segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Da (o)pressão à liberdade

Engana-se quem pensa que há um movimento homossexual lutando por uma causa comum. O grande movimento homossexual é formado, principalmente, por uma classe média que há muito já conquistou direitos tb sobre a sua sexualidade: o direito de vivê-la da forma que quer.
A (o)pressão sexual que essa classe sofre não é, nem de longe, a mesma da classe trabalhadora. As lutas aqui são ainda para sobreviver, são lutas contra a violência, contra a exclusão, contra o racismo, são lutas pelo mercado de trabalho.
As elites já conquistaram seu espaço. Poucos ainda se importam com quem eles/elas se deitam. E se alguém ainda se incomoda por aqui com o seu estilo de vida, eles/elas viajam para a Europa ou para os EUA e por  lá vivem a sua sexualidade de forma bem mais livre e segura.
A grande maioria ainda precisa se preocupar com os subempregos, com os baixos salários, com a invisibilidade, com a resistência da própria família em relação a sua orientação sexual. 
Bem, não estou dizendo que para a elite a causa da "indiferença" (no sentido positivo: o de não ser objeto de olhares, comentários etc.) esteja vencida. Mas, em geral, caga-se pra isso. Nada como um bom poder aquisitivo pra mandar vir isso de outros lugares.
Por isso, o movimento gay não consegue, por exemplo, eleger representantes que lutem por seus direitos. Por isso que as conquistas são sempre muito pontuais. São sempre muito lentas.
Mesmo que a gente saiba que a homossexualidade não se restrinja a uma ou outra classe, ou seja, está presente em todos os lugares, classes, cores, a despolitização por uma causa em comum, por uma luta que seja de todos/todas nos impossibilita de conquistar avanços significativos.

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