quinta-feira, 24 de abril de 2025

"Morir también es ley de vida"

A música Sanar, de Jorge Drexler, é um delicado exercício de poesia sonora que atravessa afetos com rara sensibilidade. A melodia suave e a interpretação contida realçam a profundidade que fala das dores do amor, da perda e da necessidade de cura. A beleza da canção reside justamente na capacidade de dizer o indizível — aquilo que escapa à razão, mas que atravessa a existência: o nascer e o morrer dos sentimentos, a finitude que nos constitui. Drexler escolhe as palavras com precisão quase cirúrgica, como quem tateia com cuidado uma ferida aberta, sem jamais perder a ternura. Sanar não promete salvação, mas propõe acolhimento; não esconde a dor, mas a humaniza.

Os versos “Y nadie sabe por qué un día el amor nace / Ni sabe nadie por qué muere el amor un día” são um mergulho no mistério do amor como acontecimento — ele irrompe sem aviso e desaparece sem explicação, como força que escapa ao domínio da vontade. E quando Drexler completa com “Y nadie nace sabiendo, nace sabiendo / Que morir también es ley de vida”, ele nos convida a reconhecer que a morte — seja ela simbólica, afetiva ou literal — está inscrita na própria condição de viver. Há aí uma sabedoria melancólica que reconhece o limite do saber e da linguagem, mas que, paradoxalmente, nos aproxima ainda mais da experiência compartilhada de sermos humanos. O que está em cena é a beleza da fragilidade e da incerteza, que só um artista como Drexler é capaz de transformar em canto.





Sanar (Jorge Drexler)

Las lágrimas van al cielo y vuelven a tus ojos desde el marEl tiempo se va, se va y no vuelveTu corazón va a sanarVa a sanar, va a sanar

La tierra parece estar quieta y el sol parece girarY aunque parezca mentiraTu corazón va a sanarVa a sanar, va a sanarY va a volver a quebrarseMientras le toque pulsar
Y nadie sabe por qué un día el amor naceNi sabe nadie por qué muere el amor un díaY nadie nace sabiendo, nace sabiendoQue morir también es ley de vida
Así como cuando enfríe van a volver a pasarLos pájaros en bandadasTu corazón va a sanarVa a sanar, va a sanar
Volverás a esperanzarte y luego a desesperarY cuando menos lo esperesTu corazón va a sanarVa a sanar, va a sanarY va a volver a quebrarseMientras le toque pulsar
Y nadie sabe por qué un día el amor naceNi sabe nadie por qué muere el amor un díaNadie nace sabiendo, nace sabiendoQue morir también es ley de vida
También es ley de vidaAh-ah, ah-ah

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