No próximo dia 19 faz 4 anos que a minha mãe morreu. Pra mim, verdadeiramente, essa data não faz nenhum sentido, porque a mim me parece que ela morre todos os dias. Todos os dias, sem exceção eu tenho vontade de falar com ela para contar como estão todas as coisas por aqui. Mas não é sobre a chegada da data de sua morte que vou escrever.
Minha mãe, assim como eu, era professora. E era uma professora muito dedicada. Gostava muito do que fazia. Me lembro de muitas situações nas quais ela pensava primeiro na escola e nos alunos.
Tenho certeza de que ser professor tem muito a ver com o fato de ser seu filho. Em casa, eu brincava de corrigir provas, brincava com o mimeógrafo, brincava com o quadro negro e o giz. Diário de classe era, então, um sonho, mas com eles eu não podia brincar, naturalmente.
Todos os dias da sua vida, mesmo às vésperas da sua morte, ela me ligou para me desejar um feliz dias dos professores. No último ano de sua vida, na verdade, quem ligou foi a cuidadora. Ela já não estava conseguindo falar bem ao telefone. Mas deu todas as dicas. Eu fiquei do outro lado ouvindo ela falar baixinho, quase um silêncio.
Se ele estivesse viva, certamente, teria me ligado e seria, eu acho, a felicitação mais verdadeira em relação ao dia da nossa profissão. Diria, com certeza, "Liguei, meu filho, para te dar os parabéns pelo seu dia!!!" Isso faz uma falta tremenda. Isso faz muita falta.
Não vou ficar triste por isso. A vida é desse jeito. Primeiro os pais e depois os filhos.
Valeu, D. Heloísa, por ter me ensinado tanta coisa, por ser, mesmo quando não era, minha professora, ainda que fosse todos os dias, sem exceção.
Que lindo, Alê. Dona Helô, se posso chamá-la assim, devia ser superorgulhosa de você, sem dúvida!
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