quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Um país generoso



O Brasil é mesmo um país generoso. A gente trabalha, paga imposto, enfrenta fila no banco e engarrafamento no trânsito para, no fim das contas, custear o salário de Eduardo Bolsonaro – que, do alto de seu mandato, empenha-se com afinco numa missão: trabalhar contra os interesses nacionais. Sim, somos um povo tão desprendido que bancamos até quem atua como advogado de causas estrangeiras. E não de qualquer estrangeiro, mas do nosso ilustre amigo do norte, Donald Trump, símbolo vivo do extremismo made in USA. É quase um programa de intercâmbio diplomático às avessas: nós pagamos, eles mandam a pauta.

Pense bem: enquanto nós professores, médicos e pesquisadores brasileiros precisam lutar por reajustes e recursos, o filho do ex-presidente ocupa o seu cargo público como se fosse um porta-voz de Washington, vendendo a imagem de que a extrema direita americana é o farol que devemos seguir. E tudo isso com um detalhe encantador: sendo sustentado pelo contribuinte brasileiro. É como pagar para alguém morar na sua casa e, em troca, ele distribuir panfletos dizendo que o vizinho rico é mais legal que você.

A relação é tão simbiótica que chega a ser poética. Trump alimenta a retórica de Eduardo, e Eduardo alimenta Trump com discursos e gestos que reforçam essa confraria política internacional. Enquanto isso, assuntos como soberania nacional, política externa equilibrada e defesa dos interesses do Brasil ficam no rodapé da agenda. É como se estivéssemos numa novela ruim em que o personagem principal sempre troca a própria família por um jantar no clube do outro lado da cidade.

E nós? Bom, nós seguimos no papel de figurantes que bancam o espetáculo. Pagamos os salários, as viagens e o megafone político, enquanto assistimos à cena se repetir: um representante eleito aqui preferindo trabalhar para lá. Talvez seja hora de rever o roteiro e perguntar se essa “internacional da extrema direita” vale o preço do ingresso – que, por sinal, está debitado diretamente da nossa conta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Um país generoso

O Brasil é mesmo um país generoso. A gente trabalha, paga imposto, enfrenta fila no banco e engarrafamento no trânsito para, no fim das cont...