Há cerca de dois meses comecei a perceber a visão nublada, especialmente em ambientes muito claros. A luz intensa incomoda, embaralha os contornos, torna o gesto de olhar mais trabalhoso. Ler placas, acompanhar linhas de texto ou simplesmente manter os olhos abertos em certos espaços passou a exigir um esforço que antes não se fazia notar.
Tudo indica que esse estado tem relação direta com o uso prolongado de telas, com a leitura contínua e com a escrita em excesso. No ano passado, essas três atividades ocuparam grande parte dos meus dias e das minhas noites. O tempo diante do computador se acumulou, as pausas foram poucas, e o corpo, silencioso por um período, agora parece cobrar a conta. O uso de colírio tem amenizado um pouco essa sensação, oferecendo um alívio momentâneo, ainda que não resolva o problema de fundo.
Sem os óculos, o incômodo se torna ainda mais presente. Os olhos ficam secos, a visão turva, como se uma névoa persistente se interpusesse entre mim e o mundo. É um desconforto que não grita, mas insiste. Talvez seja o momento de escutar melhor esses sinais e aceitar que até o olhar, instrumento tão cotidiano, também precisa de cuidado.
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