quarta-feira, 27 de maio de 2015

Dancê, Tulipa Ruiz 2015



Antes de ouvir o mais recente CD da Tulipa Ruiz, fui convencido pela mídia especializada de que se tratava de um CD de músicas dançantes. Dancê é o nome deste trabalho. 
E eu fiquei imaginando um CD de pista de dança. Depois, pensando bem, qual música não se pode dançar? Pra dançar basta ter vontade.

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Bem, não acho que se trate disso. Não acho mesmo que seja um CD para dançar, não dentro daquele ideia (que eu tinha) de pista de dança. Agora, como eu disse, para danser avec vous basta ter vontade. 
Eu dancei sozinho mesmo, mas mais do que isso eu curti demais as músicas, as letras, os arranjos, a voz. Bem, o CD é formidável. Não consigo pensar num outro adjetivo para defini-lo.
De cara, a música Reclame me pegou pelo humor e pela interpretação da cantora. Acordo todos os dias com uma música (deste CD) diferente na cabeça e aí ouço sem parar.
Inclusive, estou agora, enquanto escrevo, ouvindo Tafetá. Uma música que me remete às músicas dos anos 60, tipo Teletema.

Ah, Proporcional, terceira faixa, é outra música que gruda, no bom sentido. 
Old Boy, penúltima faixa, que não tem nada a ver com pista de dança (naqueles termos), é a minha preferida . Me emocionou muito: tem uma melancolia na letra e um sax sensual, uma bateria excitante e um baixo que me vez velejar por aí.
Pra mim este CD é tão bom quanto os anteriores. Acho que ele nos dá a certeza de que ela é uma grande artista: cantora e compositora.
Vamos ouvir!?

terça-feira, 26 de maio de 2015

Estratosférica - Gal Costa - 2015

A cantora Gal Costa, que lança o disco 'Estratosférica' (Foto: Divulgação)Desde a primeira audição, tive a impressão (eu não queria rimar) de que as letras e músicas me eram familiares. E isso não é negativo. Gostei de cara. O que é, em geral, difícil, porque, pelo menos comigo, as músicas vão entrando aos poucos e somente depois de ouvi-las por muitas e muitas vezes. Mas não foi isso que aconteceu com Estratosférica.
O mais recente CD de Gal Costa lançado no último dia 21 de maio, é excelente. 
Com exceção da última faixa, todas as músicas são inéditas. Muitos compositores com uma longa trajetória na MPB. Os mais novos são bastante populares: há músicas de Mallu Magalhães, Marcelo Camelo, Céu, Thalma de Freitas, Junior Barreto, dentre outros. Uma parceria de Criolo e Milton (Nascimento), Tom Zé, Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Antonio Cícero, João Donato e Caetano e Zeca Veloso. Bem, com esse time, dificilmente teríamos qualquer coisa. E não temos!
Acho, é achismo mesmo já que não sou especialista em música, mas alguém que vive muito melhor porque existe música (e música brasileira). Digo sempre que se existisse um prêmio Nobel de Música (como existe para Literatura), certamente, teríamos muitos candidatos e premiados nessa categoria.
Gal até gravar o CD Recanto (CD anterior) não vinha de uma boa fase de bons discos (CDs). Ela vinha de regravações em regravações, sem surpresa, sem novidade alguma, sem arriscar, vinha no/do óbvio, daquilo que era certo vender e agradar. E agradava porque ela é uma cantora sensacional!
Não tenho muita certeza, mas acho que Aquele frevo axé foi o último CD em que ela trouxe alguma novidade (bem pouca), misturada, é claro, com muitas regravações.
Estratosférica é um grande trabalho: letras sensíveis, agressivas, impactantes. Me tocou, como eu disse, de cara. 
Vale conferir.

sábado, 23 de maio de 2015

Da Série Contos Mínimos

Resultado de imagem para se eu cair no mundoSe eu cair no mundo, não me levanto mais: vou de festa em festa, de bar em bar, experimentando alegrias e sabores diversos. Nem vou querer saber se é dia ou noite, se cedo ou tarde. Vou aproveitar até o sono me pegar de vez.

Da Série Contos Mínimos

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Ele sempre vinha com a mesma conversa fiada. Achava que o tempo para refazer o mal-feito era ilimitado.
Precisou ouvir com todas as letras para compreender: Diferentemente de um jogo perdido ou de uma aposta que não deu em nada, e que é possível, no outro dia, jogar outra vez, arriscar de novo, a confiança perdida não dá segunda chance.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Da Série Contos Mínimos

Me dobrei como se dobra uma folha de papel até ficar bem pequenininho. De forma que eu coubesse na palma da minha mão. Fui me transformando em quadrados cada vez menores até atingir um ponto em que não me era possível virar-me sobre mim mesmo.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Memórias

Faz muito tempo que recebi esse recadinho triste e carinhoso de uma amiga que sabe o que diz e sabe como dizer:

"Alexandre, as mães não morrem. Elas ficam por aí piscando o olho pra gente - "cuidado, menino"; "ponha o casaco"; "vai mais um café, meu filo?", iluminando de memória o que a vida nos reserva. De memória e de ternura, pode crer." (Bea)

E sabe-se lá porquê eu não me lembrava mais dele, até que, de repente, me confronto, numa busca por mim mesmo, com um pedacinho de página online e lá estava ele me esperando.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

O homem quase nu

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Das situações que não acontecem apenas nas crônicas de Fernando Sabino ... Fiquei preso do lado de fora do meu apartamento. 
Tal qual O homem nu, resolvi, logo depois de acordar, fazer um café, mas me lembrei da plantinha que fica à porta de entrada do meu apartamento: ela estava reclamando água, faz alguns dias.
Café no fogo vou até a plantinha para lhe dar água. Um vento + uma porta que abre apenas por dentro = combinação dos infernos.
A porta bateu. Fico atordoado por alguns minutos. Mas me lembro de que estou sozinho, o café está no fogo e ninguém mais além de mim e da diarista (que está sabe lá onde) tem as chaves de casa. Desespero. Desespero total.
Estou com a roupa de dormir, com a cara amassada, barba amassada. Por que molhar aquela maldita planta justamente naquele momento? Me perguntei algumas vezes antes de pensar no que fazer. 
Desço correndo os três andares. Sinto cheiro de café. Abro a porta da rua e interfono para o apartamento da síndica. Ninguém atende. O alarme da porta da rua dispara (depois de 30 segundos). Fecho a porta. Abro-a novamente e interfono para meu único conhecido no prédio. Ninguém atende. Subo desesperado os 3 andares (agora me pergunto, pra quê?). Fico parado diante da minha porta alguns eternos segundos. Continuo atordoado. O café está pronto.
Desço dois andares, bato na porta do tal vizinho (único conhecido). A sua esposa me atende. Explico esbaforido a situação (alguém teria que abrir a porta da rua para eu entrar). Saio enlouquecido em busca de um chaveiro. Corro como nunca havia feito antes. Em menos de duas quadras encontro um e explico, quase sem fôlego, a situação. Um rapaz me acompanha. O cheiro de café inunda todo o bairro. Subimos os três andares em meio minuto. Ele abre a porta, em 3 segundos, usando apenas uma chave de fenda.

As pernas ainda bambas, entro na cozinha e apago o fogo. Ofereço café para o rapaz que não aceita e agradece. Eu lhe pago, ele vai embora e aproveito o café que já está pronto faz algum tempo

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...