ossǝʌɐ op: É UM ESPAÇO PARA EU ESCREVER SOBRE O QUE GOSTO E NÃO-GOSTO: FILMES, DISCOS, LIVROS, FOTOGRAFIAS, TV, OUTROS BLOGUES, PESSOAS, ASSUNTOS VARIADOS. NENHUM COMPROMISSO QUE NÃO SEJA O PRAZER. FIQUEM À VONTADE PARA CONCORDAR OU DISCORDAR (SEMPRE COM RESPEITO E COM ASSINATURA), SUGERIR OU OPINAR. A CASA É MINHA, MAS O ESPAÇO É PARA TODOS.
quinta-feira, 11 de junho de 2015
sábado, 6 de junho de 2015
quarta-feira, 3 de junho de 2015
Em nome da sociedade e da família
O tempo passa rápido mesmo. Estamos no século XXI, eu já estou com 50 anos, cabelos (?) brancos, barba branca, estou a caminho da velhice. "Os tempos são outros" era uma oração frequente na boca da minha bisavó. E dependendo do que estamos falando, é mesmo outro tempo. Eles mudaram!
Mas, nem sempre essa mudança é pra frente. Às vezes damos muitos passos para trás.
Bem, ontem li no G1 que 20 reclamações chegaram ao CONAR em relação à propaganda do dia dos namorados do Boticário. O Conar é uma agência reguladora de propagandas (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária). Uma das suas atribuições é fiscalizar se há algum excesso nos anúncios (TV, rádio, outdoor etc.), ou seja, se produzem preconceitos, se expõem crianças, se reforçam estereótipos, se são discriminatórias etc.
A propaganda do Boticário do dia dos namorados apresenta três casais de namorados. Não ha beijo. Não há sexo. Não há nada além de trazer esses três casais formados por um homem e uma mulher, dois homens e duas mulheres comprando, no Boticário, o presente para o seu parceiro/parceira.
Foi o bastante para que provocasse Em nome da sociedade e da família um alvoroço daqueles. Quer dizer, nem sei se é daqueles porque foram apenas 20 reclamações registradas no CONAR e algumas postagens defendendo o Boticário nas redes sociais. Por isso, penso que algum burburinho causou.
O argumento usado numa das reclamações, título desse post, me chamou a atenção: "Em nome da sociedade e da família". Isso é recorrente quando o assunto é a homossexualidade. Já me fiz essas perguntas e vou fazê-las outra vez pra ver se consigo, nessa insistência, compreender o que se trata:
1. Qual é a sociedade que tanto é evocada quando se fala do mal causado pelo homossexual/homossexualidade?
2. Quem é que fala em nome dessa sociedade?
3. Por que o homossexual é e ao mesmo tempo não é parte da sociedade?
4. Quem o exclui? E por que o faz?
5. Por que ao se falar sobre a homossexualidade, ainda hoje, não se podem incluir palavras tais como "amor", "moral e bons costumes", "família"?
Essa sociedade, quando surge, me parece que é uma entidade que paira acima de todos os interesses. Como um deus. Ela não é a sociedade heterossexual, porque ninguém pode, em sã consciência, falar em nome de todos os heterossexuais. É um "nós" estranho de entender.
É um "nós" que se coloca em um outro lugar. Um lugar que o homossexual não pode/deve ocupar porque ele e seus costumes devem ser banidos, exterminados. A homossexualidade não tem/não pode ter espaço nessa sociedade.
Mas essa sociedade é abstrata porque tanto o gay, a lésbica, a/o travesti, o/a bissexual, o transgênero quanto o não-gay fazem parte dela. Inclusive ela é o que é porque é composta da forma como é composta. Parece óbvio demais pra ser escrito aqui. E é mesmo.
Tb não é um "nós" evangélico, como gostariam uns de acreditar, porque li manifestações muito maduras de internautas que se dizem cristãos e evangélicos e que se colocaram num outro lugar em relação à propaganda.
Mas essa sociedade é abstrata porque tanto o gay, a lésbica, a/o travesti, o/a bissexual, o transgênero quanto o não-gay fazem parte dela. Inclusive ela é o que é porque é composta da forma como é composta. Parece óbvio demais pra ser escrito aqui. E é mesmo.
Tb não é um "nós" evangélico, como gostariam uns de acreditar, porque li manifestações muito maduras de internautas que se dizem cristãos e evangélicos e que se colocaram num outro lugar em relação à propaganda.
Me parece que há uma falta com o que se preocupar porque o homossexual/homossexualidade passou a ser o que move a vida de algumas entidades religiosas.
Alguns religiosos midiáticos fizeram desse assunto a sua bandeira: uma panfletagem política.
Além disso, o Boticário é uma empresa que quer vender. Ela não está preocupa se vende pra gays ou héteros, brancos ou negros, altos ou baixos. A sua preocupação é com o lucro e ela, assim como o sistema econômico, que incluir o máximo possível de compradores. Não por um acaso, os seus publicitários pensaram nessa forma de anunciar a marca: ela coloca a empresa em evidência porque produz um "escândalo".
E, seria trágico se não fosse estratégico, o anúncio tem prazo de validade: dia 12 de junho é o dia dos namorados e muito provavelmente a peça sai do ar.
O CONAR nos avisou que tem prazo até julho pra avaliar essas reclamações. Ou seja, em julho, nada mais será importante.
E, seria trágico se não fosse estratégico, o anúncio tem prazo de validade: dia 12 de junho é o dia dos namorados e muito provavelmente a peça sai do ar.
O CONAR nos avisou que tem prazo até julho pra avaliar essas reclamações. Ou seja, em julho, nada mais será importante.
A minha impressão é a de que vamos nos (esse "nos" é inclusivo porque vai dizer respeito a todos nós, sem exceção) envergonhar muito quando, futuramente, alguém pesquisar a sociedade brasileira do século XXI e os seus discursos sobre a sexualidade. Andamos um pouco pra frente, é verdade, mas continuamos reproduzindo sentidos tão caducos em relação à vida sexual dos outros! Que pena!
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Dancê, Tulipa Ruiz 2015
E eu fiquei imaginando um CD de pista de dança. Depois, pensando bem, qual música não se pode dançar? Pra dançar basta ter vontade.
Bem, não acho que se trate disso. Não acho mesmo que seja um CD para dançar, não dentro daquele ideia (que eu tinha) de pista de dança. Agora, como eu disse, para danser avec vous basta ter vontade.
Eu dancei sozinho mesmo, mas mais do que isso eu curti demais as músicas, as letras, os arranjos, a voz. Bem, o CD é formidável. Não consigo pensar num outro adjetivo para defini-lo.
De cara, a música Reclame me pegou pelo humor e pela interpretação da cantora. Acordo todos os dias com uma música (deste CD) diferente na cabeça e aí ouço sem parar.
Inclusive, estou agora, enquanto escrevo, ouvindo Tafetá. Uma música que me remete às músicas dos anos 60, tipo Teletema.
Ah, Proporcional, terceira faixa, é outra música que gruda, no bom sentido.
Old Boy, penúltima faixa, que não tem nada a ver com pista de dança (naqueles termos), é a minha preferida . Me emocionou muito: tem uma melancolia na letra e um sax sensual, uma bateria excitante e um baixo que me vez velejar por aí.
Pra mim este CD é tão bom quanto os anteriores. Acho que ele nos dá a certeza de que ela é uma grande artista: cantora e compositora.
Vamos ouvir!?
terça-feira, 26 de maio de 2015
Estratosférica - Gal Costa - 2015
Desde a primeira audição, tive a impressão (eu não queria rimar) de que as letras e músicas me eram familiares. E isso não é negativo. Gostei de cara. O que é, em geral, difícil, porque, pelo menos comigo, as músicas vão entrando aos poucos e somente depois de ouvi-las por muitas e muitas vezes. Mas não foi isso que aconteceu com Estratosférica.
O mais recente CD de Gal Costa lançado no último dia 21 de maio, é excelente.
Com exceção da última faixa, todas as músicas são inéditas. Muitos compositores com uma longa trajetória na MPB. Os mais novos são bastante populares: há músicas de Mallu Magalhães, Marcelo Camelo, Céu, Thalma de Freitas, Junior Barreto, dentre outros. Uma parceria de Criolo e Milton (Nascimento), Tom Zé, Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Antonio Cícero, João Donato e Caetano e Zeca Veloso. Bem, com esse time, dificilmente teríamos qualquer coisa. E não temos!
Acho, é achismo mesmo já que não sou especialista em música, mas alguém que vive muito melhor porque existe música (e música brasileira). Digo sempre que se existisse um prêmio Nobel de Música (como existe para Literatura), certamente, teríamos muitos candidatos e premiados nessa categoria.
Gal até gravar o CD Recanto (CD anterior) não vinha de uma boa fase de bons discos (CDs). Ela vinha de regravações em regravações, sem surpresa, sem novidade alguma, sem arriscar, vinha no/do óbvio, daquilo que era certo vender e agradar. E agradava porque ela é uma cantora sensacional!
Não tenho muita certeza, mas acho que Aquele frevo axé foi o último CD em que ela trouxe alguma novidade (bem pouca), misturada, é claro, com muitas regravações.
Estratosférica é um grande trabalho: letras sensíveis, agressivas, impactantes. Me tocou, como eu disse, de cara.
Vale conferir.
Acho, é achismo mesmo já que não sou especialista em música, mas alguém que vive muito melhor porque existe música (e música brasileira). Digo sempre que se existisse um prêmio Nobel de Música (como existe para Literatura), certamente, teríamos muitos candidatos e premiados nessa categoria.
Gal até gravar o CD Recanto (CD anterior) não vinha de uma boa fase de bons discos (CDs). Ela vinha de regravações em regravações, sem surpresa, sem novidade alguma, sem arriscar, vinha no/do óbvio, daquilo que era certo vender e agradar. E agradava porque ela é uma cantora sensacional!
Não tenho muita certeza, mas acho que Aquele frevo axé foi o último CD em que ela trouxe alguma novidade (bem pouca), misturada, é claro, com muitas regravações.
Estratosférica é um grande trabalho: letras sensíveis, agressivas, impactantes. Me tocou, como eu disse, de cara.
Vale conferir.
sábado, 23 de maio de 2015
Da Série Contos Mínimos
Ele sempre vinha com a mesma conversa fiada. Achava que o tempo para refazer o mal-feito era ilimitado.
Precisou ouvir com todas as letras para compreender: Diferentemente de um jogo perdido ou de uma aposta que não deu em nada, e que é possível, no outro dia, jogar outra vez, arriscar de novo, a confiança perdida não dá segunda chance.
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