Os cristãos de extrema-direita representam um segmento específico dentro das comunidades religiosas que, embora compartilhe princípios de fé cristã, articula sua prática e discurso a partir de uma forte aliança com valores conservadores e um projeto político marcado por autoritarismo. Essa vertente, ao reivindicar a defesa de uma suposta moral cristã, frequentemente instrumentaliza a religião como base de legitimação para pautas como a rejeição de direitos LGBTQIA+, a oposição ao feminismo e a limitação de políticas progressistas. Ao fazer isso, não apenas desconsideram a diversidade interna das comunidades cristãs, mas também tornam invisíveis outras leituras do cristianismo que se orientam pela inclusão, acolhimento e justiça social.
A atuação política dos cristãos de extrema-direita tem se ampliado em muitos contextos ao adotar um discurso polarizador, que constrói "inimigos" da fé, sejam eles políticos, sociais ou culturais. É comum que esses grupos se posicionem contra o secularismo e defendam uma fusão entre Estado e religião, buscando impor suas visões como normas para toda a sociedade. Em muitos casos, o discurso deles apoia líderes carismáticos que se apresentam como defensores da "moral e dos bons costumes", mas que, paradoxalmente, promovem políticas de exclusão e discursos de ódio, em nome de uma suposta guerra cultural contra o que chamam de "ameaças à família tradicional".
Uma característica central desse grupo é o uso de narrativas apocalípticas e a apropriação de textos bíblicos fora de seus contextos históricos para justificar posições extremistas. Essas leituras, ao serem simplificadas e usadas como ferramentas políticas, distanciam-se da complexidade da teologia cristã e ignoram o caráter simbólico de muitos textos sagrados. Essa abordagem promove uma fé baseada no medo e na intolerância, em oposição a princípios fundamentais do cristianismo, como o amor ao próximo, o perdão e a empatia.
É importante lembrar que a associação entre o cristianismo e a extrema-direita não representa o todo das comunidades cristãs, muitas das quais trabalham ativamente em prol da justiça social, da igualdade e do diálogo inter-religioso. A crítica aos cristãos de extrema-direita, portanto, não é uma rejeição à fé cristã em si, mas sim à manipulação dessa fé para fins ideológicos que contradizem os próprios valores que ela afirma defender. Em um mundo cada vez mais polarizado, é essencial distinguir entre as diversas vozes cristãs e reconhecer que o cristianismo, como toda tradição religiosa, é plural e multifacetado.
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