sábado, 6 de julho de 2024

L'Omas, Queen of Desert

Hoje bateu uma saudade enorme de amigos que deixei faz algum tempo porque os (nossos) caminhos se distanciaram. Sem mais nem menos, deparo-me com o filme Priscila, a rainha do deserto (1994 - título original The Adventures of Priscilla, Queen of Desert) no qual três amigos resolvem fazer uma viagem pelo interior da Austrália.

A medida em que o filme se desenrola, vou recordando uma época em que eu me sentia mais acolhido no mundo e o mundo fazia mais sentido para mim. Sábado, por exemplo, era um dia em que estaríamos juntos (Orlando, Marquinhos, Marcos, Paulo, Roberto, Dorian, Rafael e alguns outros que, neste momento, não consigo me lembrar dos nomes, mas seus rostos estão gravados em mim). Passaram-se mais de 30 anos. E parece que foi no sábado passado.

Alguns desses já morreram, outros não sei por onde andam. Alguns ainda tenho contato. Depois de tanto tempo, o que fica dessa amizade é o amor que (todo esse) o tempo não apaga. Foram dias felizes.

Sábado à noite era dia do L'Omas, a boate do Orlando, na Praia de Brisa, subúrbio do Rio de Janeiro. Eu voltava para casa com um sol enorme batendo na minha cara. Cansado de uma noite de risada, de música, de shows, de amizade. Enquanto escrevo vou me lembrando de episódios divertidos que dividíamos.

Acho que o que fica da vida e o que dela a gente leva é o amor que temos uns pelos outros. 

Eram outros tempos. Nem melhor, nem pior, apenas outros tempo. 



sábado, 29 de junho de 2024

Antes tarde do que mais tarde.

Há pessoas que só sabem receber. Há outras que só sabem dar o que sobra. Há algumas que não abrem em suas vidas espaços para os outros. E há também algumas pessoas que são tudo isso ao mesmo tempo.
E há também quem se acostume com essa situação. Você vai se acostumando a ceder, vai se contentando com o que sobra, vai se organizando para viver em um espaço que não o cabe .
Enquanto o outro também vai achando que não precisa dar nada, ceder nada, abrir nenhum espaço, porque está bom desse jeito. E está mesmo! Está tão confortável que o outro não consegue perceber o seu desconforto. É melhor não notar como o outro se sente.
E aí, o outro se justifica que dá o que pode, que o seu esforço não é reconhecido, que tem outras coisas tão importantes para fazer e que você não reconhece isso.
Mas tudo também tem um tempo. Pode demorar um pouco porque o preço de estar sozinho pode ser grande. 
E aí você se dá conta de que sempre esteve sozinho: que sempre se contentou com os restos (do tempo, das sobras etc.).
Antes tarde do que mais tarde.




É preciso estar atento

Se você insiste em uma situação que está perdida, você perde a oportunidade de começar algo que pode ser diferente. Uma coisa é saber o que você tem e como isso funciona, outra coisa é o novo que não necessariamente vai ser melhor, mas que certamente será diferente.

Tenho pensando muito nisso. As oportunidades estão em muitos lugares e precisam ser, pelo menos, vistas. A questão é que para vê-las, a gente precisa estar aberto e atento às oportunidades. O nosso olhar (e coração) nem sempre vê o que ali está (se) passando justamente porque está linkado ao que está perdido.

Não é fácil. Nada é fácil. Arriscar-se também não é.


terça-feira, 18 de junho de 2024

Da Série: Contos Mínimos

Ele ia contar para si que o dia não tinha sido dos melhores: ficou preso a um fato desagradável. Porém, percebeu o tanto de coisas outras que encheram os olhos de alegria.


domingo, 12 de maio de 2024

Porque a gente acredita, mesmo não acreditando muito, que vc está me protegendo


Faz quinze anos que vc nos deixou! Eu já era um homem. Vivia há um longo tempo longe de vc. Tive a sorte de conviver contigo por 44 anos. Um presente. Uma sorte Tê-la como mãe. Éramos bons amigos. Falávamos sempre por telefone: eu arrumava um motivo qualquer para ligar: - Mãe, como eu tempero peixe? - Mãe, e feijão? E vc respondia: - Garoto, já lhe expliquei mil vezes isso. Acho que vc tem algum problema.

Não sinto mais aquela tristeza ao pensar em vc. Sinto saudades. Tenho sonhado contigo nesses dias, mas não lembro do sonho além de saber da sua presença nele.

Não sei se acredito que vamos nos encontrar um dia: eu quero acreditar que sim. Queria ter sido um filho melhor. Sei que a senhora não se envergonharia do que sou hoje: levo comigo os seus princípios de respeitar todas as pessoas. Sou um cara honesto. Vivo a minha vida sem me preocupar com a de ninguém: se não posso ajudar, não atrapalho. Aprendi isso vendo. Mais importante do que qualquer teoria.

Nunca me senti tão sozinho quando vc se foi. Fiquei pensando: agora não tem mais ninguém. Pra quem vou ligar se estiver triste? Com quem vou compartilhar as minhas alegrias? A gente aprende a viver sem a mãe porque lá no fundo a gente ainda acredita que ela está nos protegendo, torcendo, nos guiando.

Feliz dias das mães, D. Heloisa.

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Uma aposta que se perde!

A gente aprende a lidar com a ausência quando só há ausência. Se a presença é escassa, se não há reciprocidade, se é preciso implorar a companhia, se a relação é pautada na mentira, se o outro sabe dividir apenas as vantagens, se vc não é prioridade. E aí vc se dá conta de que havia apenas interesses outros e vc não estava incluído. Em geral está na cara! A gente vai protelando. Finge que não vê. Finge que não ouve. Abre mão do que considera importante para manter o pouco que o outro lhe oferece. Até concorda com algumas regras mesmo não querendo. Por fim se dá conta de que ali não existia absolutamente nada.

Fim de relacionamento nunca é fácil. É uma frustração! É uma aposta que se perde. 



Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...