terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Nem centro nem escanteio

Não querer ser o centro da vida de ninguém, mas também não aceitar ser colocado de lado, é um desejo legítimo de equilíbrio nas relações humanas. Ser o centro implica uma posição de demanda constante, onde o outro gira em torno das nossas necessidades e expectativas. Essa posição, embora tentadora, pode ser sufocante tanto para quem ocupa esse lugar quanto para quem está ao redor. O que se busca, então, é uma relação mais saudável, onde o cuidado, o respeito e a atenção se equilibram sem que haja anulação de nenhum dos lados.

Por outro lado, ser colocado no escanteio é a vivência da exclusão e do descaso. É como se a nossa presença não importasse, como se as nossas palavras, sentimentos e gestos não tivessem peso ou lugar na vida do outro. Essa posição fere porque nega o desejo humano fundamental de pertencimento e reconhecimento. Querer ser prioridade, portanto, não é um capricho, mas um pedido para que nossa existência tenha espaço e valor. É reivindicar um lugar significativo na vida de alguém, onde haja tempo, dedicação e acolhimento mútuo.

O equilíbrio entre não ser o centro e não ser escanteado está na reciprocidade. Ser prioridade significa estar em um lugar onde somos ouvidos, cuidados e respeitados, mas sem sobrecarregar o outro com expectativas irrealizáveis. É desejar uma atenção que não venha do exagero, mas do reconhecimento da importância que se tem na vida de quem está ao nosso lado. Essa busca é um convite para relações mais maduras, onde existe espaço para o eu, o outro e o nós, sem perder de vista que toda conexão verdadeira se constrói na medida da atenção compartilhada.


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