domingo, 2 de novembro de 2025

Trabalhar até cansar do cansaço: o drama de quem não sabe quando é fim de semana


Há semanas que não têm fim — e não falo das estações do tempo, falo do trabalho. A sensação é a de estar preso num looping infinito de tarefas, e-mails, WhatsApp, prazos e “só mais uma coisinha antes de dormir”. De segunda a domingo, o relógio marca horas que não cabem mais no corpo. Trabalhar muito virou o novo normal, e o descanso, ah, o descanso... Eu tento negociar com o tempo, mas ele é um chefe implacável. 

No sábado, em vez de curtir o friozinho e a chuva, chegou mais um artigo para avaliar antes de eu conseguir finalizar o meu. No domingo, em vez de paz, me lembro dos comprovantes das passagens, dos certificados dos eventos e da prestação de contas para a pós-graduação. O café da manhã virou extensão da agenda (a xícara de café está sob a tela do PC) e a mesa do almoço, uma espécie de escritório improvisado (como e leio ao mesmo tempo). 

Enquanto os amigos postam fotos de churrascos, eu reviso os artigos (meus e dos orientandos) e respondo algumas mensagens. Há um momento em que o cérebro começa a pedir férias de si mesmo, mas o corpo, obediente, insiste em continuar.

E o pior: tudo isso parece sempre urgente. Cada tarefa vem disfarçada de catástrofe iminente — e não ouso dizer “faço depois” porque não vai dar tempo. O tempo livre virou um luxo, e a culpa, uma constante. É um tipo de exaustão que nem o sono resolve, porque mesmo dormindo o pensamento continua em modo “pendência”.

Mas aí chega a segunda-feira, e o ciclo recomeça, com a mesma convicção de quem acredita que agora vai dar tempo. Eu rio, mas é de nervoso — quando o corpo já desistiu de argumentar. Trabalhar demais é o esporte do professor. E o troféu? Uma pilha de tarefas cumpridas, 3 linhas novas no Lattes e um coração pedindo pausa.

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