domingo, 20 de julho de 2025

Dois amigos e uma vida inteira de histórias


O Dia dos Amigos é aquele lembrete meio piegas, meio necessário, de que ninguém caminha sozinho – e, se caminha, provavelmente está perdido ou de fone de ouvido. Eu, por sorte ou teimosia, tenho amigos que me acompanham há tanto tempo que às vezes duvido se são mesmo amigos ou se fazem parte do meu sistema nervoso. Entre tantos que marcaram minha trajetória, dois nomes brilham com a consistência de quem não falha nem quando falha: Robson & Vera.

A gente se conheceu no Rio de Janeiro, ainda na fase dos uniformes escolares, das provas de múltipla escolha e das descobertas confusas da adolescência. Estudávamos na mesma escola, morávamos no mesmo bairro e éramos daquele tipo de vizinhança que hoje parece ficção: porta aberta, lanche dividido e muito papo furado na calçada. Foi ali que se formou uma cumplicidade que atravessaria décadas, os empregos, os amores e os tropeços com a leveza de quem sabe rir até dos próprios fracassos.

Robson é o tipo de amigo que te liga para reclamar da vida, mas acaba te fazendo rir tanto que você esquece da sua própria desgraça. Tem aquele humor ácido que já viu de tudo e ainda guarda disposição para mais um capítulo. Vera não é muito diferente, a não ser pela sutileza... te responde como se batesse a porta na sua cara.  Ela tem uma escuta atenta. São diferentes, mas igualmente necessários.

Claro que, como toda amizade verdadeira, já passamos por distâncias, silêncios e sumiços que a vida adulta impõe. Mas o mais bonito é saber que, mesmo com os altos e baixos – e às vezes a gente vai bem lá embaixo –, essa amizade permanece de prontidão. Eles são daquele tipo que, se eu ligar de madrugada dizendo que estou com vontade de comer biscoito Globo e beber mate na praia, topam na hora (desde que eu leve o Uber, claro). E a recíproca, posso garantir, é verdadeira.

No fim das contas, amizade é isso: não precisa estar todo dia, nem dizer tudo certo, nem seguir roteiro de filme da Sessão da Tarde. Basta estar. E Robson e Vera sempre estiveram. No meu mapa da vida, eles são faróis teimosos: às vezes encobertos por névoas, mas sempre ali, firmes, me mostrando que caminhar junto é um presente. E que bom que, nesse Dia dos Amigos, eu posso escrever isso sorrindo – porque a memória afetiva, com eles, é um álbum cheio de boas risadas.

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