lá. Alguma coisa assim. Faz tempo e já não me lembro mais dos detalhes.
Essa carta não foi também fácil de ler. Por motivos bem distintos dos das da minha mãe. Mas ali ele escreve coisas sobre mim que hoje ainda me são caras e presentes. Acho que em certos aspectos não mudei tanto assim como eu pensava e ler aquilo (claro que não vou mencionar aqui já que se tratam de coisas muito pessoais) me tocou.
Mas foi uma boa lembrança e eu o reencontrei numa rede social e enviei um convite de amizade. Fisicamente, estou tão diferente. Ele não. Não sei se ele vai me reconhecer. Vamos ver...
Bem, essas histórias antigas e tão atuais foram muito agradáveis de reviver.  Bom saber que pessoas deixam também boas lembranças em nossas vidas. Tomara que eles se lembrem de mim com carinho. Recontar o passado quase sempre é melhor do que vivê-lo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Da Série Contos Mínimos

Não tinha sido "aproveitar uma oportunidade", como eu supunha. Ou era aquilo ou era praticamente nada. Ele não tinha alternativa: morava numa favela com a mãe e os quatro irmãos,  abandonou bem cedo a escola, não conheceu o pai. Eles quase não tinham o que comer. Os dois irmãos mais velhos foram mortos pelo crime organizado do qual faziam parte. Sua vida já estava quase definida até que conheceu um italiano e foi embora com ele.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Da Série Contos Mínimos

De fevereiro até novembro, ele pensou apenas em morrer. Nesse longo e tenebroso tempo, por diversas vezes, achou que a melhor solução para as suas angústias seria por fim a própria vida. Não o fez. E não sabe até agora o motivo de não tê-lo feito. Se morrer fosse apenas abrir aquele portão que estava ali diante dele, ele certamente o teria atravessado.

Desconstruindo gênero

Bem, quem me conhece de verdade, quem convive comigo, conviveu (e conviverá) deve saber que não tenho o menor jeito para trabalhos que envolvam eletricidade, cimento, massa, encanamento e coisas afins (de consertar chuveiro, ou mesmo trocar lâmpadas). 
Eu tremo demais, não tenho paciência e conhecimentos suficientes para realizar nada disso. Sou um zero, definitivamente.
No entanto, para a minha surpresa e depois de ficar por mais de duas semanas tentando encontrar alguém que resolvesse o meu problema: remover e recolocar o rejunte do banheiro do meu apartamento no Rio, eu mesmo o fiz.
A internet é mesmo a enciclopédia dos novos séculos. Não há o que não se encontre por aqui. 
Bem, procurei no Youtube algum tutorial e eis que encontro não apenas um mas vários ensinando desde de preparar a massa, os instrumentos necessários e cada etapa do processo até a limpeza que se deve fazer após a aplicação do rejunte. Eu fiz. Tá lá secando e amanhã, depois de 12 horas de aplicação e secagem, vou ver  resultado desse novo trabalho.
A cara não é a das melhores, mas fiz como se fosse um profissional. Tô feliz com a atitude. O lema é: se não tem quem o faça, faço eu mesmo.
Tenho uma grande amiga, Jacicarla, que é a rainha desses pequenos afazeres. Ela é praticamente um faz-tudo. Quando ela ainda morava em Cascavel, foi diversas vezes no meu apartamento para consertar, trocar, colocar no lugar, instalar, enroscar alguma coisa. Tudo ela sabia/sabe fazer. Eu morria de vergonha, e ela ali desconstruindo gênero.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Da Série Contos Mínimos

Abriu a porta do seu apartamento como fazia toda manhã. Mas ela não dava mais para o grande corredor do seu prédio. Estava em algum lugar e não sabia como sair dali.

Um ano inteiro que ficou...

Os dias voam. E, de repente, um ano inteiro ficou lá atrás. Não propriamente como se o passado não mais nos pertencesse. Não! Nunca é desse jeito se a vida continua. 
Dentro da "vida" tem "ida", porque a vida é assim, pra frente. E é bacana essa ideia de um novo ano para renovar os votos de felicidades e planejar os próximos dias: gosto dessas promessas que fazemos a cada 31 de dezembro. 
É inspirador acreditar na possibilidade dos novos tempos (mesmo que eles sejam apenas uma continuação de tudo aquilo que fizemos/vivemos no ano anterior. E quase sempre é assim). 
Também fiz as minhas promessas. Dessa vez, fui mais ponderado, prometi apenas o que preciso mesmo fazer para melhorar a minha qualidade de vida: é claro que isso esbarra em um montão de gente, mas, em princípio, depende muito de mim.
Já coloquei em prática um pouquinho do que me prometi para 2015. E vou acreditando nisso.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Da Série Contos Mínimos

Ela não apareceu. Logo hoje! Não deu sinal de vida. Não ligou. Nem uma mensagem no celular...
Acho que ela não usa o messenger, não conhece o FaceTime, nem sabe usar o skype. Ela, definitivamente, não é das tecnologias. Vou olhar o Facebook pra ver se ela apareceu por lá. E se não der certo, peço a algum conhecido para mandar um whatsApp. Alguém deve ter o seu contato.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...