terça-feira, 9 de março de 2010

Primeira impressão (texto)

Dizem que a primeira impressão (e não estou me referindo a impressoras ou coisas afins) é a que fica. Tenho dúvidas. A (pouca) experiência me ensinou que, às vezes, ela engana. Na verdade, ela quase sempre engana. Pra ser sincero, ela engana muito. De qualquer forma, como é impossível não ser tocado por esse primeiro contato (mesmo que depois eu tenha que refazer o texto), gostei, de uma forma geral, desse meu primeiro ano do curso de letras.
Uns alunos firmes em suas opiniões. Dentre esses, uns mais arredios. Uns engraçados, tímidos, mas de forma geral, atentos.
Fiz alguns pedidos a Papai-Noel no fim do ano passado. E como fui um bom menino (na verdade não muito, mas O Bom_Velhinho não ocupa o cargo só por ocupar), acho que ele resolveu atender alguns. Pedi, principalmente, tranquilidade e alunos interessantes (não que eu não os tenha tido, mas sempre se corre o risco de fome-zero, por isso, não custa nada reforçar).
Amanhã o nosso quarto encontro e um texto para ser lido. Até lá, expectativa.

Fernando Pessoa

Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.
Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.
Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.
Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso
.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.
"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura."

segunda-feira, 8 de março de 2010

8 de maio (texto)

Minha mãe foi uma lutadora: numa época em que se divorciar ainda era um tabu, ela escolheu enfrentar este problema a viver um casamento que não tinha futuro. Depois disso, recomeçou a própria vida.
Um tempo na casa dos pais, trabalho durante o dia e estudos à noite. Eu já era nascido e ficava com os meus avós (e tios) para que ela pudesse investir no nosso futuro.
Um pouco mais tarde, fomos morar com a minha bisavó (Carolina). Apenas nós três. Eu estudava e ficava uma parte do dia com a bisa porque ela continuava trabalhando muito e longe de casa.

Era um tempo feliz! Finais de semana eram divertidos. Ela  era muito bem humorada, engraçada. Contava-me sempre as mesmas histórias (quase sempre de família) de uma maneira tão divertida que eu pedia bis.
Quando eu era adolescente (agora apenas nós dois), ela voltou às salas de aula. Aí, trabalhava durante todo o dia e ainda estudava à noite. Foram 4 anos de encontros apenas em poucos momentos (ela saia e eu estava domindo e quando voltava eu já não estava acordado). Eu sabia que era um investimento em sua profissão e que aquele esforço se transformaria em mais oportunidades, em um melhor emprego e salário. 
Lembro-me da minha mãe sempre com o mesmo vestido. A nossa vida não era fácil. Casa alugada, nenhum luxo, automóvel era coisa de televisão, nem presentes no natal, mas tínhamos o humor. Acho que isso foi a melhor herança que recebi.
Nesse período ela não estava muito presente, é verdade, mas fui educado para compreender a situação. Nesse tempo tb apareceu o meu padrasto. E a vida melhorou um pouco.
Ela era mais um exemplo do que uma educadora em casa. Pouco me dizia o que fazer. Acho que apanhei apenas uma vez (ainda que eu meceresse mais). Ela era uma pessoa tão calma, uma voz tranquila, tinha um respeito pelos meus amigos (fossem eles quem fossem).Era admirável!
Não me lembro de ouvi-la  gritar. Mesmo quando estava brava era educada. Nossa relação era mesmo de respeito, éramos amigos. Tenho muito orgulho dela. Nos últimos tempo pude dizer isso não apenas com o coração. E me sinto muito feliz por ter tido a oportunidade de ter sido seu filho.

domingo, 7 de março de 2010

História do Dia da Mulher (texto)

No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Objetivo da Data
Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Conquistas das Mulheres Brasileiras

Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.

Marcos das Conquistas das Mulheres na História
1788 - o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres.
1840 - Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos.
1859 - surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.
1862 - durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia.
1865 - na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.
1866 - No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas
1869 - é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres
1870 - Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina.
1874 - criada no Japão a primeira escola normal para moças
1878 - criada na Rússia uma Universidade Feminina
1901 - o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres

sábado, 6 de março de 2010

Um recado para uma amiga (texo)

Primeiro dizer que não estou me colocando num lugar que sei não poder ocupar, o da experiência de vida. Além disso, sei tb que ela (a amiga) não me pediu nenhuma opinião. E ainda que, se conselho fosse bom ... (o que todo mundo sabe). No entanto, ainda que eu saiba de tudo aquilo, sei tb que não quero que meus amigos sofram mais do que é preciso.
Aprendi que o tempo cura quase tudo. E que é importante ter paciência porque feridas cicatrizam. Às vezes elas doem (mesmo com o tempo que passou), mas aí é sinal de chuva, de mudança do tempo.
Não mandamos no nosso coração, como é que podemos mandar no coração dos outros? Não podemos! Talvez a questão nem seja essa, mas a mágoa por acreditar tanto em alguém a ponto de achar que esse alguém jamais faria alguma coisa que nos ofendesse. Mas o outro é o outro e não sabemos o que se passa por sua cabeça. Seus motivos etc e tal.
Sabemos, um pouco de nós mesmos, e talvez, isso baste, por hora. Quem sabe o momento não seja o de se recolher, mesmo. Escolher, racionalmente, um sofrimento (diante de tantos que te abalam). Sei que vc conhece uma maneira de viver, mas e a desconhecida? Essa que vc ainda não viveu e está receosa? O novo? Quem sabe se vc se escolher agora não vai fazer uma grande diferença? Não vai fazer alguma diferença, pelo menos?
Pode ser que tudo isso aqui (escrito) não valha nada, seja o vazio no vazio. Eu tb não tenho certeza, mas diante do que se tem, o conhecido que te faz sofrer, e o desconhecido que vc ainda não sabe o que te traz, vc tenha uma opção.
Torço por vc, porque te conheço e seu do seu caráter. Sei do tamanho do teu coração. Sei o que vc é capaz de fazer pelo desconhecido. Sei da sua fé. Da sua honestidade. Por isso queria muito poder ajudar. Um abraço bem apertado.

PIB e FIB (texto)

Fui na quinta-feira a um templo Kardecista. Fazia tempo que eu queria conhecê-lo. A mãe  (Neida) de um grande amigo (Marcelo) é uma das coordenadoras do lugar. Combinei com uma amiga e fomos. O lugar é lindo: ao redor do salão principal tem um imenso jardim com muitas flores. O cheiro delas se espalha por todos os cantos. Fomos muito bem recebidos. Não estava cheio (e isto é algum sinal). Prefiro desse jeito (acredito que a coordenação, não).
Ouvimos a coordenadora do dia (por acaso a própria Neida) falar sobre o PIB (isso mesmo! Produto Interno Bruto) e o FIB (Felicidade Interna Bruta), a partir de um texto que lhe foi enviado por uma amiga. E este a partir de uma leitura (que por acaso tb fiz) de um texto publicado na revista da GOL. A palestra girou em torno, justamente, de como se mede a riqueza de um país e, segundo o texto primitivo, o parâmetro poderia (ou deveria) ser outro.
A felicidade de um povo não se mede com os dados do PIB. Talvez possa ser medida a partir do que fazemos com a nossa própria vida. É claro que sei que tb falamos desse lugar burguês_classe_média _meio _falida no qual o conceito de felicidade está atrelado ao de acumular coisas. Nem sei se poderíamos falar de outro (se seria possível hoje em dia), contudo, posso dizer que ouvi-la foi bom, justamente porque parei para pensar um pouco sobre a vida que eu estava levando até o ano passado (mais infeliz) e que resolvi mudar, na medida do possível, alguns poucos e possíveis parâmetros.
Nenhum deles tem a ver com acumular coisas, mas com o desprendimento. E está sendo bem fácil (pelo menos até agora). Ando me sentindo melhor, mesmo!

quinta-feira, 4 de março de 2010

A "evolução" dos costumes (texto)

Os Sonhos eróticos eram considerados pela Igreja quase como alucinaçoes. No século XIX, foram usados por psiquiatras como chave para o diagnóstico de outros comportamentos sexuais tidos como patologia.

A Homossexualidade era prática normal na Roma e Grécia antigas (tinha tb outra conotação). Tornou-se pecado com a expansão do cristianismo. No século XIX, foi definida como patologia por médicos, até virar uma variante de comportamento normal nos anos 1970. Aqui no Brasil, somente em 1985 perdeu o estatus de doença.

A Masturbação era ritualística na Grécia, mas São Tomás de Aquino a classificou como um pecado pior do que fazer sexo com a mãe. Foi considerada "patologia grave" até os anos de 1950.

O orgasmo feminino era considerado pelos Gregos vital para a "libertação da semente" da procriação. No século XIX, médicos diziam que o prazer feminino poderia levar à loucura (sem ambiguidade, é claro).

O Sexo oral e anal eram modalidades aceitas em diversas culturas, mas tb foram transformadas em pecado na Idade Média. A partir do século XIX, se tornaram manifestações patológicas e de normalidade.

A palavra Heterossexualismo, até o século XIX, era usada para definir aqueles que queriam fazer sexo por prazer, não para a procriação. O comportamento da busca do sexo pelo prazer era considerado uma doença.

Era complicado essa história de sexo e rock'n'rollNão que as coisas estejam muito melhores. Todos sabemos que o cristianismo continua produzindo esses sentidos de doença e pecado quando o assunto é sexo e prazer. Mas foi pior e se já foi pior, significa dizer que estamos no caminho. Ele, o caminho, é longo e espinhoso, sobretudo se diz respeito às práticas sexuais, mas pelo menos temos resistências ao hegemônico.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...