sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Da série Poemas de Dezembro

Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Texto extraído do Jornal do Brasil, Dezembro/1997.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Poemas de Dezembro (Drummond)

Procuro uma alegria
uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
- flor do cotidiano -
é voo de um pássaro
é uma canção.
(Dezembro de 1968)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Dias em que a porca torce o rabo! (texto)

Período pós-vestibular não é dos melhores para muitos lados.  Mais trabalho  a cada 5min. Pelo menos agora encaro como parte do trabalho. Eles chegam e eles vão.

domingo, 28 de novembro de 2010

Cláudia Wonder (texto)

A primeira vez que ouvi falar de Cláudia Wonder foi em 1986 numa coluna do escritor Caio Fernando Abreu no Estadão. Ele publicou em sua coluna no jornal o artigo “Meu amigo Claudia”, no qual rendeu uma afetuosa homenagem àquela que no palco e na vida era bem assim: uma maravilha, um espanto.
Depois dessa coluna, sempre ouvi histórias sobre a Cláudia. Ela era irreverente acima de qualquer coisa. Não era óbvia, a começar pela escolha do nome. Ela era Marco Antonio Abrão, mas virou Wonder
Se esperavam dela o amor pelos musicais à Judy Garland, ela apresentava Lou Reed com sua banda Jardins das Delícias. Se a queriam fazendo lipsinck na boate, ela preferia integrar a trupe do lendário diretor de teatro Zé Celso na peça O Homem e o Cavalo. Se a queriam alienada e fútil, ela se mostrava politizada, a favor da democracia no fim da ditatura e ativista dos direitos civis para gays, lésbicas e trans.
Claudia começou sua carreira artística fazendo shows em boates e no teatro. Com participação em mais de dez montagens (algumas delas com o Teatro Oficina), 13 filmes – entre eles, Carandiru – um álbum solo FunkyDiscoFashion (2007), gravado com Edson Cordeiro, além do livro Olhares de Claudia Wonder – Crônicas e Outras Histórias (2008).
Marcou época no lendário clube paulistano Madame Satã, e toda sua irreverência ficou conhecida na noite underground paulistana da década de 80. Entre as concorridas performances apresentadas no “Satã”, não há como esquecer o banho de Claudia, numa banheira de groselha, de onde “espirravam” atitudes e protestos. Tanta ousadia conquistou não só Caio F., como Cazuza, Zé Celso e tantos outros amigos – famosos e não famosos – que se tornaram fãs da artista. “Ela tinha uma voz tênue, rouca, uma roqueira quase sem voz. Mas ela tem a voz e a voz da alma dela é fortíssima”, disse o diretor Zé Celso no documentário de Dácio Pinheiro.
Claudia deixa não só uma herança cultural formidável, mas, sobretudo exemplo de dignidade como bem registrou Caio Fernando Abreu. E esse tipo de herança não se perde. “Esbarraremos” com Claudia pelas esquinas de São Paulo – e em tantas outras por aí – cada vez que a arte prevalecer e a intolerância sucumbir. Disse Zé Celso: “Claudia Wonder não foi, Claudia Wonder é a história dessa cidade ainda”. Divas não morrem.

Amanhã é segunda-feira. Não acredito! (texto)

Cheguei no sábado às 12h45 em Foz do Iguaçu. Podre, depois de 8h de viagem e nada de sono. Meu voo saiu às 3h10 de Natal. Uma parada estratégica no Rio para uma conexão. 
Assim que cheguei em casa, depois de um banho e nada de poder dormir, fui à universidade. Detalhe, minha última refeição foi o jantar de sábado. 
Preparamos o campus para o vestibular. Trabalhamos até às 18h. Dormi até às 5h de domingo e voltei para o batente. Trabalhamos até às 14h. Pedi comida, finalmente, e desmaiei. Ainda estou cansado, as pernas doem.
E sem acreditar me lembro que amanhã é segunda e tudo recomeça sem trégua.
De qualquer forma, ainda que eu esteja cansado, a viagem foi muito boa. A-do-rei Natal. Gostei demais da comida. Das pessoas e do congresso.
A ABEH vai crescer muito, principalmente se depender da sua coordenação e dos associados. Há muito o que se pensar, escrever, publicar, discutir. O próximo encontro será em Salvador em dois anos. Estarei por lá, espero!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

De um verde impressionante (texto)

Como eu disse, estou em Natal, RN. Ontem fiz um tour pela cidade com um amigo. Natal é uma cidade linda! O Centro é muito parecido com Santa Teresa, bairro do Rio. Além de belas construções (as semelhanças acabam aqui), as ruas são amplas, limpas, as praias são de um verde impressionante. E é claro que isso não é tudo. Estou sendo muito bem tratado por aqui, já fiz amigos. E faria muito mais se estivesse, por exemplo, uns 3 anos na cidade (rs).
Tem alguma coisa no tempero ou no leite que os nordestinos tomam para que eles sejam tão agradáveis, educados, bem-humorados. Há uma simplicidade no trato que chama atenção de qualquer sulista (tô me considerendo um). É claro que quero morar em Natal! É o meu termômetro. Se quero morar na cidade é porque gostei muito dela. Este ano teria me mudado para BH, Florianópolis, Maringá, pelo menos.
A cidade é enorme. O céu sempre azul. Dizem que são 300 dias de sol no ano. Não duvido. O calor não é aquele insuportável do Rio de Janeiro. Venta o dia inteiro. Não vi nada parecido com Natal em outra cidade do Nordeste (Ne). Salvador, por exemplo, é uma metrópolis, aqui é mais rústico ainda que tb seja uma capital.
O trânsito não é caótico. Hoje fui à universidade de moto (aluguei uma). Quase não consigo voltar a Ponta Negra. Meu GPS nunca funciona, por outro lado aprendi que quem tem boca vai à lona.
Agora estou no terraço da pousado, de frente pro mar. É uma imensidão verde (agora quase escuro). Anoitece cedo por aqui. Amanhece tb cedo.
Bom demais poder estar por aqui e aproveitar a viagem.

Solidão na velhice...

A solidão na velhice é uma experiência profundamente marcada pela complexidade da existência humana. Com o passar dos anos, os vínculos soci...