quinta-feira, 16 de abril de 2009

O Público e a Privada II (texto)

A forma como a Câmara dos Deputados e o Senado resolvem a farra das passagens aéreas distribuídas por nossos representantes é no mínimo grotesca: a verba destinada às passagens será cortada em 20% na Câmara e 25% no Senado. E isso, é claro, resolve e põe fim ao celeuma envolvendo os políticos em Brasília.
Fico aqui imaginando como vai ser esse corte. Vinte por cento provavelmente nos bilhetes emitidos pelas empresas:
A conversa de um Deputado em Brasília com uma atendente:
-"Veja bem, será que a senhorita poderia cortar essa pontinha aqui? Será que essa pontinha corresponde a 20% do bilhete? Precisamos economizar, moralizar é a palavra de ordem. Se não corresponder, pode tirar mais uma pontinha. Ih, acho que vc exagerou, cortou mais do que devia. Mas tudo bem, se é para cortar, vamos dar o exemplo.", diz o deputado.
-?!$%???!!@&, responde a atendente.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Público e a Privada (texto)

Estou com uma grande dúvida, quem poderia me auxiliar? Se eu gasto indevidamente um dinheiro público (dinheiro que não é meu, ou melhor, o "dinheiro é meu", mas o seu gasto deve ser feito apenas e exclusivamente com fins públicos), ainda que fosse por "engano," e esse gasto fosse "descoberto", divulgado pela imprensa, caído na boca do povo e eu "arrependido" devolvesse todo o valor gasto indevidamente aos cofres públicos? Eu teria feito algo errado? Aquele meu primeiro ato ainda teria sido, mesmo depois da devolução, digamos assim, roubo? Qual crime foi cometido por mim? Se eu roubo dinheiro de alguém e o roubo é descoberto e então eu me "arrependo" (afirmo que a Culpa é dos assessores! Culpa dos assessores!) e devolvo a grana, não sou mais ladrão, não é?
Ah, se nada é descoberto, nem houve crime, naturalmente.

A carência de cada um (texto)

Deu no Globo.com. Que somos todos carentes, que preenchemos os nossos vazios das formas mais desesperadoras possíveis tb não é nenhuma novidade, mas certamente que manter um tamanduá como bicho de estimação para mim é total falta de noção. E como se não bastasse, vesti-lo com roupinhas de todas as estações.
Angela Goodwin, de Oregon, divide sua casa e sua vida com um tamanduá fêmea chamada Pua, que é cercada de mimos – entre eles, um suéter para que ela fique aquecida no clima frio da região.
“Eu comecei a vestir Pua e ela pareceu não se incomodar. Agora, ela tem seu próprio guarda-roupa”, diz Ângela, que cria o animal há três anos, desde que ele chegou da Guiana, onde nasceu - e onde a espécie está ameaçada. Tamanduás são conhecidos por serem inteligentes e, segundo a norte-americana, são extremamente amorosos com seres humanos. Angela e Pua são tão próximas que dividem a mesma cama. “Ela costuma dormir abraçando a minha mão”, diz.

domingo, 12 de abril de 2009

Siga o coelho (nanotexto)

Se você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.

sábado, 11 de abril de 2009

Simplesmente Feliz (filme)

Poppy (Sally Hawkins) é uma mulher de 30 anos que sempre sorri. Tem uma maneira muito especial de encarar a vida: procura entender o que acontece (e muitas coisas acontecem) com uma naturalidade particular. Sua inocência acaba nos contagiando e até mesmo nos surpreendendo. Ela procura compreender o outro ainda que o preço a ser pago não seja pequeno. É um filme que fala sobre o olhar sensível de uma mulher e de sua leveza. E, principalmente, de como a humanidade pode mover os nossos atos. Um pouco de bom humor não faz mal a ninguém. Vi hoje e vejo outras vezes. Gostei demais.

Canção do exílio - aos 40 e poucos anos (texto)

Ter 40 anos (e mesmo mais do que isso) no Rio de Janeiro não tem o mesmo peso nem valor dos mesmos 40 anos em Cascavel. Cada uma dessas cidades produz efeitos diferentes em relação à idade que se tem. A possibilidade de aqui no Rio ter 40 (e poucos anos) e encontrar pessoas nesta faixa etária com estilo de vida semelhante ao seu é muito mais comum de acontecer do que em Cascavel, por exemplo (a comparação aqui é entre uma cidade do interior - e acredito que isso deve ser comum a grande maioria delas - e uma capital litorânea).
Ser solteiro, sem filhos, ser livre e isso não significar, por exemplo, que vc já se aposentou (em quase todos os sentidos) é tão corriqueiro que não é uma questão para quem está nos 40 (e poucos) e mora numa Capital como o Rio de Janeiro em que, a cada esquina, vc se esbarra com tantas outras pessoas nesta mesma condição (nos cinemas, livrarias, praias, boates, bares, rua). Em Cascavel, por sua vez, esta situação é quase uma exceção: aos 40 (e tantos) se vc não está casado, com filhos, quase aposentado (em quase todos os sentidos), circulando com um grupo de amigos tb casados, com filhos etc. etc. etc., produz um efeito de algo "fora da normalidade". O tempo pesa mais no interior onde as cristalizações são mais marcadas.
Aqui o céu tem mais estrelas, mas elas se evidenciam mais por . Aqui se tem Palmeiras mas não se tem Sabiá, mas as aves que aqui gorgeiam, (definitivamente) não gorgeiam como .


sexta-feira, 10 de abril de 2009

Cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é (texto)

Adriano declarou hoje na TV que não se sente bem e que precisa, portanto, pensar sobre jogar futebol, que necessita parar para saber o que quer fazer (ou o que não quer), que não tem mais certeza se a vida que anda levando é a vida que ele desejou ter. E que, acima de tudo, não está feliz.
Especula-se (sempre) que o declarado não corresponde ao que anda acontecendo com o jogador (há rumores de envolvimento com drogas, álcool), mas supondo que ele diz o que sente, penso:
Quantos de nós não tem esta mesma vontade?
Quem nunca se perguntou se ocupa o lugar que deseja, mas sem condições de escolha, segue em frente ou, simplesmente, não dá muita bola para a infelicidade?
Pelé disse que a decisão de Adriano desmotiva as novas gerações. Desmotivar seria ganhar dinheiro a qualquer custo. Que custo alto, jogar bola sem vontade! A felicidade não está, definitivamente, no mesmo lugar para todas as pessoas. Ter opção sempre é melhor. Sorte a dele, seja lá o que o motivou (e torço para que seja a dúvida), ter condições de poder, com a idade que tem, com a grana que ganhou, escolher.
Nem é casamento, como acredita o Zagallo, que torna alguém mais feliz. Ou filhos que preenchem o vazio que se sente. O dinheiro tb não compra tudo. Ele quer "estar mais próximo dos amigos e da família" e acredita que dessa forma escontrará uma resposta, afirmou O Imperador.
Como admirador do seu futebol, sinto por sua ausência. Ele tem o direito de não querer o que querem que ele queira.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...