sábado, 26 de junho de 2010

Nota da ABGLT sobre o assassinato de Alexandre Ivo Rajão

Alexandre Ivo Rajão, 14 anos, foi assassinado na segunda-feira, 23/06, em São Gonçalo-RJ. Ele foi torturado com crueldade. O adolescente era ligado ao Grupo LGBT Atitude e voluntário da Parada LGBT de São Gonçalo. No laudo consta que ele foi morto por:
1- asfixia mecânica;
2- enforcado com sua própria camisa;
3- com graves lesões no crânio, provavelmente causadas por agressões com pedras, pedaços de madeira e ferro.
 
Alexandre voltava para casa às 2h30, quando foi brutalmente assassinado. Seu corpo foi deixado num terreno baldio.
O delegado Geraldo Assed, da 72ª DP (Mutuá), suspeita que o crime tenha sido praticado por skinheads e motivado por intolerância à orientação sexual. Três suspeitos foram detidos.
Este é um dos casos mais chocantes de violência homofóbica dos últimos tempos. A ABGLT conclama as autoridades competentes para que tomem todas as medidas cabíveis, que a justiça seja feita e os culpados punidos exemplarmente. Não podemos tolerar mais um caso de impunidade.
Segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), 198 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais foram assassinados no Brasil apenas no ano de 2009, seguindo uma tendência anual crescente, e representando uma média de 1 assassinato a cada 2 dias. Sem dúvida, estes dados são subnotificados, uma vez que dependem de informações obtidas através do monitoramento dos meios de comunicação, e não existe o registro oficial (governamental) de estatísticas sobre a violência homofóbica.
A ABGLT reitera seu pedido, já formalizado duas vezes, de que o Ministério da Justiça implemente as políticas públicas previstas no Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, em especial as que dizem respeito à repressão da violência homofóbica.
A ABGLT pede que sejam feitos pronunciamentos sobre o caso na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e que este seja um dos casos a serem expostos na Audiência Pública sobre Assassinatos de Homossexuais, a ser realizado no final deste ano pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, com requerimento já aprovado, proposto pela deputada Iriny Lopes e pelo deputado Iran Barbosa.
A ABGLT exige que seja aprovado o Projeto de Lei da Câmara nº 122/2006, que entre diversas formas de discriminação, proíbe e pune a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.
Até quando parte do Congresso Nacional vai ser conivente com a prática da homofobia? Quantas pessoas LGBT ainda vão ter que sofrer discriminação e até ser mortas para que o Congresso Nacional cumpra seu papel de legislar para o bem de todos os segmentos da população?
Corroborando a fala da dona Angélica, mãe de Alexandre Ivo, "... a gente tem que ser livre... , as pessoas têm que ter o direito de ir e vir, não interessa se você gosta de vermelho, eu gosto de laranja e ele gosta de branco", queremos uma sociedade que respeite a todos e todas, sem violência.

ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais


Veja a reportagem no RJTV.

Se o homem entendesse (texto)

E se juntássemos todas as nossas forças num movimento na direção do social? Se pensássemos todos juntos numa outra possibilidade para o Planeta? Se acordássemos com uma ideia fixa de ajuda? Se descobríssemos que o outro é parte da gente? Se fôssemos mais solidários? Se nos emocionássemos, mas se tb agíssemos? Se fôssemos mais honestos? Se não quiséssemos juntar riquezas, mas compartilhá-las? Se, se, se, se o homem entendesse um pouco mais.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A incompletudo que nos preenche (texto)

Um comentário recente me fez pensar muito a respeito das conquistas do coração: "Tudo que o Homem consegue dominar ele destrói" (Luciano Lopes* do Geração Coca-cola).
Fiquei tocado com esse comentário, justamente porque vesti a carapuça (coube certinho na minha cabeça). Não que eu nunca tivesse me dado conta disso. É claro que sim. Li muito, ainda na adolescência, O Homem e suas Viagens de Drummond e lá essa ideia está bem posta e clara. Mas o interessante foi a forma como esse comentário me bateu: sou um cara que gosta de ouvir (talvez mais do que falar. Sou um observador (nunca seria um ligador)) e ouço sempre as mesmas histórias sobre relacionamentos (tanto dos que têm um quanto dos que gostariam de ter).
O substantivo que melhor adjetivaria as relações é Insatisfação. Não conheço ninguém que esteve/está satisfeito com a sua situação (seja ela qual for). Sempre se tem pouco e se quer mais. Sempre! Sempre se quer aquele(a) que não se tem. E só se quer se não o tem. É uma questão de tempo: a ponte vai ruir.
O homem é um conquistador nato: caçador por natureza. Descobridor de todos os mares (os nunca antes navegados, inclusive). Um desbravador. Do tipo que torna a dor menos brava enquanto não atinge o alvo. O trocadilho ficou feio!
A paixão é mesmo fugaz. Não dura. É perecível. E, definitivamente, não estamos dispostos (seja lá o que isso signifique). Nem os opostos se atraem nem os iguais querem estar juntos. Incrível! Parece que estou determinista demais, né? Um exemplo apenas se alguém conhece outra história, por favor.
Há sempre um lado cedendo para que haja equilíbrio (eu escrevi equilíbrio?!). A balança pende para um lado, quase sempre. E dessa forma, apenas, existe a possibilidade de uma relação. Do tipo, Sou infeliz, mas tenho um marido.
E aí, continuo conjecturando, quem sabe não seja exatamente assim  uma relação: o desequilíbrio, a insatisfação, a (im)possibilidade da conquista, do domínio. Quem sabe não seja a incompletude que nos preencha?

* o blog é bem interessante, vale à pena dar uma olhada, postar um comentário, segui-lo. O autor é um menino (pela fotografia) mas a idade diz pouco, ou muito pouco, sobre sensibilidade.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um músculo involuntário (texto)

Como seria bom se a gente mandasse no nosso coração, não é? Se ele respeitasse tudo aquilo que a gente está careca (uns mais outros menos) de saber  sobre o amor. Mas não, ele é um músculo involuntário e bate assim sem o nosso consentimento, sem a menor cerimônia, sem vergonha nenhuma de um descompasso.
Um desrespeito total ao bom senso. Ao bom funcionamento dos nossos dias. Ao mínimo necessário para aquela tranquilidade,  sabor de fruta mordida.

terça-feira, 22 de junho de 2010

O relógio que marca_mata_acrescenta (texto)

É claro que viver não é fácil! Nem simples. Nem logo ali. Viver, já dizia o poeta, não é preciso. Ou ainda, como dizia Clarice, Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Por tudo isso e muito mais, não quero me acostumar com o que me faz sofrer. Não quero precisar de alguém pra ser feliz. Não preciso da aceitação do outro para ser quem eu acho que sou.
Não me basto, é verdade. Mas não preciso sofrer porque alguém não me quer. Não devo me entristecer porque o outro não faz aquilo que deveria fazer. Todos nós temos um limite.
No máximo, mando (e olhe lá) na minha vida.
Não estou a disposição de ninguém. Não quero um telefone tocando para que eu possa sair para jantar. Preciso apenas de uma noite estrelada.
A tarde azul me faz feliz. A árvore colorida me alegra. O silêncio me inspira. Viver não é fácil nem simples, como alguns gostam de afirmar. Viver é assustador! É a cada dia, mais um pouco.
Mas o que é a vida senão essa incerteza? O relógio que mata/acrescenta mais um segundo.

domingo, 20 de junho de 2010

O tempo que tudo devora (texto)

Os livros estão se acumulando sobre a minha escrivaninha, sobre o criado mudo, sobre as prateleiras das estantes, tomam conta do sofá no meu escritório, estão espalhados pela sala, empilhados em forma de colunas na beirada das janelas da minha casa. E não há esperança de que eu consiga dar conta deles. Por hora, apenas consigo desempoeirá-los ou ajeitá-los de forma que fiquem emparelhados.
Leituras imprescindíveis e não consigo realizá-las. Informações essenciais para as aulas e escritas e não consigo fazê-las. Tenho apenas a sensação de que o tempo não para, de que ele devora tudo, inclusive a mim.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...